A
cidade de Uiraúna, PB, está em festa, neste dia especial, com a inauguração de
expressivo monumento ao pássaro com o mesmo nome dela, conforme o significado
do topônimo uiraúna, que tem sua origem
no tupi-guarani, no Brasil, como sendo "pássaro preto".
Ainda
criança, trabalhando na lavoura, no Sítio Canadá, daquela cidade, meu pai
Vaneir (Volney) cultivava o plantio de arroz, na vazante do majestoso açude de
então, e nessa ocasião tive meus primeiros contatos com os “uiraúnas”, que
desciam em rebanhos, em forma de nuvem, para atacar a plantação.
Eu
não sabia que se tratavam dos famosos pássaros pretos que davam seu nome à
cidade, mas presenciava a sua voracidade à procura do apetitoso arroz, ainda
cru, plantado por nós, ficando eu e meu irmão Canidé com a dificílima
incumbência de pastorear a plantação, em especial na proximidade da colheita,
com o auxílio de fundas, uma espécie de atiradeira, e os bolsos cheios de
pedrinhas, mas dificilmente se conseguia tanger para longe os bichinhos tão
astuciosos e espertos, posto que eles tinham suas estratégias infalíveis para
se infiltrar nas partes vulneráveis do nosso campo de visão.
Pois
bem, tempos mais recentes, em visita ao Sítio Umbelina, tive a grata surpresa
de me deparar com animada e pitoresca reunião desses pássaros pretos, em bando
esparramado sobre o denso capim, jamais vistos em toda minha vida, que estavam
ali, à beira da cerca e ao longo da estrada, em verdadeira algazarra que me fez
lembrar, até com saudade, os velhos tempos do enfadonho e trabalhoso arrozal da
minha infância, conforme o registro que fiz de nosso último e festivo
reencontro, em duas importantes e inesquecíveis fotografias, que as publico na
minha página do facebook.
Também
registro que, por duas ocasiões, já tive o prazer de mostrar o meu regozijo em
homenagear esses pássaros de rica memória, quando coloquei a sua imagem nas
capas de dois livros, os de números 6 e 14, que podem ser vistos na Biblioteca
Pública de Uiraúna.
A
propósito, não poderia deixar de registrar aqui a minha alegria de ter sido
prestigiado com as presenças dos queridos primos Ciro Fernandes e Eudim
Fernandes, acompanhados de familiares, na homenagem que prestei ao Grupo
Escolar Jovelina Gomes, no mês passado.
Até
nisso, o momento dessa homenagem não poderia ter sido mais auspicioso, por ter
contado com a participação desses monstros do mundo artístico no evento
histórico, justamente por eles serem lembrados como os responsáveis pela
construção do monumento conhecido como a “Catedral dos Pássaros”, obra-prima
que simboliza a própria cidade e, por certo, a projetará para a história e o
mundo artístico, agora com maior intensidade, por se tratar da terra natal
desses já famosos e celebrados uiraunenses.
Voltando
ao cenário do monumento e dos seus atores principais, tive o prazer de
acompanhar o início da carreira desse gênio e mestre Ciro Fernandes, tendo o
acompanhado nos trabalhos referentes aos desenhos dos porquinhos e do touro que
ainda se encontram na parede da casa que, à época, morava a feliz família da
saudosa tia Hormínia, mãe de Zuza, no Sítio Canadá, local onde ele e eu
nascemos.
Já
naquela época se percebia, com muita facilidade, as enormes vocação artística e
capacidade criativa desse fantástico dominador do desenho e da xilogravura, que
impressiona com a destreza do domínio da sua rica e difícil arte.
O
outro baluarte dessa obra singular e bastante representativa para Uiraúna tem a
marca do seu autor, o músico e letrista Eudim Fernandes, um entusiástico e
importante contribuidor do engrandecimento dessa cidade, já tendo demonstrado a
sua enorme capacidade artística em diversas e memoráveis obras musicais da sua
autoria, externando o seu amor à terra natal, como faz agora, com as notáveis
voluntariedade e dedicação ao projeto de implementação, desde a concepção até a
conclusão dessa belíssima obra artística e cultural, que certamente se
traduzirá em grandioso motivo de orgulho para seus conterrâneos, diante da
projeção que ela será capaz de suscitar não somente para Uiraúna, mas para o
resto do Brasil.
Quanto
à obra de arte em si, certamente que os uiraunenses vão ter muito que se gabar
dela, por ser presente maravilhoso que ora se inaugura, com as devidas pompas do
momento especial, à vista do seu expressivo valor como monumento artístico que
há de imprimir estatura de cidade do alto sertão da Paraíba a sediar uma
estrutura de esmerado valor artístico, que tem o magistral sinete da marca de
Ciro Fernandes, diante da sua singularidade de ter os pássaros que o integram o
poder expressivo e mágico de representar o sublime nome da cidade.
