quinta-feira, 14 de maio de 2015

Repúdio à mediocridade na política


Ninguém mais se surpreende nem se assusta com as fajutas, absurdas e malucas promessas dos candidatos, porque elas nunca são cumpridas e, às vezes, o que foi dito se concretiza de maneira contrária.
Na última campanha presidencial, a candidata vencedora se dizia que seu governo se identificava com a continuidade das mudanças, que seriam intensificadas para beneficiar a população, mas o que vem sendo realizado tem a cara do retrocesso, do atraso e da crise, que imperam na política e principalmente na administração do país, que perdeu o rumo do desenvolvimento e se encontra à deriva, em completo prejuízo não somente para quem acreditou piamente que algo poderia melhorar, mas para os brasileiros em geral, que são obrigados a continuar padecendo com a precariedade na prestação dos serviços públicos, na péssima condução da economia e na desmoralização das instituições, com a predominância da corrupção.
Como antítese das promessas, já se tornaram recorrentes, nas campanhas eleitorais, as indecentes e indignas acusações de candidatos contra adversários, como forma de denegri-los e de se criar clima de verdadeira desconstrução dos princípios democráticos, cujo procedimento antiético, deletério e ridículo não somente deve ser repudiado pelos eleitores, como deveria ser proibido pela Justiça Eleitoral, tendo em conta que a campanha eleitoral tem a suprime finalidade de apresentação, discussão e debate de programas de governo, como instrumento capaz de municiar o eleitor para a escolha do candidato com melhor capacidade para executar aquele programa, em benefício do país e do seu povo.
Na verdade, tanto as falsas promessas como as repudiáveis acusações dos candidatos medíocres somente contribuem para empobrecer o pleito eleitoral, que legalmente existe exatamente para se viabilize a apresentação dos candidatos com o seu arsenal de programas de governo, cuja discussão tem por escopo justamente se mostrarem aos eleitores as qualidades e as potencialidades dos concorrentes aos cargos públicos eletivos, de modo que as propostas devam se revestir de extrema fidelidade, para que a seriedade seja capaz de contribuir para a melhor escolha daquele que realmente tem condições para representar com dignidade o povo, na forma preconizada na Carta Magna.
Nas últimas campanhas, o partido do governo não teve o menor escrúpulo em levantar calúnia contra seus adversários, notadamente os que estavam ameaçando superar, em preferência do eleitorado, a candidata oficial, sempre com a finalidade de destruí-los e enfraquecê-los política, moral e eleitoralmente, tendo, lamentavelmente, conseguido sucesso em todas as investidas indecorosas, grosseiras e desleais.
Nada poderia ter sido mais deprimente do que massificação da versão petista de que a ambientalista era a candidata dos banqueiros, cuja ilustração do cenário aparecia o maldoso e perverso sumiço de pratos de comida, empregos e salários da família brasileira, para aumentar a dramaticidade e impressionar os eleitores de todas as classes sociais, que certamente acreditaram nessa triste e vergonhosa farsa, porquanto a preferência da aludida opositora simplesmente despencou nas pesquisas e nunca mais foi restabelecida.
O pior é que as mentiras deslavadas continuam mesmo depois das campanhas eleitorais, a exemplo do que aconteceu com o governador de São Paulo, que teria garantido que não havia racionamento de água, ainda que visível a seca da Cantareira, mais ele negava a falta d'água, mas, tão logo foi eleito, ele mudou o discurso, para afirmar que “há racionamento, mas não há tanto assim e, pensando bem, o que há é uma restrição hídrica", o que, em tese, equivale literalmente a racionamento de verdade.
Já no caso da presidente petista, ela teria se arvorado em anunciar, em pronunciamento na TV, ainda no primeiro mandato, em preparado ensaio pré-candidatura à segunda gestão, com o maior orgulho no peito, que os brasileiros teriam, pela primeira vez na história do país, extraordinária redução na conta de luz de 20%.
Contudo, diante da situação adversa, em razão da crise que já se abatia sobre o setor energético, com as geradoras, transmissoras e distribuidoras em verdadeiro colapso, dando sinais de perspectivas sombrias para a população, a presidente teve crise de amnésia na campanha eleitoral e sequer mencionou o fato nos seus programas e simplesmente sepultou o assunto que teria sido anunciado de forma triunfal e heroica do seu governo.
A mandatária do país transferiu a incumbência de tratar das mazelas do seu governo para os ministros da Fazenda, que é o pai dos ajustes fiscal e econômico e a pessoa que sofre os ataques e as críticas devidas à presidente, e das Minas e Energia, que cuida do tarifaço que pode superar os 40%, que foi capaz de emudecer a petista.
E o mais grave de tudo isso é que, de mentiras, acusações maldosas e destruições dos adversários, nas próximas eleições, os arsenais de indignidades e de falta de personalidades voltarão com o devido aperfeiçoamento e certamente ainda com mais crueldade, sob os auspícios dos inescrupulosos e maquiavélicos marqueteiros, em maléfica e lastimável contribuição à continuidade do ultrapassado e anacrônico sistema político-eleitoral.
O que se percebe é que, apesar da maravilhosa evolução da humanidade, com múltiplos e imensuráveis benefícios para homo sapiens, os políticos não conseguem se conscientizar sobre a imperiosa necessidade de tratar a política e administração pública com seriedade e dignidade, como forma de valorização das atividades políticas, que deveriam ser usadas tão somente para o atingimento do bem comum, com embargo das promessas mentirosas e das acusações deprimentes, que não condizem com a decência e a dignidade próprias da democracia.
A propósito, impende frisar que a politicagem rasteira de destruição da dignidade humana, presente na campanha eleitoral, somente encontra guarida nas piores republiquetas, onde são ignorados os princípios da ética, do respeito ao semelhante e da civilidade, diferentemente do que acontece nos países evoluídos democraticamente, onde são debatidas as questões que interessam exclusivamente ao interesse público, em benefício do aperfeiçoamento democrático.          
Urge que a sociedade se conscientize sobre a premência de se evoluir, acompanhando o ritmo do desenvolvimento da humanidade, como forma de se perceber que a sujeira, a imundície, da propaganda eleitoral, com a deliberada finalidade de destruição de adversários, com o propósito de tirar proveito da situação, constitui medida de indignidade que precisa ser repudiada com a eliminação da vida pública dos trogloditas inescrupulosos que adotam tais recursos deletérios da sadia democracia, que deve ser praticada pelas pessoas civilizadas e evoluídas, em harmonia com os avanços da humanidade, na prática do bem comum, em benefício social. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 14 de maio de 2015

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