Ninguém mais se surpreende nem se assusta com as
fajutas, absurdas e malucas promessas dos candidatos, porque elas nunca são
cumpridas e, às vezes, o que foi dito se concretiza de maneira contrária.
Na última campanha presidencial, a candidata
vencedora se dizia que seu governo se identificava com a continuidade das
mudanças, que seriam intensificadas para beneficiar a população, mas o que vem
sendo realizado tem a cara do retrocesso, do atraso e da crise, que imperam na
política e principalmente na administração do país, que perdeu o rumo do
desenvolvimento e se encontra à deriva, em completo prejuízo não somente para quem
acreditou piamente que algo poderia melhorar, mas para os brasileiros em geral,
que são obrigados a continuar padecendo com a precariedade na prestação dos
serviços públicos, na péssima condução da economia e na desmoralização das
instituições, com a predominância da corrupção.
Como antítese das promessas, já se tornaram
recorrentes, nas campanhas eleitorais, as indecentes e indignas acusações de
candidatos contra adversários, como forma de denegri-los e de se criar clima de
verdadeira desconstrução dos princípios democráticos, cujo procedimento
antiético, deletério e ridículo não somente deve ser repudiado pelos eleitores,
como deveria ser proibido pela Justiça Eleitoral, tendo em conta que a campanha
eleitoral tem a suprime finalidade de apresentação, discussão e debate de
programas de governo, como instrumento capaz de municiar o eleitor para a escolha
do candidato com melhor capacidade para executar aquele programa, em benefício
do país e do seu povo.
Na verdade, tanto as falsas promessas como as
repudiáveis acusações dos candidatos medíocres somente contribuem para
empobrecer o pleito eleitoral, que legalmente existe exatamente para se
viabilize a apresentação dos candidatos com o seu arsenal de programas de
governo, cuja discussão tem por escopo justamente se mostrarem aos eleitores as
qualidades e as potencialidades dos concorrentes aos cargos públicos eletivos,
de modo que as propostas devam se revestir de extrema fidelidade, para que a
seriedade seja capaz de contribuir para a melhor escolha daquele que realmente
tem condições para representar com dignidade o povo, na forma preconizada na
Carta Magna.
Nas últimas campanhas, o partido do governo não
teve o menor escrúpulo em levantar calúnia contra seus adversários, notadamente
os que estavam ameaçando superar, em preferência do eleitorado, a candidata
oficial, sempre com a finalidade de destruí-los e enfraquecê-los política,
moral e eleitoralmente, tendo, lamentavelmente, conseguido sucesso em todas as
investidas indecorosas, grosseiras e desleais.
Nada poderia ter sido mais deprimente do que massificação
da versão petista de que a ambientalista era a candidata dos banqueiros, cuja
ilustração do cenário aparecia o maldoso e perverso sumiço de pratos de comida,
empregos e salários da família brasileira, para aumentar a dramaticidade e
impressionar os eleitores de todas as classes sociais, que certamente
acreditaram nessa triste e vergonhosa farsa, porquanto a preferência da aludida
opositora simplesmente despencou nas pesquisas e nunca mais foi restabelecida.
O pior é que as mentiras deslavadas continuam mesmo depois das campanhas
eleitorais, a exemplo do que aconteceu com o governador de São Paulo, que teria
garantido que não havia racionamento de água, ainda que visível a seca da
Cantareira, mais ele negava a falta d'água, mas, tão logo foi eleito, ele mudou
o discurso, para afirmar que “há
racionamento, mas não há tanto assim e, pensando bem, o que há é uma restrição
hídrica", o que, em tese, equivale literalmente a racionamento de
verdade.
Já no caso da presidente petista, ela teria se
arvorado em anunciar, em pronunciamento na TV, ainda no primeiro mandato, em preparado
ensaio pré-candidatura à segunda gestão, com o maior orgulho no peito, que os
brasileiros teriam, pela primeira vez na história do país, extraordinária
redução na conta de luz de 20%.
Contudo, diante da situação adversa, em razão da crise que já se abatia
sobre o setor energético, com as geradoras, transmissoras e distribuidoras em
verdadeiro colapso, dando sinais de perspectivas sombrias para a população, a
presidente teve crise de amnésia na campanha eleitoral e sequer mencionou o
fato nos seus programas e simplesmente sepultou o assunto que teria sido
anunciado de forma triunfal e heroica do seu governo.
A mandatária do país transferiu a incumbência de
tratar das mazelas do seu governo para os ministros da Fazenda, que é o pai dos
ajustes fiscal e econômico e a pessoa que sofre os ataques e as críticas
devidas à presidente, e das Minas e Energia, que cuida do tarifaço que pode superar
os 40%, que foi capaz de emudecer a petista.
E o mais grave de tudo isso é que, de mentiras,
acusações maldosas e destruições dos adversários, nas próximas eleições, os
arsenais de indignidades e de falta de personalidades voltarão com o devido
aperfeiçoamento e certamente ainda com mais crueldade, sob os auspícios dos
inescrupulosos e maquiavélicos marqueteiros, em maléfica e lastimável
contribuição à continuidade do ultrapassado e anacrônico sistema
político-eleitoral.
O que se percebe é que, apesar da maravilhosa evolução
da humanidade, com múltiplos e imensuráveis benefícios para homo sapiens, os políticos
não conseguem se conscientizar sobre a imperiosa necessidade de tratar a
política e administração pública com seriedade e dignidade, como forma de
valorização das atividades políticas, que deveriam ser usadas tão somente para
o atingimento do bem comum, com embargo das promessas mentirosas e das
acusações deprimentes, que não condizem com a decência e a dignidade próprias
da democracia.
A propósito, impende frisar que a politicagem
rasteira de destruição da dignidade humana, presente na campanha eleitoral,
somente encontra guarida nas piores republiquetas, onde são ignorados os
princípios da ética, do respeito ao semelhante e da civilidade, diferentemente
do que acontece nos países evoluídos democraticamente, onde são debatidas as
questões que interessam exclusivamente ao interesse público, em benefício do
aperfeiçoamento democrático.
Urge
que a sociedade se conscientize sobre a premência de se evoluir, acompanhando o
ritmo do desenvolvimento da humanidade, como forma de se perceber que a
sujeira, a imundície, da propaganda eleitoral, com a deliberada finalidade de
destruição de adversários, com o propósito de tirar proveito da situação,
constitui medida de indignidade que precisa ser repudiada com a eliminação da
vida pública dos trogloditas inescrupulosos que adotam tais recursos deletérios
da sadia democracia, que deve ser praticada pelas pessoas civilizadas e
evoluídas, em harmonia com os avanços da humanidade, na prática do bem comum,
em benefício social. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 14 de maio de 2015
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