quinta-feira, 29 de março de 2018

É preciso ter herói


Na crônica que fiz narrando alguns episódios pitorescos sobre a minha visita recente a Uiraúna, Paraíba, minha terra natal, teve um momento muito especial que preciso deixar registrado para o conhecimento dos uiraunenses e o faço aqui por considerar que ele é da maior importância não somente na minha vida, mas para a história da aludida cidade.
Entre muitos momentos de satisfação, certamente que um deles me tocou profundamente e diz respeito à visita à Câmara de Vereadores Olinto Pinheiro, a Casa do Povo de Uiraúna, quando ali compareci a convite de seu ilustre presidente, o vereador Joaquim Marcelino de Lira Neto.
Na ocasião, tive a subida alegria de distribuir aos senhores vereadores meu livro intitulado “Lapidando os Fatos”, onde sintetizei e eternizei singela homenagem ao sempre amado Grupo Escolar Jovelina Gomes, que foi transformada em momento memorável e inesquecível, diante da acolhida e do comparecimento ao evento de queridos professoras da época, familiares e amigos, especialmente dos famosos construtores da “Catedral dos Pássaros”, os queridos primos Ciro Fernandes e Eudim de Amâncio, acompanhados de familiares.
A recepção na Casa do Povo não poderia ter sido melhor, porque fui honrado pelo convite para compor a mesa, juntamente com Ciro e Eudim, tendo sido prestigiado pelos nobres vereadores, a começar por seu presidente, já mencionado acima, que também me franqueou a palavra, conforme transcrevo abaixo, em forma de apelo que fiz aos nobres vereadores.
Estavam presentes à sessão, além do presidente, os ilustres vereadores Francisco Marcondes da Silva, Francisco Benevenuto Claudino de Almeida, Francisco Alves de Queiroz, Antonio Carlos Olímpio da Cruz e José Fernandes Moreira, que demonstraram extrema generosidade nas suas palavras, pondo em relevo meu trabalho literário, sobrelevando-o como sendo de grande relevância para o engrandecimento do nome de Uiraúna, por eu ser seu filho, cujas manifestações me causaram enorme satisfação, pela forma carinhosa como eles se expressaram também em nome de meus conterrâneos.
Quero destacar que também considero da maior importância o uso da palavra que me foi franqueada, como disse antes, pelo senhor presidente, que foi vazada exatamente nos termos a seguir:
É grande honra para mim fazer uso da palavra nesta colenda Câmara de Vereadores.
Tenho a satisfação de me dirigir a Vossas Excelências, para propor a criação dos títulos de “Herói de Uiraúna” e de “Heroína de Uiraúna”, na forma de artigo de minha lavra e de projeto de lei e respectiva justificativa, além de esclarecimentos sobre o significado do que seja “Cidadão Uiraunense” e “Moção de Aplauso”, em relação ao título de “Herói de Uiraúna”, cujos documentos entregarei ao senhor presidente.
A concessão do título de “Herói” é forma sublime de reconhecimento prevista no âmbito nacional, com relação àqueles que deixaram legado inigualável na sua vida, com amparo na maior forma de expressão cívica e humanitária da maior relevância para a cidade, a evidenciar trabalho ímpar e fora de série, servindo de exemplo para as gerações.
Os homens públicos precisam se dignar a reconhecer o esforço daqueles que se dedicaram em prol de causas nobres e que, no sacrifício pessoal, conseguiram contribuir para o benefício da comunidade e Bonifácio Fernandes preenche os requisitos exigidos para o honroso título de “herói”, à vista do seu fantástico legado de dedicação e amor ao ser humano.
Uiraúna precisa eleger seus heróis, para que isso sirva de marcante exemplo para as gerações, como forma de demonstração de valor cívico a ser cultuado nos corações dos cidadãos.
Nesse sentido, faço apelo aos Excelentíssimos Senhores vereadores de Uiraúna que aprovem a criação dos títulos de “Herói de Uiraúna” e de “Heroína de Uiraúna”, de modo a se materializar e se resgatar a importância daqueles que deram seu sangue em prol dos uiraunenses, que precisam ser lembrados como verdadeiros heróis, no estrito sentido modelar a ser seguido.
Muito obrigado.
Uiraúna, PB, em 23 de fevereiro de 2018.”.
