domingo, 17 de maio de 2015

Legados de irresponsabilidades

Ao se aproximar do primeiro aniversário da Copa do Mundo de Futebol, realizada no Brasil, é oportuno se relembrar o pífio desempenho da Seleção Canarinha, que se assemelha, sem retoque, o atual retrato da administração do país: improvisada, sem estratégia e fracassada na execução das políticas públicas, completamente fora do foco da realidade do país.
Trata-se da copa mais cara da história das copas, quando o governo não teve o menor escrúpulo para gastar mais de 30 bilhões somente para satisfazer o capricho e a prepotência de governo que não foi capaz de avaliar as consequências de tanto dinheiro jogado pelos ralos da imprevisibilidade e da irresponsabilidade administrativas, que a justiça divina soube compreender sabiamente que o sacrifício orçamentário não seria compreendido pela seleção de somente um craque, que foi alijado do certame justamente para que se operasse a realidade dos fatos.
A sábia justiça divina apareceu em bom momento, tendo impedido que o acaso e a euforia colocassem cortina de fumaça sobre a realidade do Brasil, que foi capaz de realizar a copa mais cara da história do futebol mundial, cujas obras, como sempre, foram superfaturadas, por que realizadas na exiguidade do tempo, quando é sabido que os 12 faraônicos estádios foram concluídos ou entregues com atraso, sob ameaças da Fifa de chutes no “traseiro” do governo, os quais, na sua maioria, estão agora funcionando como verdadeiros elefantes brancos, sem utilidade e ainda exigindo altíssimo custo de manutenção, sob os auspícios dos bestas dos contribuintes.
O certo é que Brasil foi obrigado a embarcar no clímax da copa, entorpecido pela fraude travestida de governo popular, que foi capaz de arranjar farsa, mentira, ilusão, que muitos brasileiros embarcaram nesse engodo, bancado pela dita "odiada classe média", que teve recursos para bancar os preços altíssimos dos jogos, impensáveis pelos pobres, eternos “protegidos” pelo governo.
Outro absurdo também foi operado no evento, que teve segurança nunca vista na história do país, uma vez que houve a mobilização das odiadas (pelo governo) Forças Armadas e das despreparadas Policias Militares, que atuaram em conjunto e tiveram competência para garantir a segurança de atletas, delegações, chefes de estado, turistas e torcedores, cujo aparato militar, como era de se esperar, foi imediatamente desbaratado ao término do evento, deixando a população à mercê da criminalidade e da bandidagem, depois da perfeita mobilização preparada, com os mínimos cuidados, apenas para turista ver, em alusão ao clássico adágio: “para Inglês ver”.
Apesar dos pesares, a brilhante presença da seleção alemã, com a sua seriedade e competência foi capaz de tirar a venda e o entusiasmo pelo efêmero e deixar à luz solar o verdadeiro e gigantesco engodo, recheado de muita mentira sobre possível legado, que não passou senão do astronômico rombo nas contas públicas, quando o governo foi obrigado a assumir o pagamento de conta bastante salgada, a par de continuar com o pesadelo da péssima prestação dos serviços públicos, representada pela deficiência na saúde, na educação, nos transportes, na infraestrutura, no saneamento básico e, enfim, nos investimentos em obras, que são a verdadeira marca do legado trágico da copa das copas, que jamais deveria ter sido realizada no Brasil, sem que antes fossem superadas as mazelas prejudicais ao bem comum da população.
Embora o placar de 7x1 possa representar verdadeiro massacre, esse incômodo resultado se transformou em importante lição de sabedoria para se compreender que o evento até poderia ter sido realizado no Brasil, mas jamais nas condições de privilégio sobre as causas da população carente, que continuou a enfrentar as mazelas, as precariedades e os entraves de sempre, notadamente na péssima qualidade dos serviços públicos, por força da desastrada condução das políticas econômicas e da desmoralização que inferniza a administração do país.
À vista do expressivo significado do resultado em si, os brasileiros são eternamente agradecidos aos alemães por esse valioso presentão, ante a contribuição à reflexão e à conscientização sobre a realidade brasileira, que somente poderiam suscitar mediante resultado expressivamente adverso e desfavorável, que não precisava de tanta judiação e de terrível crueldade, porque poderia ter sido uma surra com a diferença de apenas alguns golzinhos, em respeito ao passado de excelência e de destaque do esquete Canarinho, mas o que importa é o resultado.
O certo é que os alemães prestaram importantíssima contribuição aos brasileiros, por ter cortado pela raiz as pretensões petistas de fazer uso do sucesso da Copa do Mundo para fins eleitoreiros, como forma de mostrar que, pelo menos, no caso desse evento, eles teriam atuado com competência, como forma de validar os suntuosos despendidos no evento, mesmo em detrimento dos interesses públicos.
Não há dúvida de que o governo gostaria muito de se beneficiar dos louros da Seleção brasileira, como sendo forma de recompensa por ter se empenhado para o Brasil sediar a copa, em que pese ter gastado bilhões de verbas públicas em empreendimentos privados, sem nenhum benefício para o interesse público, como deve ser a aplicação do dinheiro dos bestas dos contribuintes, princípio esse que o governo simplesmente menosprezou e ainda pretendia tirar proveito eleitoreiro dessa lastimável irresponsabilidade.
Estava mais do que na cara de que uma seleção com o perfil do próprio Brasil não estava preparada para ganhar coisa nenhuma. A sua fragilidade ficou patente com a soberania da Alemanha, que impôs seu futebol coletivo e bem organizado sem a menor dificuldade, mesmo jogando na casa do seu adversário. 
Nunca se viu nada tão desastroso na história da Seleção Brasileira de futebol, como nessa derrota humilhante, tendo conseguido frustrar as esperanças de duzentos milhões de brasileiros, em tão pouco tempo de jogo e em pleno Mineirão, que foi banhado por rios de lágrimas, que se reverteram em benefícios para os brasileiros, à vista do que poderia ter acontecido caso o resultado tivesse sido outro.  
Na verdade, as lágrimas pela derrota sofrida e dorida para os alemães são as mesmas que os brasileiros, conscientizados sobre a gravidade das crises econômica, política e administrativa, estão derramando agora com o amargor da desastrosa administração do país, como continuidade de pesadelo que é de grande proporção e se apresenta, infelizmente, como quem veio para ficar eternamente, para infernizar muitas gerações, que devem se apegar às forças divinas para iluminar os caminhos do país, em busca da reconstrução dos princípios essenciais à retomada do progresso. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 17 de maio de 2015

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