O ex-presidente da República tucano publicou artigo
com colocações contundentes, duras e de puro realismo sobre o seu maior desafeto
político, o também ex-presidente, o mais importante petista que dá as cartas no
seu partido.
O tucano diz com todas as letras que o petista é o
maior responsável pela corrupção na Petrobras, tendo concluído seu texto pedindo
que a sociedade repudie o ex-presidente petista, em que pese ele ter sido apontado,
na mais recente pesquisa Datafolha, por 50% dos brasileiros, como o melhor
presidente da República de todos os tempos.
Como forma de manter a fidelidade do texto do
ex-presidente tucano, segue excerto dele, in
verbis: “... Para datar: esta espiral de enganos começou a partir dos
dois últimos anos do governo Lula. Agora, na hora de a onça beber água, embora
sem reconhecer os desatinos, volta-se ao bom senso. Mas, cuidado, é preciso que
haja senso. Ajuste fiscal, às secas, sem confiança no governo, sem horizontes
de crescimento e, pois, com baixo investimento, é como operação sem anestesia.
Pior: política econômica requer dosagem, e nem sempre os bons técnicos avaliam
bem a saúde geral do país. Também o cavalo do inglês aprendeu a não comer; só
que morreu.
Não quero ser pessimista. Mas o que mais falta faz
neste momento é liderança. Gente em quem a gente creia, que não só aponte os
caminhos de saída, mas comece a percorrê-los. Não estou insinuando que sem
impeachment não há solução. Nem dizendo o contrário, que impeachment é golpe.
Estou apenas alertando que as lideranças brasileiras (e escrevo assim no
plural) precisam se dar conta de que desta vez os desarranjos (não só no plano
econômico, mas no político também) foram longe demais. Reerguer o país requer
primeiro passar a limpo os erros. Não haverá milagre econômico sem
transformação política. Esta começa pelo aprofundamento da operação Lava-Jato,
para deixar claro por que o país chegou onde chegou. Não dispensa, contudo,
profundas reformas políticas.
Não foram os funcionários da Petrobras os
responsáveis pela roubalheira (embora alguns nela estivessem implicados).
Nenhuma diretoria se mantém sem o beneplácito dos governos, nem muito menos o
dinheirão todo que escapou pelo ralo foi apropriado apenas por indivíduos.
Houve mais do que apadrinhamento político, construiu-se uma rede de corrupção
para sustentar o poder e seus agentes (pessoas e partidos). Não adianta a
presidente dizer que tudo agora está no lugar certo na Petrobras. É preciso
avançar nas investigações, mostrar a trama política corrupta e incompetente.
Não foi só a Petrobras que foi roubada, o país foi iludido com sonhos de
grandeza nacional enquanto a roubalheira corria solta na principal companhia
estatal do país.
Quase tudo o que foi feito nos últimos quatro
mandatos foi anunciado como o ‘nunca antes feito neste país’. É verdade, nunca
mesmo se errou tanto em nome do desenvolvimento nacional nem jamais se roubou
tanto sob a proteção desse manto encantado. Embora os diretores da Petrobras
diretamente envolvidos na roubalheira devam ser penalizados, não foram eles os
responsáveis maiores. Quem enganou o Brasil foi o lulopetismo. Lula mesmo
encharcou as mãos de petróleo como arauto da falsa autossuficiência. E agora,
José? Não há culpabilidade política? Vai-se apelar aos ‘exércitos do MST’ para
encobrir a verdade?
É por isso que tenho dito que impeachment é uma
medida prevista pela Constituição, pela qual não há que torcer, nem distorcer:
havendo culpabilidade, que se puna. Mas a raiz dos desmandos foi plantada antes
da eleição da atual presidente. Vem do governo de seu antecessor e padrinho
político. O que já se sabe sobre o petrolão é suficientemente grave para que a
sociedade repudie as forças e lideranças políticas que teceram a trama da qual
o escândalo faz parte. Mas é preciso que a Justiça não se detenha antes que
tudo seja posto às claras. Só assim será possível resgatar os nossos mais
genuínos sentimentos de confiança no Brasil e no seu futuro.”.
A
mensagem em referência é claríssima e o ex-presidente tucano tem o peso da sua
autoridade para analisar os fatos nas suas origens, principalmente por já ter
sido responsável pelos destinos dos brasileiros, que conta com vasta experiência
de homem público, com capacidade e credibilidade para avaliar com profundidade
a grave crise político-administrativa que grassa no país.
