sexta-feira, 1 de maio de 2015

Os espantosos e infrutíferos esforços

Ainda diante da notícia sobre a iminente execução do brasileiro narcotraficante, que foi condenado à pena de morte pelo governo indonésio, o governo do Brasil disse, na ocasião, que manteria esforços diplomáticos para tentar evitar o fuzilamento, segundo informação prestada pelo Itamaraty.
O paranaense foi preso em julho de 2004, quando tentava ingressar na Indonésia com 6 quilos de cocaína, escondida em pranchas de surfe, tendo sido condenado à morte em 2005.
O Ministério das Relações Exteriores foi notificado sobre a execução do brasileiro, o que vale dizer que a mais alta corte indonésia teria rejeitadas as últimas apelações de prisioneiros que integram o "corredor da morte".
O Itamaraty chegou a convocar o encarregado de negócios da Indonésia, em Brasília, à sede da chancelaria brasileira para transmitir ao diplomata asiático mais um pedido do governo brasileiro, na tentativa de suspender a pena de morte.
O governo brasileiro ressaltou que, em que pese a notificação oficial sobre o desfecho em breve do imbróglio, mesmo assim ele continuaria com os contatos regulares de "alto nível" para tentar convencer a Indonésia a reverter a execução por razões humanitárias, porquanto é grave o quadro de saúde do brasileiro, conforme comprovam vários laudos médicos apresentados às autoridades indonésias, evidenciando que ele sofre de esquizofrenia. Ocorre que o brasileiro foi reavaliado por equipe médica indonésia, mas o resultado do laudo pertinente sequer foi divulgado.
O Itamaraty disse que o Brasil respeita a soberania da Indonésia e reconhece a gravidade do crime cometido, mas afirmou que os diplomatas brasileiros continuariam prestando a assistência consular cabível "enquanto for possível", em defesa dos interesses do brasileiro.
Causou o maior espanto a presidente brasileira ter se manifestado por ocasião do primeiro fuzilamento de brasileiro pela Indonésia, dizendo-se “consternada e indignada” com o ocorrido, fato esse que chegou a causar ruptura diplomática entre o Brasil e o país asiático, a ponto de ter sido convocado o embaixador brasileiro em Jacarta para consultas.
Não há a menor dúvida de que a execução dos brasileiros evidencia caso que envolve sentimentos humanitários, ante a deliberada eliminação de vidas humanas, mas os condenados não eram inocentes nem tampouco se poderia alegar inculpabilidade ou desconhecimento da norma sobre a pena de morte para os traficantes de drogas, ou seja, estava presente na situação completa imbecilidade e ingenuidade por parte de quem tentou defender criminosos para isentá-los do castigo correspondente ao dano que eles causariam à sociedade.
É absolutamente incompreensível que o governo brasileiro tenha mobilizado alto aparato da cúpula do Itamaraty para defender a honra de bandidos, mediante a insensibilidade de ignorar a falta de segurança para proteger os cidadãos de bem, que são reféns de traficantes e bandidos, quando ele deveria, primeiramente, preocupar-se em aperfeiçoar e modernizar a legislação penal para combater a criminalidade e punir exemplarmente os delinquentes, com destaque para aqueles integrantes do submundo das drogas.
O governo brasileiro despreza os problemas de toda ordem existentes na sua porta e se empenha na defesa de traficantes, quando as pessoas que trabalham e pagam pesados tributos estão na perigosa mira do fuzilamento todos os dias, sem que nada seja feito para combater essa trágica e incômoda situação de insegurança e de falta de proteção.
É bastante vergonhoso para os brasileiros serem comandados por alguém que não se ruboriza em defender criminosos, que teriam contribuído para destruir vidas humanas e famílias, com suas malditas drogas, que só causam infortúnio e desgraça.
Também causa perplexidade o enorme esforço do governo brasileiro de ter tentado demover país independente a aplicar a sua lei penal, em razão da violação dos princípios instituídos para a proteção de seu povo, fato de fere claramente os modernos e evoluídos conceitos da diplomacia internacional, que aconselham não intervenção na soberania das nações.
Na realidade, a Indonésia apenas aplicou a legislação de combate à criminalidade, que precisa funcionar e mostrar a sua eficácia, sob pena de fragilizar a ação do Estado sobre a bandidagem, a exemplo do que ocorre no país tupiniquim, onde a delinquência tem total autonomia para exercer livremente suas práticas delituosas, permanecendo absolutamente impune, uma vez que a legislação penal é branda e completamente ineficaz, quando aplicada.
Trata-se de extrema hipocrisia por parte de alguém que demonstre peninha ou compaixão por narcotraficantes, como se eles fossem dignos de piedade e de clemência, sentimentos esses que eles não tiveram para com os usuários de suas drogas letais, que infernizaram e mataram impiedosamente inocentes.
Como o Brasil é, historicamente, o país da impunidade crônica, por ter seu ordenamento jurídico obsoleto e de extrema fragilidade para condenar de forma modelar os crimes prejudiciais à sociedade, conviria que o governo, ao invés de defender criminosos, incentivasse a ida de narcotraficantes para a Indonésia, acompanhados do seu produto negocial, como medida capaz de diminuir a bandidagem que tomou conta das metrópoles brasileiras, sem que as autoridades se preocupassem com a degradação social, à vista da quase inexistência de combate ao tráfico de drogas no país, quando o ideal seria haver penas duras, a exemplo das existentes na Indonésia e noutros países responsáveis pelo zelo e pela integridade da sua população.   
À toda evidência, não se pode acreditar, de sã consciência, na sinceridade da presidente brasileira, por ela se dignar a defender justamente criminosos que, à toda evidência, a sociedade abomina, quando o correto deveria ela se mostrar isenta de opinião e empenho em favor de narcotraficantes, em homenagem à liturgia do importante cargo que exerce em nome do povo, que certamente não concorda com essa ideia absurda de considerar traficantes de drogas alvo dos maiores cuidados, como se eles fossem heróis nacionais, quando eles são meros delinquentes, porém da pior índole humana, que tiveram a indignidade de se envolver no submundo das drogas, que têm o poder altamente destruidor da vida humana.
Então, por qual razão o governo brasileiro se esforça tanto para defender quem não se preocupou em preservar a vida do seu semelhante?          
O certo mesmo é que fica no ar gigantesca dúvida sobre as reais intenções de autoridade pública se empenhar e se solidarizar com criminosos da pior qualidade - quando questões essenciais ficam relegadas a planos secundários -, a ponto de mobilizar a nata da diplomacia do país para adotar esforços na tentativa de salvar a vida de quem contribuiu para sacrificar e liquidar a vida de seu semelhante e ainda infernizar a tranquilidade de muitas famílias mundo afora, em completa dissonância com os princípios humanitários, que os governantes têm o dever e a responsabilidade primaciais de defendê-los, como forma de preservação da vida e dos direitos humanos. Acorda, Brasil! 
                                 
          ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
          Brasília, em 1º de maio de 2015

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