quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Incoerência e leviandade


O PT, em raro momento de sensibilidade, conseguiu desarticular movimento de corrente interna do partido que queria aprovar mobilização nacional tendo por objetivo, pasmem, a anulação do julgamento do processo do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal, que já mandou para a prisão três dos maiores integrantes do partido, motivando terrível incômodo à ala do partido que entende que os figurões históricos do partido são imunes à censura, à recriminação ou à condenação, mesmo tendo cometidos os piores crimes, como os qualificados de formação de quadrilha, corrupção passiva, corrupção ativa, lavagem de dinheiro etc. A emenda destinada à efetivação dessa tresloucada medida foi derrotada sob o argumento de que isso seria usado pela oposição na campanha à reeleição da presidente da República e também nas campanhas estaduais do próximo ano, quando o desgaste ao partido poderia comprometer o desempenho dos candidatos petistas. Na verdade, a corrente majoritária do partido conseguiu impedir, em atendimento ao apelo do Palácio do Planalto, a aprovação de texto mais contundente e radical que visava à revisão criminal anulando o que foi classificado como "injusta sentença", como forma de endurecimento das ações para "desconstruir" o julgamento da ação penal do mensalão. Ao final, foi aprovada resolução garantindo apoio do partido às iniciativas e ações à militância petista que solicitem "reparação" aos filiados que foram condenados no mensalão, com base no entendimento de que houve "injustiças e ilegalidades" na análise da ação penal contra os petistas, em especial aos caciques do partido. Segundo o texto aprovado, o PT "Resolve apoiar todas as iniciativas e ações da militância petista, dos movimentos sociais, de personalidades e da sociedade civil em favor da reparação das injustiças e ilegalidades cometidas contra os companheiros condenados no julgamento da Ação Penal 470". Como não poderia passar em brancas neves, a resolução também faz acusação à imprensa e à oposição de terem tentado promover "linchamento moral" para "criminalizar" o PT e influenciar a disputa eleitoral. São claras as tentativas desesperadas de inconformismo do PT de defender os criminosos condenados pelo Supremo Tribunal Federal, como se os fatos horrorosos jamais tivessem acontecidos, mas tudo isso não passa de pantomima com a finalidade de contar as mentiras por milhares de vezes para que elas, um dia, acabem se transformando em verdade, pelo menos para os incautos, que não conseguem ouvir a verdadeira versão sobre os fatos verídicos sempre negados pelos seus legítimos protagonistas. Estranha-se que a oposição ao governo não se encarregue de mostrar os fatos irregulares ao povo, inclusive apontando o que realmente aconteceu nesse imbróglio do mensalão, deixando à mostra os danos causados ao patrimônio público. O PT se conteve basicamente em harmonia com o seu pensamento em defesa da criminalidade de filiados, em demonstração de coerência ideológica de não admitir seus erros, em sempre negar com insistência o inegável, ante o entendimento da opinião pública. Não obstante, os fatos do mensalão são irrefutáveis e contundentes a revelarem mediante substância material, testemunhal, pericial etc. o robustecimento da convicção criminal da Polícia Federal, da Procuradoria Geral da República e do Supremo Tribunal Federal sobre a formação de quadrilha, o perfeito esquema delituoso e a eficiente operação para o desvio de recursos públicos para pagamento de propina a parlamentares. A altíssima sapiência e experiência dos ministros do Supremo jamais permitiria leviandade em condenar sem provas os envolvidos no processo em apreço, que foi considerado o mais patético caso de corrupção deste país, que somente integrantes das hostes petistas insistem em não aceitar a realidade dos fatos criminosos, qualificando-os de farsa e de injustiça processual, negando o veredicto de pelos menos oito ministros indicados e nomeados por seu governo, fato esse que é prova bastante suficiente para mostrar que não existe a mínima possibilidade de ter havido equívoco quanto às autorias das irregularidades, todas confirmadas mediante os elementos constantes dos autos. A negação dos delitos constitui retrocesso ao pleno direito de a sociedade interpretar livremente os fatos históricos do país, em inegável desserviço à consciência nacional e em especial ao fortalecimento dos princípios democráticos. A sociedade tem o dever cívico de rechaçar a “pseudoverdade” que somente o PT defende e diz acreditar, dando a entender que os brasileiros são um bando de imbecis e de ignorantes, que não têm condições de enxergar a realidade expressa na opinião majoritária e até absoluta dos ilustrados e experientes integrantes da Suprema Corte de Justiça do país, que não tiveram a menor dúvida em sentenciar os réus do mensalão, pela incontestável caracterização das suas culpas incursas em crimes contra o patrimônio público. Acorda, Brasil!
                                                                       

ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 

Brasília, em 25 de dezembro de 2013

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