domingo, 24 de maio de 2015

O afiançamento da corrupção

A Polícia Federal afirmou que o então tesoureiro do Partido dos Trabalhadores, preso pela Operação Lava-Jato, teria praticado crimes pertinentes ao desvio de dinheiro da Petrobras, possivelmente desde 2004 e que as ações criminosas dele têm tom de desafio às instituições, por serem compatíveis ao papel semelhante ao do doleiro, ou seja, de um operador.          
No mandado de prisão, o juiz responsável pela Operação Lava-Jato escreveu no despacho que o então tesoureiro do PT determinou que parte das propinas no esquema de corrupção na Petrobras fosse para a uma gráfica, sediada em São Paulo, cujo valor pode chegar à cifra de R$ 2,5 milhões.
O juiz afirmou também que "os recursos criminosos teriam sido utilizados não só para a realização de doações registradas ao Partido dos Trabalhadores, mas também para a realização de pagamentos por serviços, total ou em parte, simulado pela referida Editora Gráfica Atitude, isso por indicação de João Vaccari Neto".
O juiz  afirmou que, segundo os relatos de delatores, o então tesoureiro do PT participou "intensamente" do esquema na Petrobras, como operador desse partido, no recebimento de propinas.
A Polícia Federal disse ainda que a família do ex-tesoureiro do PT se envolveu, de forma irregular, em diversas operações financeiras suspeitas de valores expressivos.
De acordo com um procurador, ao se referir ao valor de R$ 300 mil desviados da Petrobras, “Não há indicativo de crime, apenas suspeita de que estes valores tenham origem ilícita”.
Um delegado da Polícia Federal disse que existe material suficiente e contundente para se provarem as irregularidades do ex-tesoureiro do PT e que "Está claro o total desrespeito de Vaccari Neto com relação à Justiça e às leis brasileiras".
Além disso, conforme um delegado que cuida do caso, o ex-tesoureiro do PT foi citado por, pelo menos, cinco suspeitos, que firmaram acordo de delação premiada para repassar informações sobre o esquema existente na Petrobras.
Segundo um delegado da Polícia Federal, nem mesmo o processo contra o ex-tesoureiro do PT, envolvendo a Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop), o intimidou, no qual o Ministério Público de São Paulo o denunciou por suspeita de desvio de dinheiro da Bancoop para a campanha eleitoral petista de 2010.
Apesar de ter vindo com bastante atraso, diante das intensas acusações de irregularidades cuja culpabilidade lhe é atribuída, a prisão do então tesoureiro do PT teve repercussão positiva não somente no âmbito da opinião pública, mas também no seio do mundo político, e isso significa a possibilidade real do mais rápido esclarecimento sobre os fatos pertinentes ao desvio de recursos para os cofres de seu partido.
Não há a menor dúvida de que o principal articulador do desvio de propinas para os cofres do PT demorou a ser guardado no lugar seguro e apropriado para aqueles que afrontam a legislação do país, à vista das fartas e indiscutíveis provas testemunhais e materiais, à vista das robustas acusações de que o então tesoureiro do PT manteve contato com agentes das principais empreiteiras da Petrobras, em evidente demonstração de que a prisão dele apenas faz parte indispensável da necessidade de se apurar as irregularidades que atingiram, inapelavelmente, o alto escalão do partido do governo.
Causa enorme perplexidade se perceber, embora se trate de fato normal, que as lideranças do PT afiançam o total crédito às atividades do seu então tesoureiro, que se encontra preso, em que pesem as evidências da participação dele nas falcatruas objeto das investigações da Operação Lava-Jato, porquanto o partido do governo garante que “Do ponto de vista político, mantemos confiança de que ele não cometeu nada de errado”.
Conforme os elementos já disponibilizados à opinião pública, há suficientes convicções de que a corrupção na Petrobras tinha como finalidade o uso dos recursos desviados para financiamento ilegal de financiamento de campanha do PT e de partidos aliados, como forma de se contribuir para o financiamento da perenidade no poder, não importando os fins para serem alcançados os objetivos partidários.
Um atuante senador disse, por meio de nota, que "O PT não tem credencias de partido político, e sim de lavanderia. O partido é reincidente ao ter o tesoureiro Vaccari, sucessor de Delúbio Soares, flagrado e preso por arrecadar dinheiro desviado de empresas públicas para alimentar suas campanhas e encher os bolsos de seus dirigentes. Tudo caminha para que o PT perca o registro de partido político. E, comprovado que a presidente Dilma foi beneficiada por esse esquema em suas campanhas, será mais que suficiente para ela perder o mandato por corrupção".
Agora que a porta foi escancarada, o próximo passo deve ser a quebra do sigilo bancário, fiscal e patrimonial do "probo" ex-tesoureiro, embora garanta que somente recebia doações provenientes de contratos da Petrobras de forma legal.
Nessa fase das apurações dos fatos denunciados, quando empreiteiros, delatores e outros envolvidos na Operação Lava-Jato afirmaram que o então tesoureiro petista era o principal operador das propinas, somente os fiéis e fanáticos petistas acreditam que as doações feitas com recursos oriundas da estatal são realmente legítimas, dando a entender que há absoluta falta de sensibilidade e bom senso para não se querer enxergar a realidade dos fatos, que são muito claros como a luz solar.
Convém que a sociedade se conscientize sobre o sentimento absurdo de se desviar recursos públicos, sob eficiente sistema que não funcionava na gestão das verbas públicas, para o exclusivo financiamento de campanhas político-eleitorais de cunho estritamente voltado para o projeto de perenidade no poder, como tem ficado bastante claro nos translúcidos fatos investigados na Operação Lava-Jato, mostrando que os esquemas montados na Petrobras demonstram monstruoso aparato com a finalidade de financiar a ganância predatória dos princípios da dignidade, honestidade e nobreza que deveriam primar na administração do país. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 24 de maio de 2015

Nenhum comentário:

Postar um comentário