A
presidente do Supremo Tribunal Federal admite que tem sido bastante difícil
controlar as pressões surgidas de todos os francos, para tentar manter a
dignidade institucional da Corte.
Na
semana passada, o Supremo foi atacado e bombardeado com incursões e pressões de
parlamentares, defesa do ex-presidente da República petista e outras
autoridades que lotaram os gabinetes da presidente e de ministros, levando para
eles o ardente desejo de garantir a liberdade do político mais poderoso do
país, que não conseguiu se desvencilhar das teias das primeira e segunda
instâncias, conquanto as suas defesas foram consideradas inócuas e
inconsistentes, ante às robustas provas constantes dos autos inerentes ao caso
do tríplex, que restou a ele tentar conseguir ganhar a demanda na base da
pressão e do grito, como se procede normalmente nas piores republiquetas, onde dificilmente
se respeita o ordenamento jurídico do país.
Causa
estarrecimento a forma insensata e desrespeitosa como os defensores do petista
se expuseram diante da Excelsa Corte de Justiça, em clara demonstração de
afronta às autoridades e à instituição legalmente constituídas, em explícita
agressão à dignidade do órgão guardião dos
princípios constitucionais, na tentativa que os ministros se verguem diante da
absurda, escancarada e vergonhosa pressão, dando nítida impressão que a lei e a
ordem da instituição podem ser flexibilizada com a exclusiva finalidade de
salvar a pele de quem não teve condições de impugnar os fatos denunciados à
Justiça, diante da robusta materialidade da autoria dos fatos levantada e
juntada aos autos.
Esquecem
os insensatos e insensíveis lobistas que os princípios constitucionais precisam
ser respeitados e preservados como forma de dignificação do ordenamento
jurídico e das instituições da República, que não podem aderir às conveniências
de pessoa condenada com base nas provas dos autos, não estando ao alcance do
merecimento de tratamento excepcional, a ser beneficiado com concessões
magnânimas e casuísticas para livrá-lo da prisão, em condições especiais que
não se aplicaria senão em caso concreto que teria como consequência não o
simples apequenamento do Supremo, mas a sua completa desmoralização, tornando-o
insignificante perante a opinião pública, por se submeter ao ridículo de
acomodar situação à conveniência de quem precisa pagar pelos graves crimes
cometidos contra os princípios republicanos.
Como
faz parte da índole daqueles que patrocinaram as injunções medievais junto ao
Supremo, em querer obter o salvo-conduto, a qualquer custo, visivelmente na
base do grito, pouco importa que isso significa a quebra e o esfarelamento do pilar
do princípio da civilidade e da estrutura da dignidade da instituição Poder
Judiciário.
Verificou-se
que parlamentares, juristas, ministro aposentado do Supremo, simpatizantes, aliados
e outros insensatos idólatras do ex-presidente invadiram as dependências daquela
Corte, com a exclusiva finalidade de pressioná-la a concretizar espúrio e
inusitado casuísmo capaz de livrar o líder petista da prisão, em investida
jamais vista naquela Casa, que conseguiu resistir e mostrar que aqueles
cidadãos e o próprio condenado precisam ter a dignidade de respeitar as
autoridades e as instituições da República, principalmente o órgão maior da
Justiça do país.
É
preciso que esses invasores da dignidade pública melhor avaliem os resultados
das investigações promovidas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público
Federal, para que se conscientizem, em termos de sinceridade cívica, se o
político merece ser defendido com tanto ardor como tem sido, posto que o ímpeto
com que eles agem demonstram total desconhecimento sobre a materialidade dos
fatos apurados, que serviram de base para que quatro magistrados, completamente
investidos da imparcialidade do poder do Estado, para processar o julgamento das
ações sob a jurisdição de importante poder da República, não tivessem a menor
dúvida sobre a culpabilidade de quem só sabe dizer que é a alma mais imaculada
da Terra, mas não teve capacidade de contestar e impugnar os fatos objeto da
denúncia feita à Justiça.