Não
há a menor dúvida de que a análise em tela reflete exatamente o pensamento de
expressiva parcela dos brasileiros, que sente necessidade de transmitir seu
entendimento sobre os governos petistas, mas não tem condições de exprimir com
tanta propriedade como o fez o tucano, que soube dizer exatamente muito do que
é realmente o lulupetismo, que não passa de idealismo de cunho estritamente
pessoal e, em segundo plano, partidário, que procura valorizar ao extremo seus
feitos como se eles fossem o máximo e da propriedade particular, em claro
detrimento do valor maior do princípio republicano, que deve estar atrelado
permanentemente às atividades dos homens públicos, ao contrário do que sempre
foi disseminado pelo lulupetismo, que tem como princípio o destaque para as
suas realizações estritamente socialistas, como forma de tirar proveito pessoal
ou partidário, como forma de absoluto domínio político, evidenciado pela
obcecada sede pelo poder.
É
muito importante que os homens lúcidos, inteligentes e capazes tenham discernimento
e coragem de desnudar o manto da mediocridade daquele que se considera o suprassumo,
o todo-poderoso, para mostrar a sua verdadeira personalidade de homem inescrupuloso
e prepotente, que não poupa a desinformação e a ingenuidade de brasileiros para
se autopromover e levar vantagem na política, quando, na verdade, ele não
resiste a uma análise quanto à sua real capacidade de homem público, que soube
se apoderar dos melhores recursos de marketing, com verbas dos contribuintes, para
promover seus feitos como se eles fossem frutos da pura honestidade
político-administrativa.
Na
verdade, o pouco que o petista fez de bom não passou da obrigação inerente ao
exercício do cargo de presidente da República, que tinha o dever constitucional
e legal de promover o bem comum da população com os recursos públicos,
arrecadados dos brasileiros, não devem o menor favor pelo legado deixado por
ele, que, lamentavelmente, foi suplantado pelas terríveis e horrorosas maldades
causadas pelos governos petistas ao país e aos brasileiros, a exemplo das
corrupções sistêmicas e endêmicas, com o envolvimento de bilhões de reais
canalizados pelos propinodutos do submundo das roubalheiras, que jamais
deveriam ter existido na administração do país, as quais devem ser creditadas à
gestão republicana com mais e destacados casos de irregularidades com recursos dos
brasileiros, que foram desviados integrantes do governo para os cofres do PT,
PMDB e PP, segundo os depoimentos à Justiça Federal de delatores investigados
pela tão exitosa Operação Lava-Jato.
Não
obstante, embora o tucano tivesse abordado importantes características ínsitas
de seu arqui-inimigo político, ele deixou de mencionar a forma leviana e
prepotente como o petista repudia e menospreza aqueles que não comungam na
mesma cartilha ideológica do seu partido, em evidente reprovação e negação à
modernidade do princípio democrático, segundo a qual se deve respeitar o livre
pensamento e as liberdades individuais, conceitos estes que somente funcionam
com relação àqueles que concordam com a incompetência, as precariedades e a
desmoralização na administração pública, em completa degeneração dos conceitos
de dignidade, probidade e honestidade na gestão dos recursos públicos.
É
evidente que procedimento retrógrado e ultrapassado dessa natureza somente
contribui para prejudicar o aperfeiçoamento e aprimoramento dos princípios
republicano e democrático, por causar reflexo direto na administração do país,
que encontra dificuldade no desempeno da gestão pública, diante da mentalidade
político-ideológica obsoleta, que não se compatibiliza com os ideais benfazejos
da modernidade inspiradora de progresso e desenvolvimento da nação com as
potencialidades do Brasil.
A
sociedade precisa, com o máximo de urgência, não somente exigir que as
investigações das irregularidades na administração pública sejam objeto de
intensas profundidade e abrangência, como ansiar por que os políticos sábios e
conhecedores dos meandros da política e da administração do país contribuam
para a busca e a elucidação dos fatos políticos, administrativos e das
histórias sobre os homens públicos, como forma de possibilitar disseminação da
verdade e de informações precisas e valiosas para a formação de melhor juízo de
valor quanto às suas repercussões maléficas sobre os interesses da sociedade e
do país. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 19 de maio de 2015
Nenhum comentário:
Postar um comentário