O
Banco Central vem elevando sistematicamente a taxa de juros, que já atingiu o
insuportável e injustificável percentual 13,25% ao ano, sendo, por certo, um
dos maiores do mundo, se não já seja.
Curiosamente,
os desenfreados aumentos da taxa de juros promovidos pelo governo são
justificados como medida necessária para frear a inflação, por meio da redução
do consumo e do crédito, mas o dragão que corrói as economias da classe
trabalhadora e enfraquece o poder empresarial para investir na produção
simplesmente também vem crescendo de forma incontrolável, que se situa no
patamar de 8%, bem acima da meta estabelecida pelo governo de 6,5%.
Esse
conflito estabelecido pela equipe econômica do governo suscitou acalorada
discussão divergente entre economistas e entidades da sociedade civil, sendo
que uns concordam com o progressivo aumento da Selic pelo BC, mas outros
entendem que as medidas adotadas estão contribuindo para estrangular os
mecanismos de crescimento da economia, ante as restrições impostas pelo
governo, com sua maluca política de juros.
Os
que criticam a alta da taxa de juros argumentam que a decisão de aumentar a
taxa de juros prejudica sobremodo o consumo e, por via de consequência, a
produção, enquanto outros economistas defendem a medida de arrocho do crédito,
sob a alegação de que convém se controlar a inflação, argumento que não
convence nem mesmo a eles, porquanto a inflação não é controlada com sucesso,
mas o processo de estrangulamento da economia continua em pleno vapor, não
dando a mínima atenção aos cuidados exagerados do governo.
As
absurdas defesas das altas da Selic, na tentativa de arrefecer a trajetória da
inflação, parecem não corresponder exatamente às pretensões governamentais,
haja vista que ambas estão tendo trágico desempenho no emparelhamento de maléfico
crescimento, com idêntica contribuição para emperrar, em dose dupla, o
desenvolvimento do país.
Não
se pode ignorar que o governo tem significativa parcela de culpa na aceleração
da inflação, justamente por ter freado, de forma decididamente exagerada, os reajustes
dos preços administrado por ele, que foram postergados de maneira absurda e
injustificável, para que isso não tivesse reflexo no desempenho da candidata
oficial, que poderia pôr em risco a sua reeleição, caso tivesse adotado
tempestivamente as medidas recomendadas na economia.
Em
consequência dessa incompetência gerencial, principalmente pela demora em se
adotarem as medidas pertinentes aos reajustes dos preços administrados, a
inflação ganhou impulso praticamente inevitável, prejudicando o controle de
seus componentes.
Causa
estranheza ainda se perceber que, apesar de não haver redução e muito menos
controle da inflação, há quem defenda a continuidade do aumento da taxa de
juros, na tentativa de impressionar o mercado de capital que o governo vai
trazer a inflação para patamar civilizado.
Não
há a menor dúvida de que os aumentos da taxa de juros estão prejudicando as atividades
produtivas, em especial pelo forte desestímulo ao investimento no parque produtivo
nacional e pela evidente expressiva diminuição do consumo, ou vice-versa.
À
toda evidência, o aumento sistemático, como ocorre ultimamente, da taxa Selic,
como principal medida de controle da inflação, já mostrou a enormidade do equívoco,
tendo em conta que o exagerado aperto monetário só contribui para prejudicar
o sistema produtivo e especialmente o desenvolvimento do país.
O
governo precisa se conscientizar, com urgência, de que sua política predatória
das taxas de juros nos píncaros da irracionalidade não somente contribui para
matar e sepultar a galinha dos ovos de ouro da produção nacional, como também alimenta,
de forma bastante prejudicial, os interesses do país, por obrigar o Tesouro
Nacional a arcar com os elevadíssimos juros das dívidas interna e externa, que,
a cada instante, cresce injustificada e assustadoramente, tornando-se impagável
e dificultando os investimentos em obras essenciais ao desenvolvimento da nação,
eis que os juros em escala estratosférica impedem também que o governo consiga poupar
para aplicação em projetos de interesse da população. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 21 de maio de 2015
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