quarta-feira, 13 de maio de 2015

Repúdio às negociatas

No momento que se aproxima a votação de mais uma proposta do ajuste econômico do governo, a cúpula que comanda as relações entre o Executivo e o Legislativo se mobiliza com afinco, sem disfarce para esconder a forma espúria do que se poderia ser considerado desconforto, para tranquila aprovação do projeto do governo, mas com o peso do envolvimento das negociações de apoio em troca de cargos de direção do cobiçado segundo escalão, compreendendo as empresas estatais, onde os caciques políticos podem contemplar seus afilhados e apaniguados com as benesses da administração pública.
Não é novidade que os congressistas são movidos por interesses e, para tanto, o fisiologismo ideológico e programático tem servido como verdadeira moeda de troca para a tranquila satisfação de seus objetivos políticos, mesmo em completa demonstração de degeneração dos princípios do decoro, da dignidade e da honestidade que devem imperar na administração pública.
Constituem verdadeiras barbaridades as relações entre o Executivo e o Legislativo, firmadas mediante a inescrupulosa coalizão de governabilidade, que tem por suporte o loteamento de ministérios e empresas estatais entre os partidos da base de sustentação do governo no Congresso Nacional, sem o que nenhum projeto do governo consegue ser aprovado na Casa dos horrores, onde o principal combustível dos parlamentares provém das verbas públicas e dos cargos públicos, em extrema demonstração de completa desqualificação daqueles que, sem o menor escrúpulo, chantageiam o governo para a consecução de seus objetivos, a exemplo clássico do seu principal e preferencial partido, o PMDB, que, na atualidade, vem dando as cartas no governo, com as indicações para as nomeações dos cargos do segundo escalão.  
Tanto interesse no comando desses cargos se traduz na capilaridade da jurisdição nas principais cidades do país, onde os partidos se beneficiam com a sua presença nos municípios importantes, visto que os substanciais e bilionários orçamentos atraem interesses das legendas de estarem representando o governo, ante a evidente vitrine para a divulgação da sua legenda no país afora.
Não há dúvida de que constitui verdadeira imoralidade o país como o Brasil se submeter a essa forma vexaminosa e vergonhosa de composição política, submetendo-se aos piores costumes de politicagem, com o envolvimento de recursos públicos, para o atingimento de objetivos nada representativos da moralidade e da legalidade, quando a administração pública é comandada, por sua maioria, por pessoas de índole absolutamente contrária aos princípios da dignidade e da nobreza que devem imperar na administração do país, como forma de demonstração senão de contribuição para a construção da nação com verdadeiros propósitos de desenvolvimento social, político, econômico e democrático.
Na prática, sai e entra governo, mas continua imperando o mesmo espírito do fisiologismo ideológico, de forma ridícula e ainda mais escrachada, no âmbito da administração pública, prática essa que nem mais deve existir nas piores republiquetas, onde há o mínimo de seriedade, sensibilidade e conscientização sobre o verdadeiro valor do interesse público, que não se confunde com a politicagem deletéria tupiniquim.
É impressionante como pouco mais da metade dos eleitores não percebeu que essa perversa prática político-administrativa do fisiologismo na administração pública é absolutamente prejudicial aos interesses da nação e dos brasileiros, por contribuir para tornar o serviço público ainda mais precário e deficiente, pelo preenchimento de cargos públicos de direção por políticos despreparados e sem a conscientização sobre os verdadeiros sentimentos de eficiência, seriedade, dignidade e moralização que devem prevalecer na administração do país.
É induvidoso que são recrimináveis os maléficos conchavos que são celebrados às claras, como os que são celebrados agora, para a aprovação de projeto de interesse do governo, quando os protagonistas desse episódio deverão ser agraciados com cargos de direção nas empresas do chamado segundo escalão, conforme noticiam os meios de comunicação.
Convém que a sociedade mostre sua veemente indignação contra os horrorosos atos que contribuem para extrema ineficiência da administração do país, tendo o respaldo das negociações envolvendo cargos públicos e apoio político, com consequente fragilização dos sistemas político-administrativos, em indiscutível balcão de favores com o respaldo, em última análise, na gestão de recursos públicos, em flagrante dissonância com os interesses nacionais. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
          Brasília, em 13 de maio de 2015

Nenhum comentário:

Postar um comentário