Em reportagem publicada pela importante rede norte-americana CNN, a
cidade de Salvador, foi apresentada como a "capital dos assassinatos do Brasil". Na matéria, a capital baiana
figura como uma das sedes da Copa do Mundo de 2014, que tem muitos aspectos
culturais importantes, como bolinho de acarajé, capoeira e pontos turísticos,
como a praia da Barra etc., mas aponta a existência de enorme disseminação de armas
de fogo e de drogas, que constituem o que foi chamado de "lado negro"
da violência crescente na capital, em contraposição ao carnaval alegre e "barulhento".
A reportagem entrevistou moradores, que apontaram a falta de segurança, aliado ao
temor resultante de crimes ligados ao tráfico de drogas como os principais
problemas da cidade. Na avaliação do prefeito de Salvador, a criminalidade está
caindo devido às ações de combate adotadas pelo governo. Para o alcaide, a
criminalidade se concentra nas favelas, dando a entender que esse fato é de
somenos importância, por não atingir o centro urbano, onde há, basicamente,
toda movimentação do turismo. O prefeito garantiu que os problemas acontecem
onde os turistas não vão e que o balanço da realização da Copa no Brasil "terá um saldo positivo, pois irá permitir
que se enxergue um outro Brasil que não é visto normalmente". A
reportagem da CNN mostrou o que realmente acontece atualmente no país, que está
dominado pelas drogas e armas de fogo e o resultado é o alto índice de
homicídios e progressivo crescimento da violência, tudo acontecendo nas barbas
das autoridades, que convivem com esse lastimável estado de horrores, apenas
contemporizam e atenuam a sua gravidade, por entenderem que isso não deve afetar
a economia do turismo, como se a população envolvida, totalmente sem segurança,
não merecesse a proteção do Estado. A falta de efetivas
medidas contra a criminalidade evidencia a leniência das autoridades públicas
com a violência, por não haver a menor sensibilidade por parte delas para
exterminar essa terrível chaga social. O país que não se preocupa com o
conjunto da modernização e do aperfeiçoamento da legislação penal, da
institucionalização de penas duras e exemplares aos criminosos, da proteção e
preservação da vida humana, das melhorias das condições carcerárias e da
reestruturação do sistema de segurança pública, com disponibilização de maciços
investimentos nesse importante programa de Estado, está fadado a submeter seu
povo à eterna insegurança e intranquilidade, em demonstração de verdadeiro
estado de subdesenvolvimento e de atraso. A reportagem da CNN comete tremenda
injustiça ao eleger somente Salvador como a capital de assassinatos no Brasil,
porque todas as metrópoles bem merecem esse tão desonroso título. É muito
triste se perceber que órgão de imprensa estrangeiro destaca a preocupante
falta de civilidade do povo baiano, ao ser nomeado o mais violento do país,
enquanto as autoridades permanecem inertes, em absoluta passividade com a grave
situação, não movendo uma pena sequer para, pelo menos, amenizá-la e evitar que
o caos já instalado piore ainda mais e a tragédia se torne cada vez mais
incontrolável e prejudicial à sobrevivência humana. Nem precisa se esforçar
para se perceber que o país inteiro se afundou, há bastante tempo, no lamaçal
da criminalidade, da bandidagem e dos assassinos em série. A imprensa
estrangeira apenas reforça o trabalho feito diuturnamente pela mídia nacional,
ao mostrar o verdadeiro coas que impera no sistema de segurança pública. Em
muitos Estados, o policiamento finge que combate a criminalidade, enquanto o
Estado também finge que remunera os integrantes das forças policiais, cuja
penúria salarial e material de apoio contribui para a insegurança generalizada.
Por sua vez, as autoridades fingem não perceber nada, muito menos que a
violência tomou conta do país e os resultados são os piores possíveis para a
sua imagem no exterior. Urge que as autoridades públicas despertem da letargia
crônica e decidam solucionar a grave crise da segurança pública, de modo que
sejam adotadas efetivas e eficientes medidas de combate à violência e à
criminalidade, com competência e responsabilidade exigidas para o caso, tendo como
premissas ampla reformulação das estruturas arcaicas e ineficientes, atualização
da legislação anacrônica e conivente com a impunidade e maciços investimentos
na remuneração digna das forças policiais e no seu preparo, bem assim na
aquisição de equipamentos modernos e suficientes. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 28 de dezembro de 2013
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