domingo, 29 de dezembro de 2013

A indignidade na segurança pública

Uma menina de 6 anos foi atingida na cabeça por uma bala perdida, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, região metropolitana do Rio de Janeiro. O estado de saúde dela é muito grave, de acordo com informações divulgadas pela Secretaria Estadual de Saúde. Segundo a Polícia Militar, policiais de Belford Roxo faziam patrulha pela Avenida Automóvel Club quando foram avisados pela população que criminosos se confrontaram e uma criança teria sido vítima de bala perdida. Na ocasião, a mãe da criança ouviu o barulho de tiros momentos antes de ela ter sido atingida, mas não houve condição para se evitar a tragédia. Constantemente, ocorrem situações semelhantes na Cidade Maravilhosa, cuja população é obrigada a se acostumar com a incompetência das autoridades públicas que têm a incumbência de protegê-la, mas não o faz. Quando, enfim, os homens públicos deste país vão se conscientizar sobre a necessidade de a vida das pessoas serem realmente protegidas, em razão da sua verdadeira importância como seres humanos, que têm pleno direito assegurado pela Constituição Federal de proteção e de viver condignamente com segurança patrocinada pelos órgãos instituídos exclusivamente com essa finalidade? Notícia como essa jamais poderia ser considerada como acidente ou fatalidade, porque já se tornou triste e lastimável realidade do dia a dia do povo carioca a ocorrência de fatos análogos. A todo instante uma pessoa é vítima de bala perdida, como se isso fosse situação de normalidade e de aceitação natural pela sociedade. Ao contrário, a população deve reagir, da forma mais contundente possível, para mostrar a indignação contra a indolência das autoridades públicas que apenas adotam as medidas paliativas em cada caso, em patética demonstração de incapacidade e de incompetência do Estado de agir no estrito cumprimento das normas constitucionais e legais, quanto à premente necessidade da adoção das providências da sua alçada de instituir mecanismos de segurança capazes de acabar ou limitar as ações dos narcotraficantes e da bandidagem, em especial no fortalecimento das medidas repressivas, com enfoque para a constituição de força-tarefa destinada ao desarmamento dos delinquentes e à repressão ao tráfico de drogas, que são as principais causas da insegurança e das brigas pelo controle dos pontos de venda dos narcóticos, cujo poderio já demonstrou que supera a capacidade repressora do Estado, que não consegue sequer acompanhar a evolução da força criminosa dos narcotraficantes. A maior gravidade resultante desse lamentável estado de insensibilidade das autoridades públicas reflete na parte fraca da população, que fica à mercê da impotência e da incapacidade do Estado, sendo obrigada a conviver com essa deprimente situação em que inocentes, especialmente crianças, em tenras idades de vida, são as principais vítimas exclusivamente em razão da falência do sistema de segurança de incumbência do Estado, que arrecada recursos suficientes para proteger a sociedade, mas é incapaz de corresponder com a devida eficiência a sua obrigação institucional. É intolerável que, em pleno século XXI, quando o homem conseguiu avanços formidáveis em todos os conhecimentos tecnológico e científico, capazes de levá-lo a outros planetas jamais imagináveis, a inteligência das autoridades públicas seja totalmente incapaz de perceber que a sociedade não pode mais conviver com essa bestialidade da crônica violência urbana, que assusta, agride e extermina, de maneira banal e inconsequente, a vida do ser humano. Urge que a sociedade se conscientize de que a gravidade da violência somente será solucionada se as autoridades públicas forem responsabilizadas sobre a indignidade de serem omissas quanto à adoção de efetivas medidas necessárias à solução da inadmissível falta de segurança pública, constitucionalmente da incumbência do Estado. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 28 de dezembro de 2013

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