terça-feira, 26 de maio de 2015

Mobilização contra a criminalidade

A qualquer momento e todo instante, não importa o dia nem a hora, a onda de violência e de criminalidade se expande cada vez mais e ganha força no país afora, com destaque para as metrópoles, onde há constantes confrontos entre narcotraficantes ultra-armados e policiais quase sempre despreparados para o enfrentamento da guerra urbana e com armamento desproporcional ao arsenal bélico dos bandidos, cujo resultado dessa batalha tem como saldo negativo a morte de pessoas inocentes, que são vitimadas no meio das lutas travadas a céu aberto, sem a menor precaução quanto à vida da população que, desprotegida, está sucumbindo às balas que de perdidas não têm nada, pois elas estão indo literalmente em rumo certo, na direção da vida de gente de paz.
Os delinquentes, além de cometerem crimes bárbaros de assaltos, assassinatos, estupros e outras violações legais, ainda menosprezam e debocham das vítimas com risos e gozações, em evidente demonstração da banalidade de suas maldades, diante da certeza da impunidade, do imobilismo e da inércia das autoridades incumbidas da segurança pública, que são constituídas apenas para garantir a ridícula continuidade das precariedades nesse sistema, que, apesar de ser tão criticado, mesmo assim permanece com suas deficiências, omissões e falta de zelo com relação ao seu dever institucional, exatamente devido à falta de priorização por parte do Estado, demonstrando, com isso, total desvalorização, em especial, das vidas humanas.
É comum, nos grandes centros urbanos, a incidência de arrastões por pessoas armadas até os dentes, fazendo uso de armas pesadas e de bastantes munições, bem superiores aos armamentos disponibilizados para o policiamento, que não tem como competir de igual para igual com os poderosos do tráfico de drogas, que também têm acesso livre e facilitado aos seus intocáveis covis.
Não se pode ignorar a escandalosa disparada das explosões de caixas eletrônicos bancários, que se espalham país afora, numa escalada absurda e alarmante, em clara evidência de que o crime se encontra completamente incontrolável, em demonstração de completa desmoralização das autoridades instituídas e da ordem pública, em comprovado estado de real descalabro da falta de comando que toma conta da nação, como se o país fosse terra ninguém.
Diante da inércia e da irresponsabilidade das autoridades incumbidas de cuidar da segurança pública, moradores de algumas regiões do país resolveram, por iniciativa própria, adotar atitudes agressivas e de revides, com muita violência também, como forma de se promover justiça com as próprias mãos, em completa inversão da incumbência primária do combate à criminalidade, que recai exclusivamente às autoridades públicas, que foram instituídas na forma constitucional com essa finalidade, que contam com recursos orçamentários arrecadados por conta dos tributos pagos pelos cidadãos, com a destinação de suprir a primacial função de segurança púbica, compreendendo a integralidade de suas dimensões de proteger a sociedade.
Não há dúvida de que a população se tornou refém da criminalidade e o pior é que, apesar do notório falecimento das políticas públicas, destituídas de priorizações quanto à valorização do interesse público, nenhuma iniciativa, quer por parte do Executivo ou do Legislativo, aparece no sentido de equacionar e solucionar esse grave problema de segurança pública, como se ele inexistindo para as autoridades públicas, em face da completa proteção por conta dos contribuintes, a população tivesse que pagar pelos completos desprezo e desinteresse pela sublime causa da defesa da vida humana e do patrimônio construído com esforço e trabalho dignos, cujos valores estão sendo destruídos pela mão maligna da criminalidade, que não tem limites para cometer abusos e violações, em total prova de degeneração que acontece exatamente pela irresponsável inércia dos homens públicos, que são insensíveis ao clamor da sociedade por urgente socorro à proteção à dignidade humana, que deveria prevalecer em nome da paz e da harmonia.
Neste país de pouca ou nenhuma preocupação com a integridade física da vida das pessoas, há muito tempo os valores humanos estão completamente invertidos, pela inversão da ordem natural, porquanto os bandidos têm o poder para comandar suas ações criminosas e as pessoas de bem vivem cercadas em suas casas, à mercê da delinquência, enquanto o Estado não esboça o menor esforço para combater com vigor a criminalidade generalizada no país.
