quinta-feira, 21 de maio de 2015

A maluca política de juros

O Banco Central vem elevando sistematicamente a taxa de juros, que já atingiu o insuportável e injustificável percentual 13,25% ao ano, sendo, por certo, um dos maiores do mundo, se não já seja.
Curiosamente, os desenfreados aumentos da taxa de juros promovidos pelo governo são justificados como medida necessária para frear a inflação, por meio da redução do consumo e do crédito, mas o dragão que corrói as economias da classe trabalhadora e enfraquece o poder empresarial para investir na produção simplesmente também vem crescendo de forma incontrolável, que se situa no patamar de 8%, bem acima da meta estabelecida pelo governo de 6,5%.
Esse conflito estabelecido pela equipe econômica do governo suscitou acalorada discussão divergente entre economistas e entidades da sociedade civil, sendo que uns concordam com o progressivo aumento da Selic pelo BC, mas outros entendem que as medidas adotadas estão contribuindo para estrangular os mecanismos de crescimento da economia, ante as restrições impostas pelo governo, com sua maluca política de juros.
Os que criticam a alta da taxa de juros argumentam que a decisão de aumentar a taxa de juros prejudica sobremodo o consumo e, por via de consequência, a produção, enquanto outros economistas defendem a medida de arrocho do crédito, sob a alegação de que convém se controlar a inflação, argumento que não convence nem mesmo a eles, porquanto a inflação não é controlada com sucesso, mas o processo de estrangulamento da economia continua em pleno vapor, não dando a mínima atenção aos cuidados exagerados do governo.
As absurdas defesas das altas da Selic, na tentativa de arrefecer a trajetória da inflação, parecem não corresponder exatamente às pretensões governamentais, haja vista que ambas estão tendo trágico desempenho no emparelhamento de maléfico crescimento, com idêntica contribuição para emperrar, em dose dupla, o desenvolvimento do país.
Não se pode ignorar que o governo tem significativa parcela de culpa na aceleração da inflação, justamente por ter freado, de forma decididamente exagerada, os reajustes dos preços administrado por ele, que foram postergados de maneira absurda e injustificável, para que isso não tivesse reflexo no desempenho da candidata oficial, que poderia pôr em risco a sua reeleição, caso tivesse adotado tempestivamente as medidas recomendadas na economia.
Em consequência dessa incompetência gerencial, principalmente pela demora em se adotarem as medidas pertinentes aos reajustes dos preços administrados, a inflação ganhou impulso praticamente inevitável, prejudicando o controle de seus componentes.
Causa estranheza ainda se perceber que, apesar de não haver redução e muito menos controle da inflação, há quem defenda a continuidade do aumento da taxa de juros, na tentativa de impressionar o mercado de capital que o governo vai trazer a inflação para patamar civilizado.
Não há a menor dúvida de que os aumentos da taxa de juros estão prejudicando as atividades produtivas, em especial pelo forte desestímulo ao investimento no parque produtivo nacional e pela evidente expressiva diminuição do consumo, ou vice-versa.
À toda evidência, o aumento sistemático, como ocorre ultimamente, da taxa Selic, como principal medida de controle da inflação, já mostrou a enormidade do equívoco, tendo em conta que o exagerado aperto monetário só contribui para prejudicar  o sistema produtivo e especialmente o desenvolvimento do país.
O governo precisa se conscientizar, com urgência, de que sua política predatória das taxas de juros nos píncaros da irracionalidade não somente contribui para matar e sepultar a galinha dos ovos de ouro da produção nacional, como também alimenta, de forma bastante prejudicial, os interesses do país, por obrigar o Tesouro Nacional a arcar com os elevadíssimos juros das dívidas interna e externa, que, a cada instante, cresce injustificada e assustadoramente, tornando-se impagável e dificultando os investimentos em obras essenciais ao desenvolvimento da nação, eis que os juros em escala estratosférica impedem também que o governo consiga poupar para aplicação em projetos de interesse da população. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 21 de maio de 2015

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