O atual ministro da Educação, que é filósofo político
e professor universitário de ética aposentado, teria afirmado, em entrevista publicada
pela revista "Brasileiros", que a presidente da República não faz
política, tem concepção "autoritária" de governo e não dá autonomia
aos ministros.
Na entrevista concedida anterior à sua posse no
cargo, o professor disse que o governo foi "uma decepção do ponto de vista econômico" e por isso é
obrigado agora a adotar política "tucana".
Segundo o mestre de ética, trata-se de uma
concepção de governo que não precisa prestar contas à sociedade sobre seus atos
e se mostra muito inquietante, porque é, no limite, autoritária, uma vez que
são adotadas as medidas que as considera necessárias, mas não tem a obrigação
de explicá-las, mesmo tendo prometido fazer uma coisa, mas está fazendo exatamente
o contrário.
Para o professor, a presidente do país "prometeu fazer uma coisa e está fazendo o
contrário", em razão, segundo afirmou, de uma concepção de governo
"no limite, autoritária",
pela qual "não precisa prestar
contas à sociedade".
O professor avalia que poucos ministros têm autonomia
no governo, como os da Fazenda e da Cultura, enquanto os demais "continuam tendo as orelhas puxadas cada vez
que falam uma coisa de que ela (Dilma)
não gosta". Na concepção dele, o ministro da Fazenda tem autonomia
porque "talvez seja o único ministro
indemissível" e o da Cultura porque "tem força no meio cultural" e orçamento pequeno, o que dá
"grande autonomia".
O novo ministro também fez crítica ao PT, ao
afirmar que o partido "desocupou o
espaço que tinha" e está deixando um "vazio" na política, fato que deu força ao PMDB.
Embora o novo ministro tenha tecido ácidas críticas à
posição "autoritária" da presidente da República, isso, na verdade,
somente teve valia até antes de ser convidado para assumir o cargo, porque a
sua entrevista logo vai ser declarada como um mal entendido, uma interpretação
equivocada, pelos meios de comunicação, que tiveram a infelicidade de distorcer
os fatos, porquanto o que consta escrito não reflete exatamente o seu
pensamento político sobre a altíssima capacidade política da petista, que vem
conduzindo o país, na concepção dele, com muita competência e enorme visão de
estadista que é capaz de vislumbrar as deficiências e solucioná-las com
espírito público em consonância solidária e participativa.
Aos bons entendedores, causa enorme apreensão a referência
ao retorno do mestre, tendo em vista a dúvida quanto ao exato sentido do termo,
ante a forma deletéria como o país vem sendo governado, à vista dos resultados
da economia, com a indicação de que o Produto Interno Bruto se aproximou de
zero, demonstrando nada de desenvolvimento, mas de muito sufoco na
administração dos fatores produtivos do país.
Salvo se for o retorno do mestre da mágica
generalizada, porque o país precisa muito de competência e de eficiência na
gestão dos recursos públicos, respeitados os princípios fundamentais da
administração pública, em estrita observância dos conceitos de dignidade,
moralidade e honestidade.
Este país é mesmo cheio de contrastes e de
incoerências, como tal de difícil compreensão nesse caso de um professor de ética
se dizer eleitor do PT e ainda concordar em fazer parte do governo dele, que, à
luz solar, esse partido vem demonstrando que o princípio da ética tem sido bastante
maltratado, desprezado e ignorado, a ponto de deixar a sociedade desolada e
abismada, conforme os movimentos de protestos evidenciando forte insatisfação
contra a corrupção que foi potencializada nesse governo, que não tem sido capaz
de mostrar à nação que ética não se pratica com simples falácia, mas com
atitudes concretas de ação efetiva contra a corrupção, algo que não tem sido
feito até o momento, à vista do inadmissível e lastimável caso da Petrobras.
Urge que o governo se inspire na profissão do
ministro da educação para resolver, com urgência, implantar na administração do
país e observar fielmente o consagrado princípio da ética, como forma de
moralização tão necessária à modernização, à eficiência e à competência na
gestão dos recursos públicos e ainda como forma de atender, satisfatoriamente,
os interesses exclusivos dos brasileiros, que têm sido violados diante da
ganância da classe política dominante, que conseguiu impor seu ideário
populista de governabilidade, com claros prejuízos aos princípios republicano e
democrático. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 09 de maio de 2015
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