Em que pese a indignação da população, que não aguenta tanto descaso por parte dos governantes sobre insegurança pública reinante no país, as autoridades públicas fecham os olhos para as causas dessa grave e profunda tragédia, notadamente por permitirem a caducidade da legislação penal, que se perde no tempo, quanto à falta de atualização e de aperfeiçoamento, cujos conceitos fazem parte da sensibilidade política dos países sérios, responsáveis, evoluídos e cônscios sobre a importância da vida humana, que precisa ser protegida com medidas capazes para combater a criminalidade com instrumentos eficientes e eficazes, mediante a existência normas penais capazes de punir os infratores com penas duras e exemplares, como forma de se evitar e se prevenir o crime, além da criação de programas ocupacionais de socialização, que levem à valorização dos sentimentos da vida humana, na mais plena extensão, notadamente no âmbito da população de maior carência da presença das ações do Estado, que tem sido bastante omisso e responsável pela fragilização dos princípios humanitários, justamente por sua ausência onde mais há necessidade.
O povo precisa exigir, diretamente dos homens públicos, atitudes efetivas e concretas que levem a estudos e aperfeiçoamentos, com vistas à modernização do obsoleto Código Penal, para que a inserção de normas atualizadas, à luz das conquistas sociais e humanitárias, sejam harmonizadas com a realidade brasileira, de modo que as penas sirvam efetivamente de lição e de medida pedagógica, capazes de mostrar que o crime não compensa e por isso ele deve ser evitado, à vista do peso da responsabilidade da obrigação de ter que cumprir pena compatível com o dano causado à sociedade e ao Estado.
Há forte sentimento da população em defesa da redução da maioridade penal até mesmo para idade inferior a 16 anos e a pena de morte, como forma de afastar do convívio social os segmentos prejudiciais e nocivos aos princípios humanitários e a preservação do ser humano, à vista da preservação das vidas que estão sendo condenadas diária e injustamente à pena de morte pela horda da criminalidade, que tem poder supremo para agir impunemente para tal, com o beneplácito das autoridades públicas, que se declaram contrárias à redução da maioridade penal, mas são extremamente incapazes de se mobilizar com vistas à adoção de medidas eficientes em resposta legal à destruição da sociedade acuada, desprotegida e desesperançada, diante do descalabro imposto pela bandidagem, que age cruel, abusiva e desenfreadamente, com o beneplácito do império da impunidade vigente no país de ninguém, que tem a competência e a eficiência de impingir aos cidadãos uma das maiores cargas tributárias do mundo, mas demonstra profunda incapacidade para proteger a população.
Os brasileiros já estão saturados e revoltados com o descaso do governo, principalmente com relação às políticas de segurança pública, a ponto de assimilar prontamente os crimes cometidos no cotidiano contra os cidadãos de bem, por terem o efeito de atingir indiretamente a sociedade, em razão de causar medo generalizado e em potencial, à exceção aos defensores dos direitos humanos, que os enxergam e os aplicam somente com relação aos delinquentes, quando, pela ordem natural de racionalidade, eles deveriam ser direcionados para o lado contrário.
Diante do quadro caótico e de calamidade que se encontra a segurança pública nacional, ante o abandono pelas políticas públicas, compete à sociedade reagir e se mobilizar para tomar a iniciativa quanto à urgente necessidade da revolução nessa área, com vistas a se exigir a atualização e modernização da legislação penal, para ser modelo de punição e correção pedagógica contra a criminalidade, à luz da modernidade alcançada no mundo civilizado e desenvolvido, além da adoção de políticas públicas de cunho exclusivamente voltado para a solução das mazelas que imperam nas comunidades carentes da presença do Estado, em todas as ações de valorização dos princípios humanitários. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 25 de maio de 2015

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