Somente no país onde
se acredita piamente na competência administrativa do governo, poderia confiar
na pose de gênio dos negócios comandados pelo dono das empresas do X, que foram
abundantemente beneficiadas com suntuosos financiamentos do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES, graças à afinadíssima amizade dele
com o então presidente da República, que facilitou o caminho rumo aos financiamentos
públicos destinados aos empreendimentos do então homem mais rico do país. Agora,
a farsa foi desvendada com o
desmoronamento do império imaginário do empresário do X, que sucumbiu ante o
peso de gigantesca dívida sem a devida garantia, cujo montante é avaliado supera
os US$ 5 bilhões. O “Pedido de recuperação judicial” formulado pela petroleira
OGX traduz a forma elegante e inconfundível do calote dado por gente de fino
trato, como sempre ele foi distinguido nos palácios. A fragilidade financeira
das empresas do X põe fim à tapeação, à enganação, aos seus acionistas, que
acreditaram nas propagandas infundadas sobre a existência de petróleo nas
reservas anunciadas e avalizadas pelos órgãos governamentais. O candidato a
empresário mais rico do mundo faliu e forma melancólica, após ter
erigido o império imaginário no país que alguém, de ideia “fértil” entende ter criado
o “Brasil Maravilha”. Ambos se consideram o máximo no que fazem, embora seus
empreendimentos sejam verdadeiros fracassos, que somente existem nas mentes dos
incautos, que resistem em vislumbrar a realidade dos fatos e não a versão
manipulada dos aproveitadores. O certo é que as pessoas têm facilidade em
acreditar nas proezas inexistentes e nas realizações que nunca foram
implementadas de verdade. Agora, resta saber o destino dos R$ 12 bilhões emprestados
pelo BNDES às empresas X e quem vai assumir a dívida? É inadmissível que o
governo conceda fabulosa fortuna como empréstimo sem ter a garantia do seu
pagamento, em caso de falimento da devedora, dando a entender que é normal que
recursos públicos possam ser jogados pelo ralo, sem que ninguém seja
responsabilizado. No caso, não há dúvida de que cabe responsabilizar a
diretoria do banco do povo, pela liberação de vultosas verbas que jamais
retornarão aos cofres públicos. A falência do empresário do X e das suas
empresas, sacramentada com o pedido de recuperação judicial, teria deixado a
presidente da República envergonhada, segundo foi publicado pelo jornal
britânico "Financial Times", sentenciando que “Deve haver momentos na carreira de todo político que os faz ter
calafrios ao relembrá-los. Para a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, um deles
deve ser o dia de abril do ano passado quando ajudou o falido empreendedor Eike Batista a comemorar o
‘primeiro óleo’ do que hoje são seus falidos campos na costa do Rio de Janeiro”.
Na época, o empresário tinha a fama de ser o homem mais rico do Brasil, por
amealhar fortuna estimada em mais de US$ 30 bilhões, investidos em empresas de
petróleo, mineração, energia e logística. “Era
o auge do relacionamento entre Batista e o governo”, diz o jornal.
Trata-se, sem dúvida, do empresário xodó da presidente, que o aplaudia
calorosamente nos seus encontros de trabalho e o colocava sobre as nuvens, por
suas mirabolantes façanhas, que foram capazes de abrir os cofres do governo
para financiar projetos destituídos de solidez econômica. O aludido jornal faz
questão de lembrar “que em muitas
maneiras era o empresário ‘de estimação’ do governo petista, cuja queda levanta dúvidas sobre a direção
política futura”. A quebradeira dos negócios do empresário em questão não
envergonha somente a presidente da República - se é que realmente ela teve esse
sentimento -, mas as pessoas que acreditaram cegamente que os empreendimentos do
“bilionário” estavam edificados sobre pilares sólidos, diferentemente da
constatação da sua real estrutura sem consistência alguma, cujos aparentes
castelos de cartas representavam fragilidades econômicas que o governo tinha
obrigação de conhecer em profundidade, em razão da concessão de montanhas de
recursos públicos, praticamente a fundo perdido, com vistas a evitar tamanha
tragédia. A
decadência vertiginosa do homem que já foi considerado o mais rico do país é o
retrato da administração deste país, que repassou para empresas dele estrondosas
quantidades de dinheiros públicos, sem ter a certificação sobre a garantia do
retorno dos investimentos. Há dúvida se a concessão desses bilhões de reais passou
pelo “severo” crivo da aproximação do empresário com governo, que pode ter sido
capaz até mesmo de dispensar a comprovação da solidez patrimonial que se exige
nos financiamentos privados, ou seja, é possível que se trate do maior calote da
história aos cofres públicos, por pura negligência e inobservância das
exigências legais aplicáveis à espécie. A sociedade tem o dever cívico de
repudiar, com veemência, a forma desleixada como recursos públicos foram
jogados pelos condutos das empresas X e exigir a responsabilização dos
administradores públicos que deram causa à facilitação dos empréstimos em
apreço, como forma de reparação dos danos causados ao Tesouro Nacional e de
prevenção contra futuros casos semelhantes. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 16 de dezembro de 2013
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