sexta-feira, 15 de maio de 2015

O fim da impunidade?

Segundo reportagem veiculada pela revista Veja, dias atrás, o ex-presidente da construtora OAS, cogitava fazer delação premiada, por se encontrar preso em razão dos fatos que estão sendo apurados na Operação Lava-Jato. Na ocasião, aventava-se sobre a possibilidade de o seu depoimento puder implicar o envolvimento nas investigações do ex-presidente da República petista, ante a acusação sobre a execução, por parte daquela empresa, de reforma em propriedade utilizada pelo político, além de outros beneficiamentos realizados entre amigos.
Agora, confirma-se que o mencionado empreiteiro concordou em fazer delação premiada junto ao Ministério Público Federal, evidentemente depois de decidir revelar informações novas, possivelmente envolvendo importantes políticos e situações ainda não constantes dos autos da Lava-Jato.
O empreiteiro se encontra preso desde novembro e, a partir de antão, ele tem passado os dias arquitetando a estrutura do seu depoimento, na tentativa de diminuição de suas penas. Conforme a Veja, três fatos poderiam fazer com que sua delação o livrasse da prisão ou a reduzisse significativamente, sendo que o primeiro deles, segundo a revista, seria um pedido do ex-presidente do país, feito em 2010, no sentido de que a construtora OAS executasse reforma em um sítio ocupado por ele em Atibaia (SP).
A reportagem da Veja afirma que o imóvel é identificado como sendo de propriedade do petista, embora o registro dele esteja em nome de dois sócios de um filho do ex-presidente. Também é citado, na matéria, outro “favor” feito pelo empresário para o petista, como sendo a incorporação de prédios inacabados da Cooperativa dos Bancários (Bancoop), entidade ligada ao PT, que fora presidida pelo então tesoureiro do PT, que também se encontra preso pela Operação Lava-Jato.
A revista diz ainda que o empresário teria ajudado o marido da ex-chefe do escritório da Presidência da República, em São Paulo, que deixou o cargo após investigação da Polícia Federal, sob suspeita de tráfico de influência, e, segundo a Veja, ele recebeu ajuda para a sua colocação em bom emprego.
De tanto mencionar a possibilidade da deleção premiada pelo empresário acima referenciado, enfim, a revista vai publicar que o acordo foi sacramento entre ele e o Ministério Público, esperando-se agora que novos e importantes fatos venham à tona, obviamente para o bem da moralização do Brasil, com o enriquecimento de provas sobre a sujeira que a cada dia assusta e envergonha o mundo civilizado.
Em princípio, as denúncias envolvendo o nome do ex-presidente da República petista, de que ele teria se beneficiado de favores prestados por uma empreiteira, são fortes indícios da maior gravidade e seriedade, justamente por se tratar de quem muito se suspeita, mas até então aparentemente nenhum fato substancial e concreto tenha vindo à superfície dos acontecimentos, com tanta possibilidade de se tornar, pelo menos, investigado com a devida e indispensável profundidade, para, finalmente, se aquilatar a real veracidade das inúmeras notícias envolvendo o nome do petista.
Nesse caso, compete ao Ministério Público Federal adotar, com urgência, as providencias pertinentes, com vistas ao levantamento das informações circunstanciadas às denúncias, em razão do possível envolvimento de recursos públicos nesse imbróglio, justamente por se tratar de empresa contratada pela Petrobras e que muito dinheiro foi jogado pelos ralos da corrupção.
Para o bem não somente do país e dos princípios da verdade e da transparência que devem existir na administração pública, mas especialmente do próprio acusado, que estranhamente se mantém silente sobre as graves denúncias, cuja autoria lhe é atribuída, urge que elas sejam apuradas com abrangência e profundidade o quanto antes, para que não pairem dúvidas quanto aos possíveis tráfico de influência e beneficiamento indevido por parte do ex-presidente, que deverá ser responsabilizado, caso os fatos denunciados sejam realmente confirmados. Acorda, Brasil!                                  
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 15 de maio de 2015

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