Diante das incertezas quanto ao futuro do líder-mor
do PT, o ex-governador da Bahia e ex-ministro da Casa Civil do último governo
petista tinha as melhores condições para ser indicado como candidato do partido
ao Palácio do Planalto, em lugar de seu maior cacique.
O aludido político gozava do prestígio da liderança
petista, por ainda se manter fora das investigações que abrangiam basicamente a
cúpula do partido, a começar do principal político da agremiação e que levaram seus
principais líderes aos tribunais e às prisões, em razão da prática de atos de
corrupção, conforme as denúncias de delatores à Operação Lava-Jato.
Não obstante, essa opção pode ter ido de morro
abaixo, depois da deflagração da Operação Cartão Vermelho, realizada pela
Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal, que investiga as despesas
com a reforma, para a copa do Mundo, da Arena Fonte Nova, em Salvador, quando
foram efetivadas buscas e apreensões em dependências de propriedade, entre
outros, do possível substituto do todo-poderoso, sob a suspeita de esquema de
fraude em licitações, superfaturamento, desvio de verbas públicas, corrupção e
lavagem de dinheiro.
Segundo o resultado das investigações, o
superfaturamento na reforma do estádio teria atingido 190% acima do valor
inicial, no importe estimado de R$ 684 milhões, que teriam sido destinados para
o petista e outros membros de seu governo.
A Polícia Federal informa que o petista teria recebido
a cifra de R$ 82 milhões em doações eleitorais e propinas que ajudaram a
financiar a campanha vitoriosa do atual governador da Bahia.
Como tem sido a praxe em casos que tais, o partido relembrou
o velho e surrado mantra da “perseguição
contra o partido”, dando a entender que estão errados aqueles que acusam os
petistas, como aconteceu recentemente, em que o político-mor pediu a exoneração
dos cargos dos juízes da Operação Lava-Jato, a bem do serviço público, como se
eles tivessem praticado algo errado, contrário ao interesse público, em total
inversão da verdade e dos princípios republicano e democrático.
A Polícia Federal esclareceu que o superfaturamento
na reforma da Arena Fonte Nova teria sido forma de o então governador da Bahia
quitar dívida, no valor de R$ 390 milhões, da Companhia de Engenharia Hídrica e
de Saneamento da Bahia (Cerb) com a Odebrecht.
Nessa operação de buscas e apreensões, entre outros
elementos, também foram recolhidos da residência do petista coleção de 15
relógios de luxo, que se destinariam a agradar, em forma de presente caríssimo,
aliados e amigos.
A propósito, um ex-executivo da Odebrecht declarou,
em sua delação premiada, que havia presenteado o petista com relógio do valor de
R$ 20 mil, no aniversário dele.
O político baiano alegou que os relógios são apenas
réplicas, tendo afirmado: “Como eu fui
algumas vezes à China, eu comprei alguns relógios de réplica”, mas é muito difícil
de se acreditar nessa versão, quando se sabe do seu acurado gosto por relógios
de marca.
É
muito difícil os brasileiros acreditarem em alguém do cenário político, na
atualidade, considerando que o principal político do país, com maior carisma
entre os pobres - diante da sua aparente desinformação sobre a realidade do
Brasil -, não consegue se desvencilhar das teias da Justiça, por já ter sido
condenado à prisão, por mais de doze anos, pela prática de crimes de corrupção
passiva e lavagem de dinheiro, além de ainda responder na Justiça, como réu, a
seis processos, em razão de denúncias da possível prática dos crimes de
corrupção passiva, lavagem de dinheiro, tráfico de influência, organização
criminosa e obstrução à Justiça.
Esse
conjunto da obra leva à ilação de que, se ele estivesse em um país sério,
civilizado e evoluído, em termos políticos e democráticos, sequer pensaria em
ser candidato a cargo público, muito menos ao de príncipe da República, por se
exigir do homem público a comprovação de idoneidade e reputação ética e moral,
à luz dos princípios democráticos, que têm como rigoroso pressuposto a marca na
sua fronte da imaculabilidade, ou seja, que não esteja com quaisquer
implicações na Justiça, o que não é o caso do petista.
Apesar
disso, o político, de forma inexplicável e injustificável, insiste em se
candidatar, quando, à toda evidência, não consegue comprovar, na Justiça, a sua
tão decantada inocência, que somente ele e seus devotados simpatizantes
conseguem acreditar em meras falácias.
A
verdade é que a materialidade da prática dos atos inquinados de irregulares
serviram de base consistente para a formatação das sentenças condenatórias no
caso do tríplex, sabendo-se que magistrado, por mais medíocre que possa ser,
jamais teria coragem de aplicar pena de prisão a um ex-presidente, quando é
notório que ele pode incorrer em crime de prevaricação se sentenciar senão com
base nos elementos probantes existentes nos autos.
Por
certo, esse fato não teria ocorrido nas sentenças já prolatadas na Operação
Lava-Jato, porque os advogados do petista não levantaram uma pena de suspeita
sobre a possível inexistência de provas nos autos, justamente na suposição de
que os elementos constantes dos autos estão revestidos da robusteza tal que
seria ingenuidade da sua parte se questionar, pela via judicial, a possível
inexistência de provas, à vista inocuidade do seu resultado.
Para
complicar ainda mais o processo político do partido que se diz o mais ético e
moral do país, o eventual indicado para satisfazer o seu plano "B",
ou seja, de possível futuro substituto do líder-mor, é suspeito do recebimento
de propinas, fato que compromete de vez os planos da agremiação, diante da completa
escassez de homens públicos no partido com conduta absolutamente imune à
prática de corrupção.
Esses
fatos incompatíveis com as práticas políticas contribuem para que os
brasileiros procurem se esforçar da melhorar forma de avaliação sobre os homens
públicos, que precisam provar condições suficientes de dignidade capaz para representá-los
politicamente, sob a luz dos salutares princípios republicano e democrático,
não mais permitindo, diante disso, que a degeneração dos conceitos ético e
moral continue incólume na administração do país. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 4 de março de 2018
Nenhum comentário:
Postar um comentário