O PT, em raro momento de sensibilidade,
conseguiu desarticular movimento de corrente interna do partido que queria
aprovar mobilização nacional tendo por objetivo, pasmem, a anulação do
julgamento do processo do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal, que já mandou
para a prisão três dos maiores integrantes do partido, motivando terrível
incômodo à ala do partido que entende que os figurões históricos do partido são
imunes à censura, à recriminação ou à condenação, mesmo tendo cometidos os
piores crimes, como os qualificados de formação de quadrilha, corrupção
passiva, corrupção ativa, lavagem de dinheiro etc. A emenda destinada à
efetivação dessa tresloucada medida foi derrotada sob o argumento de que isso
seria usado pela oposição na campanha à reeleição da presidente da República e
também nas campanhas estaduais do próximo ano, quando o desgaste ao partido
poderia comprometer o desempenho dos candidatos petistas. Na verdade, a corrente
majoritária do partido conseguiu impedir, em atendimento ao apelo do Palácio do
Planalto, a aprovação de texto mais contundente e radical que visava à revisão
criminal anulando o que foi classificado como "injusta sentença",
como forma de endurecimento das ações para "desconstruir" o
julgamento da ação penal do mensalão. Ao final, foi aprovada resolução garantindo
apoio do partido às iniciativas e ações à militância petista que solicitem
"reparação" aos filiados que foram condenados no mensalão, com base
no entendimento de que houve "injustiças e ilegalidades" na análise
da ação penal contra os petistas, em especial aos caciques do partido. Segundo
o texto aprovado, o PT "Resolve
apoiar todas as iniciativas e ações da militância petista, dos movimentos
sociais, de personalidades e da sociedade civil em favor da reparação das
injustiças e ilegalidades cometidas contra os companheiros condenados no
julgamento da Ação Penal 470". Como não poderia passar em brancas
neves, a resolução também faz acusação à imprensa e à oposição de terem tentado
promover "linchamento moral"
para "criminalizar" o PT e
influenciar a disputa eleitoral. São claras as tentativas
desesperadas de inconformismo do PT de defender os criminosos condenados pelo
Supremo Tribunal Federal, como se os fatos horrorosos jamais tivessem
acontecidos, mas tudo isso não passa de pantomima com a finalidade de contar as
mentiras por milhares de vezes para que elas, um dia, acabem se transformando
em verdade, pelo menos para os incautos, que não conseguem ouvir a verdadeira
versão sobre os fatos verídicos sempre negados pelos seus legítimos
protagonistas. Estranha-se que a oposição ao governo não se encarregue de
mostrar os fatos irregulares ao povo, inclusive apontando o que realmente
aconteceu nesse imbróglio do mensalão, deixando à mostra os danos causados ao
patrimônio público. O PT se conteve basicamente em harmonia com o seu
pensamento em defesa da criminalidade de filiados, em demonstração de coerência
ideológica de não admitir seus erros, em sempre negar com insistência o
inegável, ante o entendimento da opinião pública. Não obstante, os fatos do
mensalão são irrefutáveis e contundentes a revelarem mediante substância
material, testemunhal, pericial etc. o robustecimento da convicção criminal da
Polícia Federal, da Procuradoria Geral da República e do Supremo Tribunal
Federal sobre a formação de quadrilha, o perfeito esquema delituoso e a
eficiente operação para o desvio de recursos públicos para pagamento de propina
a parlamentares. A altíssima sapiência e experiência dos ministros do Supremo
jamais permitiria leviandade em condenar sem provas os envolvidos no processo
em apreço, que foi considerado o mais patético caso de corrupção deste país,
que somente integrantes das hostes petistas insistem em não aceitar a realidade
dos fatos criminosos, qualificando-os de farsa e de injustiça processual,
negando o veredicto de pelos menos oito ministros indicados e nomeados por seu
governo, fato esse que é prova bastante suficiente para mostrar que não existe
a mínima possibilidade de ter havido equívoco quanto às autorias das
irregularidades, todas confirmadas mediante os elementos constantes dos autos. A negação dos delitos
constitui retrocesso ao pleno direito de a sociedade interpretar livremente os
fatos históricos do país, em inegável desserviço à consciência nacional e em
especial ao fortalecimento dos princípios democráticos. A sociedade tem o dever
cívico de rechaçar a “pseudoverdade” que somente o PT defende e diz acreditar,
dando a entender que os brasileiros são um bando de imbecis e de ignorantes,
que não têm condições de enxergar a realidade expressa na opinião majoritária e
até absoluta dos ilustrados e experientes integrantes da Suprema Corte de
Justiça do país, que não tiveram a menor dúvida em sentenciar os réus do
mensalão, pela incontestável caracterização das suas culpas incursas em crimes
contra o patrimônio público. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 25 de dezembro de 2013
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