O
governo da Venezuela, atolado em graves e gigantescas crises, principalmente
econômica, deixou de pagar ao Brasil dívida do valor aproximado de R$ 1 bilhão.
No
início desta semana, o BNDES houve por bem acionar o Fundo Garantidor de
Exportações, ligado ao Ministério da Fazenda, que tem como função oferecer
cobertura às garantias prestadas pela União em operações de crédito à
exportação.
O
citado fundo será acionado porque o dinheiro foi tomado para contratar empresas
brasileiras, que contaram com a garantia dele, o que significa que o Brasil
funcionou como espécie de “fiador” do
empréstimo tomado pelo governo venezuelano, quando essa função teria que ter
sido feita pelo Tesouro daquele país, em clara demonstração da inversão das responsabilidades.
Em
que pese o calote aplicado até agora, a Venezuela ainda deve ao Brasil, por
conta de financiamentos concedidos àquele país, pelo BNDES, cerca do valor de
R$ 3,1 bilhões, sendo que R$ 2,3 bilhões se referem a obras executadas por empreiteiras
do Brasil, quase todas elas envolvidas nas investigações pela Operação Lava-Jato.
Em
janeiro deste ano, a Venezuela pagou o valor de R$ 860 milhões, referente a
outra parcela que estava atrasada desde setembro de 2017, que havia deixado de
pagar.
Além
da Venezuela, que vem deixando de honrar os compromissos financeiros com o Brasil,
Moçambique também deixou de pagar dívida do valor de US$ 22 milhões e acabou
não quitando o débito, fato esse que obrigou a União a devolver o valor de R$
124 milhões ao BNDES.
Diante
dessa lastimável situação, percebe-se que o Brasil é duplamente lesado, por ter
deixado de aplicar os referidos recursos no próprio país, que tem carência
crônica de obras necessárias ao desenvolvimento socioeconômico, e pela
contingência de ter que se conformar com o calote, cujo prejuízo vai imputado
aos bestas dos contribuintes brasileiros, que são obrigados a pagar
escorchantes tributos, para servirem, injustificadamente, de financiamento de
obras em países comandados por ditadores e tiranos, que desrespeitam os
salutares princípios democráticos e de direitos humanos.
O
que mais dói, nesse episódio, é que o Brasil expõe rosário interminável de
obras públicas, precisando urgentemente de investimentos em infraestrutura,
educação, saúde, segurança pública, saneamento básico, entre múltiplas obras
necessárias à prestação de serviços públicos à população, mas os governos ditos
de esquerda entenderam de melhor alvitre mandar montanhas de dinheiros para a
realização de obras importantes em países socialistas, a exemplo da Venezuela,
que se encontra sem dinheiro e sem condições de honrar suas astronômicas
dívidas, embora as obras já tenham sido concluídas e o usufruto é do povo
daquele país.
Não
há menor dúvida de que esses financiamentos não pagos são horrorosos legados
deixados por governos brasileiros socialistas, que fizeram agrado a governos
com a mesma desgraçada ideologia, com dinheiro dos brasileiros, os quais jamais
retornarão ao Tesouro Nacional, a exemplo do substancial calote dado agora pela
Venezuela.
Na
verdade, ao que se tem conhecimento, os empréstimos concedidos por governos passados
a países comandados por terríveis ditadores deveriam ter sido autorizados
previamente pelo Congresso Nacional, por envolver o patrimônio dos brasileiros,
mas certamente nenhum centavo foi autorizado legal e constitucionalmente, o que
caracteriza crime de lesa-pátria, estando passíveis de responsabilização os
agentes públicos que autorizaram o desvio de montantes gigantescos de recursos
públicos, para finalidades absolutamente estranhas ao atendimento do interesse
público, pela clara demonstração de desvio de finalidade que se enquadra como
crime que precisa ser investigado, para o fim de atribuição de responsabilidades
àqueles que autorizaram e se envolveram nesses empréstimos sem a menor garantia
por parte do credor, que já recebeu e gastou os recursos, inclusive sob suspeitas
do pagamento de propina, conforme resultado dos levantamento promovidos pela
Lava-Jato.
Não
há a menor dúvida de que essa forma de financiamento sem autorização do
Parlamento e, mais grave ainda, sem a devida garantia sobre a cobertura do
pagamento pelo governo da Venezuela, é o caso ensejador não somente de
responsabilização dos envolvidos na liberação dos recursos, mas da sua prisão,
como forma preventiva do cuidado que se deve ter, no zelo do patrimônio dos
brasileiros e da coisa pública, indo muito além de se mostrar às novas gerações
de administradores públicos que o dinheiro dos brasileiros somente podem ser
aplicados no Brasil.
Esse
calote dado pela Venezuela inspira a premência com que as investigações
relacionadas aos financiamentos a países da América Latina e da África, como
forma de levantamento das irregularidades que causaram enormes prejuízos ao
patrimônio dos brasileiros, as quais precisam ser esclarecidas, cujos danos
devem ser atribuídos aos agentes envolvidos, porque essa desastrada maneira de
administrar recursos públicos não pode ficar impune, sob pena de se incentivar
a má gestão, a incompetência administrativa e as irregularidades com recursos
públicos.
À
toda evidência, essa forma de financiamento de recursos dos brasileiros, sem
garantia e sem autorização legislativa, constitui cristalina e grave prática de
corrupção, eis que o dinheiro de que se trata foi desviado para fora do país e
jamais voltará para a recomposição do patrimônio dos brasileiros, demonstrando
que isso é mais um péssimo legado deixado por governos com a marca da
irresponsabilidade de ter autorizado empréstimo sem a certeza de receber de
volta o dinheiro pertinente.
Os
brasileiros precisam conhecer o que está acontecendo com os financiamentos
concedidos por governos do passado, que custearam obras em países comandados
por ditadores, com recursos do povo, cujas empreendimentos deveriam ter sido
realizadas exclusivamente no Brasil, para o usufruto dos brasileiros, mas
algumas nações, como a Venezuela, não estão honrando os pagamentos da dívida, a
ensejar que os fatos pertinentes sejam devidamente investigados, ante a
suspeita de que os empréstimos não foram legalmente autorizados pelo Congresso
Nacional e a garantia pelo não pagamento foi feita pelo próprio governo
brasileiro, quando deveria ter sido pelo governo do país beneficiado pelo
financiamento, de modo que os administradores públicos envolvidos sejam
responsabilizados pelos prejuízos causados aos cofres públicos, além de serem
condenados penalmente, na forma da lei. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 26 de março de 2018
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