quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Violação ao principio da racionalidade

 
 
 
Segundo notícia veiculada pela imprensa, a posse do presidente estadual do PT no Rio de Janeiro se transformou em ato de desagravo aos petistas presos no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília/DF. Na ocasião, os mensaleiros condenados pelo Supremo Tribunal Federal foram chamados de "heróis" e saudados com palmas e palavras de ordem contra essa Corte. O presidente estadual do PT disse que "Atacar José Dirceu, Delúbio Soares e José Genoino é atacar a nós e aos 40 milhões de brasileiros que saíram da pobreza". Já uma deputada petista pediu salva de palmas e orações pelos condenados, dizendo que "Os nossos companheiros só poderão suportar a prisão se tiverem a nossa solidariedade. Graças a Deus eles não conseguiram algemar nossos companheiros e botá-los no camburão". A mesma parlamentar aproveitou para atacar a "mídia burguesa e de direita" e afirmar que “Genoino está morrendo na cadeia. Nós não estamos lidando com a Justiça. Estamos lidando com a injustiça.". O presidente da Central Única dos Trabalhadores – CUT ressaltou que "Nós temos em Brasília companheiros heróis que estão atrás das grades. Temos a obrigação de defendê-los". Não há dúvida de que se trata de verdadeira idolatria de pessoas que não conseguem enxergar a realidade dos fatos, porque a adoração aos ídolos se tornou paixão extremamente excessiva. Infelizmente, a idolatria tem muito a ver com a consciência e a formação do povo, que pode ser facilmente instruído por mecanismo de manobra capaz de plasmar ideologia amoldada aos interesses e às conveniências, inclusive da dominação, como no caso que impera atualmente no país, em que o ideário programático da agremiação se volta primacialmente para a perenidade no poder e a onipotência dos líderes. Para tanto, não é novidade que criminosos que cometeram fraude contra a administração pública sejam saudados e aplaudidos como verdadeiros heróis, em completa inversão dos valores humanos e morais e do sentimento de honestidade e de moralidade que se exigem no gerenciamento dos recursos públicos. No sistema socialista, não é novidade que os heróis sejam justamente aqueles que conseguem a conscientização da massa despreparada e menos instruída, por ser facilmente manipulada e iludida por meio de benesses e assistencialismos com recursos públicos e por outras migalhas em troca de massivo apoio, independentemente se isso possa traduzir na ruína e na ineficiência da administração do país, a exemplo do que ocorre na atualidade, onde a sociedade consciente da realidade clama por eficiência e moralização da administração pública, com o fim da corrupção e a implantação de políticas públicas efetivamente destinadas à satisfação das necessidades básicas da população, consoante as manifestações de protestos ocorridas no mês de junho último. O certo é que a idolatria aos criminosos, às vezes nem claramente declarados como no caso dos mensaleiros, mas com tendências para tanto, sempre resultou em enormes prejuízos aos princípios democráticos e aos direitos humanos, conforme a historia mundial tem mostrado com fartos exemplos com fins desastrosos para os rumos da humanidade, que jamais conseguiu contorná-los, ante a sua perniciosa gravidade. É inacreditável que se ponha em dúvida a credibilidade da sapiência e dos notórios conhecimentos jurídico-constitucionais dos ministros do Supremo Tribunal Federal, que chancelaram os resultados laudatórios, com conclusões peremptórias sobre a culpabilidade dos integrantes do processo do mensalão, inclusive tendo sido propiciadas as mais diversas formas de defesas e de contraditórios, tudo nos termos e ditames constitucionais. Teria sido enorme brutalidade causada aos envolvidos se o julgamento pertinente não tivesse se revestido da mais justa sentença calcada nas provas dos autos. Desacreditar no resultado do mensalão teria o mesmo sentido de acreditar na ingenuidade dos envolvidos nas fraudes com recursos públicos para o pagamento de propina a parlamentares, como se nada tivesse acontecido, embora os fatos tenham sido concretizados e efetivados, devidamente comprovados nos autos e confirmados pelos beneficiários das propinas. Na modernidade, com os avanços dos conhecimentos, imaginava-se que a ingenuidade do ser humano tivesse limite e não pudesse ultrapassar o senso mínimo de razoabilidade quanto à realidade dos fatos, sob pena de se cair no absurdo do ridículo, como nesse caso dos mensaleiros. Afora isso, trata-se de caso de picardia à sensibilidade humana, por ferir o comezinho princípio da decência. Induvidosamente, esse estado de conscientização de considerar heróis pessoas condenadas à prisão por crimes de formação de quadrilha, corrupção passiva, lavagem de dinheiro etc., em razão de evidenciada lesão aos cofres públicos, somente põe à mostra a cristalina faculdade pela qual o partido que administra o país - tão importante como o Brasil - estabelece o julgamento sobre fatos irregulares com a capacidade tal de opinar quanto ao que eles significam perante aos princípios éticos e morais, segundo seja o seu senso de responsabilidade, honestidade, retidão e probidade, dando a entender, sem sombra de dúvida, o exato nível do seu real discernimento sobre as consequências dos atos danosos praticados por correligionários, que, ao contrário dos demais delinquentes, são aclamados e aplaudidos como verdadeiros heróis, como se eles tivessem contribuído com algo de extraordinária proeza em benefício do país e da sociedade. Na ótica das pessoas conscientizadas, os fatos pertinentes ao mensalão constituem página negra da história republicana, por terem manchados de forma indelével a dignidade do povo brasileiro e somente poderiam ser lembrados como exemplo a jamais ser seguido pelos homens públicos dignos e honestos. Em pleno século XXI, a sociedade não pode mais admitir que os cargos públicos eletivos possam ser ocupados por homens públicos com mentalidade e pensamento que ainda não se adaptaram aos princípios de civilidade e de modernidade e tenham dificuldade para discernir o que realmente significa corrupção, irregularidades com recursos públicos e incompetência na administração pública, ante o sentimento de promiscuidade que eles insistem em transmitir às pessoas de índole avessa à idolatria aos falsos heróis. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES 
Brasília, em 03 de dezembro de 2013
 
 
 

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