Tão logo fiz a entrega dos mencionados documentos ao senhor presidente da Câmara de Vereadores, tive o cuidado e a sinceridade de informá-lo de que eu teria chegado bem antes do início da sessão, objetivando falar com ilustre vereador que vinha cuidando da matéria em causa, naquela Casa, com vistas a me informar sobre o andamento do projeto e as perspectivas sobre a sua aprovação, mas ele, infelizmente, não pôde comparecer e eu precisava aproveitar não somente a oportunidade de estar ali, mas sobretudo de defender a aprovação desse projeto, que é considerado de importância cívica de extrema prioridade para a cidade, por ser forma pioneira na região, além de Uiraúna poder mostrar que é preciso reconhecer e valorizar as magníficas qualidades daqueles que se diferenciaram, de forma positiva e benéfica, na sua riquíssima história.
O senhor presidente me afiançou que explicaria os fatos ao nobre vereador, a quem agora apresento escusas, diante da falta de maiores informações sobre em que fase se encontravam a tramitação e a apreciação desse projeto bem mais do que especial, que, extreme de dúvidas, há de preencher sentida lacuna da cidade, no que diz respeito ao sentimento cívico de seu povo, que tem na alma o aflorado instinto do amor ao próximo, além da gratidão àqueles que foram pródigos em servir, com paixão, ao seu semelhante.  
De outra feita, estando na cidade, quis me inteirar sobre o cabimento ou não da medida em comento, junto a pessoas da comunidade e obtive interessantes e alvissareiras respostas, a exemplo destas, de que a população não a aprovaria 100%, mas sim 200%, e outra que simplesmente impressiona, em que o doente acometido de forte dor de garganta vai até à casa (seu consultório especial) de Bonifácio e, lá chegando, foi imediatamente atendido pelo “doutor”, que lhe passou seis injeções, mas, na primeira, já se sentia o poderoso efeito da milagrosa receita.
Os aludidos fatos bem demonstram o indiscutível acerto de medida justa aplicável a quem tem reais merecimentos ao título pleiteado para ele e para outros heróis, cuja iniciativa inédita pode ser estendida para muitos uiraunenses que se destacaram por atitudes e práticas efetivas da maior nobreza, em termos cívicos e humanitários.   
Por se tratar de objetivo da maior justiça, todo empenho tem sido demonstrado para se evidenciarem as qualidades heroicas de quem fez por merecer essa majestosa láurea e isso se torna muito prazeroso quando envolve o nome especial do “doutor” Bonifácio Fernandes, pessoa da maior simplicidade, mas de grandeza imensurável naquilo que fazia com incomparável maestria, sendo insuperável em termos de sentimento humano, posto a serviço voluntário do seu semelhante, sendo realmente merecedor da eterna gratidão dos uiraunenses, em especial daqueles que tiveram a graça divina de ter sido assistido por suas mãos caridosas, benevolentes e abençoadas por Deus.
O esforço do reconhecimento e da gratidão é apenas um gesto nobre que ficará registrado para sempre na carreira política daqueles que entenderam o verdadeiro sentido da valorização do trabalho generoso e humano, tudo reunido em uma só pessoa, que se tornou símbolo de humanismo e que soube compreender o verdadeiro princípio cristão, de servir ao seu semelhante e de amá-lo por meio de seu maravilhoso ofício de caridoso prático em farmácia, que, na essência, representava verdadeiro médico generalista da época, com as desculpas aos médicos de verdade, que eram raríssimos ou quase nem existiam na região.
Em razão da importância desse projeto especial, reiteradamente defendido, por objetivar, na essência, ser apenas sensível ao exclusivo desejo de justiça humanitária, não é exagero se enaltecer e se mostrar à saciedade que Uiraúna tem obrigação de pôr em destaque, em termos cívicos e patrióticos, as pessoas que contribuíram, de forma efetiva, para que ela seja a cidade que é hoje, fruto do trabalho difícil e ardoroso de muitos pioneiros que mostraram o sentimento de amor às pessoas e à vida, bem assim para ressuscitar e implantar o espírito cívico que toda cidade precisa cultuar, de forma permanente, no seio de seus habitantes.
Há muita esperança de que a proposta em referência seja transformada em realidade, posto que as condições necessárias e ideais são inquestionáveis e cristalinas, precisando apenas de gesto magnânimo e vontade política para que se materialize algo que é tanto notório como justo e defensável.
Melhor exposição do que essa só tem sentido se o anseio da sociedade uiraunense for efetivamente atendido pelas autoridades públicas, que precisam auscultá-la e decidir em harmonia com o seu sentido de amor, reconhecimento e gratidão às pessoas marcantes que contribuíram para o bem e o progresso de Uiraúna.
Meu muitíssimo obrigado.
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 29 de março de 2018

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