domingo, 10 de maio de 2015

Premência de reformas estruturais

Segundo um colunista bem informado, o ex-presidente da República petista teria decidido ganhar as estradas do país, indo viajar pelo Brasil afora, para se aproximar de correligionários e manter contato com as bases partidárias do passado, com vistas à criação de fatos e à construção de conversas com os políticos, tendo por finalidade o encontro de saída para a terrível crise política e administrativa criada no âmbito do próprio partido, que foi incapaz de encontrar os mecanismos para solucioná-la, antes que seus efeitos prejudicassem ainda mais a tão desgastada imagem do partido, que se depara com o destruidor estigma da corrupção e da incompetência na administração do país.
Os planos já estão em curso, com o embarque para qualquer lugar onde o petista pretende encontrar porto seguro para a viabilização da sua melhor decisão política sobre o início da solução dos graves problemas que encurralaram seu partido numa gigantesca crise que o levou ao precipício da queda livre da popularidade, englobando a sigla e as principais lideranças, inclusive e principalmente a pessoa da presidente do país, que se debate com a séria síndrome do panelaço, ante a rejeição da sociedade, que, saturada do desgoverno, reprime as aparições dela com solenes batidas de panelas.
No momento, é comum o petista culpar as atitudes da mandatária do país, que conseguiu, com o seu estilo diferente, mudar completamente o rumo da política econômica no primeiro mandato, ensejando, com isso, a brusca queda de apoio popular à presidente e a necessidade de o ex-presidente tentar retomar seu próprio caminho político, embora as alternativas de reação não sejam tão animadoras, diante do quadro desolador que não se restringe somente à figura da presidente do país, mas tem abrangência sobre tudo que diz respeito ao partido, que se tornou verdadeira imagem de tudo que é errado e prejudicial aos interesses dos brasileiros, notadamente em se levando em conta que o atingimento e a permanência no poder têm sido à custa de muitas argumentações e medidas nada construtivas e adequadas aos princípios da dignidade política, quando as verdades foram constantemente distorcidas e negadas, tão somente em benefício da conquista e do absoluto domínio do poder, em menosprezo aos sentimentos de decência, nobreza, brio e sinceridade que devem imperar nas atividades políticas e administrativas do país.
Embora não pareça, mas a preocupação do petista-mor aumentou de forma significativa com a prisão do tesoureiro do PT, que sempre se esforçou ao máximo para tentar dar legitimidade aos recursos desviados da Petrobras, sabidamente por meio de fraudes ridicularmente embaladas e rotuladas como doações, como se isso fosse possível acontecer impunemente num sistema alicerçado em princípios de sinceridade, dignidade, legitimidade e probidade.    
Segundo seus assessores, o ex-presidente pretende, neste momento de dificuldades do segundo mandato da petista, manter contatos com sua base original e trabalhar com afinco pela preservação de parte dos seus aliados, com vistas à busca de saídas para a crise que permanece instalada no governo e se espraia com forte intensidade no âmbito do seu partido, tendo o inevitável poder de chamuscar também a imagem do todo-poderoso.
O ex-presidente não se conforma com a falta do reconhecimento pelo fato de ter, nos governos petistas, instituído o maior programa de distribuição de renda da história deste país, como se isso fosse eterno legado de permanente gratidão do povo às lideranças e ao seu partido, dando a entender que se trata de sacrifício pessoal de puro altruísmo e de algo além da capacidade do gestão público, quando se sabe que os benefícios do Bolsa Família seriam implementados por qualquer governo mediano, ante a premência da ajuda às famílias necessitadas economicamente, de obrigação constitucional do Estado.
Antes de tudo, convém que os brasileiros se conscientizem de que as políticas de distribuição de renda, que beneficiam as famílias pobres e necessitadas economicamente, foram instituídas por imperiosa necessidade de ajudar as famílias carentes, cujas medidas são suportadas à custa do dinheiro dos contribuintes e não do partido do ex-presidente, contrariamente como se apregoam seus intransigentes defensores, como se por traz desse “extraordinário” esforço não tivesse embutido o verdadeiro viés eleitoreiro, com o propósito populista e caudilhista, visando inevitáveis fins político-eleitorais, na consecução da tão importante meta de perenidade no poder.
Por seu turno, os brasileiros precisam defender, com urgência, as reformas estruturais do Estado, de modo que o aperfeiçoamento e a modernização do sistema político-eleitoral possam dificultar a permanência na vida pública de maus políticos, com caráter duvidoso que visam à satisfação de interesses pessoais e, subsidiariamente, partidários, e sem o menor pudor para combater a corrupção e a degeneração do interesse político.
O petista precisa saber, com a máxima urgência, que o seu envolvimento na política nacional, à vista dos fatos, tem servido como fator de destruição dos princípios da dignidade na administração pública, tendo em vista, entre outros fatos, que a politicagem da implantação do fisiologismo ideológico no seu governo resultou em enorme naufrágio ao interesse público, no que diz respeito à degeneração dos conceitos da ética e da moralidade, à vista das permanentes discussões sobre os casos de corrupção que grassam na administração pública, com aprofundamento nos governos petistas, conforme as frequentes investigações e prisões de criminosos envolvidos nas irregularidades objeto da Operação Lava-Jato, cujas fraudes teriam por finalidade a consolidação do projeto de absoluto domínio do poder, que vem sendo construído por meios censuráveis e contrários aos interesses públicos.
Convém que a sociedade, atenta à sua responsabilidade cívica, seja capaz de abominar a existência dos maus políticos na vida pública, como forma de se evitar a continuidade das práticas deletérias dos recursos públicos, parte dos quais é normalmente aplicada, de forma inescrupulosa, em finalidade embora revestida de legitimidade, mas com propósitos destituídos da satisfação do interesse público, ante o indiscutível viés tendencioso ao atendimento de causas pessoais ou partidárias. Acorda, Brasil!
 
          ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 10 de maio de 2015

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