Também
é imperioso se condenar a investida insensata de um ministro aposentado, que
não tem o mínimo sentimento de compreender a baixeza de usar o seu dito sacrossanto
saber jurídico para liderar a campanha de desmoralização do Supremo, na
injustificável e insustentável tentativa de revisar a lei e o entendimento do
Supremo sobre a prisão em segunda instância, para que a sua modificação permita
estancar a execução da pena absolutamente justa aplicada ao maior político
brasileiro, que procura usar a sua pseudo-influência para se livrar da prisão.
Na
pior das hipóteses, não conseguindo derrubar a jurisprudência da Excelsa Corte
de Justiça, a tropa de choque tenciona palmilhar por atalhos ainda mais espinhosos,
na busca, por via igualmente tortuoso, de habeas corpus milagroso e redentor, que
funcionaria como verdadeiro indulto a afrontar a lei em vigor.
De
qualquer das formas, os trajetos percorridos pelos defensores do político
mostram-se contrários aos princípios republicanos, cujas consequências são
lastimáveis, em termos de seriedade e dignidade com que os atos dos homens
públicos precisam ser revestidos, à vista da insensibilidade e da truculência
empregadas para pôr em liberdade o político que tem a obrigação moral de dar
bons exemplos de idoneidade e conduta retilínea, mas a sua atitude, diante
desses fatos, é simplesmente lastimável, por aboná-los completamente, quando a
sua autoridade de ex-presidente da República seria de não permitir que a
bandalheira protagonizada em seu nome tivesse acontecido com natural
banalidade.
É
de se lamentar que há ministros simpatizantes dessa movimentação que pretende
se evitar o cumprimento das normas legais, por meio de manobras absolutamente
impossíveis em países com o mínimo de seriedade, onde se põem em relevo a
credibilidade do Poder Judiciário e o ordenamento jurídico, como forma de
fortalecimento da aplicação das leis e decisões jurisprudenciais.
Esse
quadro de fragilidade do sistema jurídico tem a contribuição das cortes
superiores da Justiça, a sentir-se das mudanças de pensamento e entendimento de
alguns magistrados, que aderem suas convicções muito mais por conveniência do
que por ideologia jurídica e isso contribui para a instabilidade da segurança
jurídica.
O
mais lamentável de tudo isso é que existe ministro que pretende liderar posição,
embora visivelmente constrangedora e vergonhosa, no sentido de empreender
vigoroso movimento para que haja retrocesso sobre a posição da Corte acerca da
prisão em segunda instância, fazendo com que prevaleça novo entendimento favorável
às pretensões do maior político brasileiro, sob os infalíveis argumentos em
defesa da liberdade individual e principalmente da presunção de inocência,
quando o condenado já foi julgado por quatro magistrados, imunes a qualquer
forma de suspeição.
Causa
estrondoso estarrecimento que outros quatro mil processos, em condições análogas
ao do político famoso, não tiveram o mínimo empenho por parte desse mesmo
ministro, que o faz agora com a cara mais deslavada possível e sequer
robustecem suas faces, quando deveria ter o sentimento isonômico impregnado nas
suas entranhas, por ser homem público engajado, bem antes, com a preocupação de
se empenhar pela necessidade da atuação imparcial e justa com relação às
atividades sob a jurisdição do Poder Judiciário, que precisa dar bons exemplos
de competência e produtividade, com o foco voltado para o atendimento do
interesse público, à luz da sua precípua finalidade institucional.
Compete
aos brasileiros repudiar, com o máximo de veemência, a maneira insensata e
estapafúrdia como os defensores do principal político brasileiro tenta evitar a
prisão dele, com emprego de métodos nada republicanos, que espanta e afronta os
comezinhos princípios civilizatórios, procurando intimidar autoridades
constituídas e desmoralizar a Excela Corte de Justiça do país, quase que a
impor goela abaixo determinação para que seu entendimento seja imediatamente
alterado, como forma de se mandar para o espaço sideral a obrigatoriedade da
prisão em segunda instância. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 19 de março de 2018
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