No momento que se aproxima a votação de mais uma
proposta do ajuste econômico do governo, a cúpula que comanda as relações entre
o Executivo e o Legislativo se mobiliza com afinco, sem disfarce para esconder a
forma espúria do que se poderia ser considerado desconforto, para tranquila aprovação
do projeto do governo, mas com o peso do envolvimento das negociações de apoio
em troca de cargos de direção do cobiçado segundo escalão, compreendendo as
empresas estatais, onde os caciques políticos podem contemplar seus afilhados e
apaniguados com as benesses da administração pública.
Não é novidade que os congressistas são movidos por
interesses e, para tanto, o fisiologismo ideológico e programático tem servido
como verdadeira moeda de troca para a tranquila satisfação de seus objetivos
políticos, mesmo em completa demonstração de degeneração dos princípios do
decoro, da dignidade e da honestidade que devem imperar na administração pública.
Constituem verdadeiras barbaridades as relações
entre o Executivo e o Legislativo, firmadas mediante a inescrupulosa coalizão
de governabilidade, que tem por suporte o loteamento de ministérios e empresas
estatais entre os partidos da base de sustentação do governo no Congresso
Nacional, sem o que nenhum projeto do governo consegue ser aprovado na Casa dos
horrores, onde o principal combustível dos parlamentares provém das verbas
públicas e dos cargos públicos, em extrema demonstração de completa
desqualificação daqueles que, sem o menor escrúpulo, chantageiam o governo para
a consecução de seus objetivos, a exemplo clássico do seu principal e
preferencial partido, o PMDB, que, na atualidade, vem dando as cartas no
governo, com as indicações para as nomeações dos cargos do segundo escalão.
Tanto interesse no comando desses cargos se traduz
na capilaridade da jurisdição nas principais cidades do país, onde os partidos
se beneficiam com a sua presença nos municípios importantes, visto que os
substanciais e bilionários orçamentos atraem interesses das legendas de estarem
representando o governo, ante a evidente vitrine para a divulgação da sua
legenda no país afora.
Não há dúvida de que constitui verdadeira
imoralidade o país como o Brasil se submeter a essa forma vexaminosa e vergonhosa
de composição política, submetendo-se aos piores costumes de politicagem, com o
envolvimento de recursos públicos, para o atingimento de objetivos nada
representativos da moralidade e da legalidade, quando a administração pública é
comandada, por sua maioria, por pessoas de índole absolutamente contrária aos
princípios da dignidade e da nobreza que devem imperar na administração do
país, como forma de demonstração senão de contribuição para a construção da
nação com verdadeiros propósitos de desenvolvimento social, político, econômico
e democrático.
Na prática, sai e entra governo, mas continua
imperando o mesmo espírito do fisiologismo ideológico, de forma ridícula e ainda
mais escrachada, no âmbito da administração pública, prática essa que nem mais deve
existir nas piores republiquetas, onde há o mínimo de seriedade, sensibilidade e
conscientização sobre o verdadeiro valor do interesse público, que não se
confunde com a politicagem deletéria tupiniquim.
É impressionante como pouco mais da metade dos
eleitores não percebeu que essa perversa prática político-administrativa do
fisiologismo na administração pública é absolutamente prejudicial aos
interesses da nação e dos brasileiros, por contribuir para tornar o serviço
público ainda mais precário e deficiente, pelo preenchimento de cargos públicos
de direção por políticos despreparados e sem a conscientização sobre os verdadeiros
sentimentos de eficiência, seriedade, dignidade e moralização que devem
prevalecer na administração do país.
É induvidoso que são recrimináveis os maléficos conchavos
que são celebrados às claras, como os que são celebrados agora, para a
aprovação de projeto de interesse do governo, quando os protagonistas desse
episódio deverão ser agraciados com cargos de direção nas empresas do chamado segundo
escalão, conforme noticiam os meios de comunicação.
Convém que a sociedade mostre sua veemente
indignação contra os horrorosos atos que contribuem para extrema ineficiência da
administração do país, tendo o respaldo das negociações envolvendo cargos
públicos e apoio político, com consequente fragilização dos sistemas político-administrativos,
em indiscutível balcão de favores com o respaldo, em última análise, na gestão
de recursos públicos, em flagrante dissonância com os interesses nacionais. Acorda,
Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Nenhum comentário:
Postar um comentário