O povo nordestino
está enfrentando trágica seca, que já é considerada a pior dos últimos 50 anos,
tem por causa a longa estiagem de mais de um ano e abrange vastas regiões
nordestinas. Em consequência, o povo passa por verdadeiro sufoco com o colapso do
abastecimento d’água, que tem sido de extrema escassez nas localidades mais
afetadas e castigadas pela sequidão, a ponto de constituir estado de calamidade
pública, inclusive provocando a dizimação dos rebanhos dos animais de criação. A falta de água mudou a rotina de milhares de
famílias carentes do Sertão, que passaram a utilizar parte dos minguados benefícios
do Bolsa Família para comprar água, fato que contribui para aumentar ainda mais
as dificuldades com relação à aquisição dos gêneros alimentícios de outras
necessidades. Alguns estados já decretaram situação de emergência por causa da
seca, ante as dificuldades e a falta de condições de abastecimento de água. A
gravidade da situação já foi capaz de provocar o desespero das pessoas, a morte
de animais de criação e a destruição de lavouras, enquanto os moradores estão travando
terrível e inglória luta diária pela própria sobrevivência, em busca de água
potável e de alimentos. A situação da falta de água é periclitante, conforme
disse uma cidadã que "Essa água
verde que eu pego é fedida e não presta pra beber. Mesmo assim, é com ela que
eu cozinho, dou banho nos meninos e preparo a nossa comida". Outra
senhora disse que "Não sei mais o
que é tomar um banho decente. Há dois anos, só tomo banho de cuia.". A
pouca água ainda existente nos poços e barragens é barrenta e tem mau cheiro,
não sendo recomendável para o consumo humano. Porém, quem se arriscara a
bebê-la, poderá adoecer, em especial as pessoas de maior fragilidade orgânica,
como crianças e idosos, que podem ser acometidos de diarreia e até
desidratação. O colapso no abastecimento de água forçou uma prefeitura a criar
o "cartão vale água", para garantir a entrega de 120 litros de água
potável por semana para cada residência. Porém, essa inovação emergencial,
embora demonstre eficiência, em termos democráticos na distribuição de água, vem
causando terrível dor de cabeça para as autoridades municipais, diante do fato
de que o controlador da distribuição de água ter sido ameaçado de ser surrado,
em face da insatisfação gerada entre a população. Por sua vez, o coordenador do
programa de abastecimento no Rio Grande do Norte garantiu que "Toda a água que o Exército fornece é potável,
vem da própria Caern e é apropriada para o consumo. Nas cidades em que a Caern
não tem de onde tirar água, são os municípios que indicam os mananciais. A cada
30 dias, as prefeituras precisam nos enviar relatórios de análise da qualidade
da água". Um oficial do Exército, a par de salientar que a água
oferecida à população também é apropriada para o consumo humano, disse que tem
recurso para garantir o fornecimento até o fim de janeiro próximo, mas já foi
solicitado reforço financeiro ao governo federal para que o abastecimento não
sofra solução de continuidade. De certa forma, as dificuldades no abastecimento
de água são resultantes também do deficiente funcionamento dos programas que
combatem a seca com caminhões-pipa, que são encarregados pela distribuição de
água, totalizando 6 mil pipeiros, ante a falta de regularidade da sua presença
e a má qualidade da água servida, quase contaminada com fezes e bactérias,
prejudiciais à saúde das pessoas. Diante dos bilhões de reais já gastos somente
com os pipeiros, muitos dos quais jogados pelos ralos do desperdício, e da
experiência haurida por tanto tempo de secas reiteradas, já era mais do que
suficiente para as autoridades públicas se conscientizarem de que a falta de
água não se combate com medidas paliativas, apoiadas na comprovada ineficiente contratação
de carros-pipa, que já demonstraram o emprego do esquema mafioso e maléfico de
tapear a ingenuidade do sertanejo, mediante a corrupção reinante nessa forma de
prestação de serviços, com a intempestiva entrega da água contaminada com fezes
e bactérias, devido à sujeira impregnada nos tanques infectocontagiosos. A
sociedade anseia por que as políticas públicas de combate à falta d’água no
nordeste sejam implementadas, com a indispensável urgência, por meio de medidas
de maior efetividade, sem que a população seja obrigada a continuar com o eterno
sofrimento de se humilhar em busca do precioso líquido. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR
FERNANDES
Brasília, em 06 de
dezembro de 2013
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