Trata-se
de obra artisticamente implementada por quem é considerado o papa e ícone da
arte que vai se perpetuar no tempo como a mais importante do meio artístico,
dos últimos tempos, cujo marco terá o condão de projetar Uiraúna para os
olhares dos amantes das obras de arte concebidas e concluídas neste século,
diante da sua importância no meio cultural do país.
Posso
dizer, com o maior prazer, que prestei valiosa contribuição à disposição dos
pássaros no mural, quando, em 31 de janeiro do corrente ano, postei, na
Cofemac, o seguinte texto, elogiando a graciosa obra dos renomados primos: “Particularmente, gostaria de saber se, no
monumento vai haver revoada de pássaros de forma alheatória, diferentemente dos
quadros apresentados nas fotografias (maquete em exposição da FELC), que se apresentam um ao lado do outro, numa
métrica perfeita, quando se sabe que eles voam em forma de rebanho, ou seja, um
para cada lado, em sentido diferente, que parece que guarda melhor
identificação sobre a real revoada deles.”.
Como
o aludido comentário já havia sido publicado na Cofemac (31/01/2018), tive a
ideia de passar o texto diretamente a Ciro Fernandes, por ocasião da entrega a
ele do meu livro, na mencionada homenagem, conforme imagens de vídeo e
fotográfica produzidos no evento.
Passados
dois dias depois disso, encontrei-me com Ciro Fernandes, na Câmara de
Vereadores de Uiraúna, e aproveitei para perguntar se ele havia lido a minha
mensagem e ele me respondeu nestes termos:
“não só li, como acolhi a sua proposta”.
Com
isso, os pássaros ganharam liberdade para voar como eles fazem na natureza, em
verdadeira revoada, na forma por mim imaginada, exatamente como consta do mural
atual, cuja finalização difere da disposição dos pássaros na planta original,
conforme se pode perceber na compara das duas fotografias publicados no meu
Facebook.
Ao
deixar aqui registrado o referido episódio, penso que prestei relevante
contribuição ao aperfeiçoamento dessa suntuosa obra de arte, que perpetuará na
história da cidade como verdadeiro presente dos deuses da arte, que vieram do
Olimpo para deixar erigido na terra dos “uiraúnas” magnífico templo dedicado ao
encantador pássaro preto.
Já
agora, ao ensejo de parabenizar meus queridos primos Ciro Fernandes e Eudim
Fernandes, pela exitosa conclusão do empreendimento artístico em causa,
enaltecendo a sua expressiva relevância cultural para a minha amada Uiraúna,
diante da representação de inédita obra
de arte de extrema qualidade estética, sugeri aos seus nobres idealizadores e
patrocinadores que o espaço não utilizado nos cantos inferiores esquerdos, em
ambos os lados, sejam preenchidos com placas padronizadas, uniformizadas, tanto
em termos de material como de tamanho delas, das letras e da quantidade de
palavras ou linhas, de modo que seja permitido que somente qualquer filho de
Uiraúna possa deixar eternizada bela e representativa mensagem de carinho,
apoio, regozijo, agradecimento, amor ao projeto ou algo que possa tocar nos
corações das pessoas, para que a catedral seja complementada com a participação
do sentimento de humanismo, na sua essência, se agregando a esse monumento que
certamente há de contribuir para a transformação da cidade, com a valorização
da paisagem singular e extraordinária.
Tenho
esperança de que essa importante proposição conta com o expressivo apoio dos
uiraunenses, diante do fato de que as placas ou os quadros, de forma simples e
discreta, hão de constar, principalmente, aquelas de seus idealizadores e
patrocinadores e da sociedade uiraunense interessada em contribuir para o
aprimoramento de importante obra da cidade.
Já
agora vendo o monumento terminado, veio melhor ideia sobre a utilização não
somente seus lados inferiores esquerdos, como havia alvitrado antes, mas apenas
a faixa inteira do rodapé, pintada de azul mais forte, para essa finalidade,
que não teria, salvo melhor juízo, qualquer interferência na essência da
estrutura dos pássaros.
Também
senti que seja de bom alvitre que as aludidas placas sejam em quantidade
limitada exclusivamente ao espaço aprovado para a sua afixação, sem
possibilidade de ampliação posterior, sendo a sua duração de perpetuidade,
salvo se houver motivo justo que obrigue a retirada da mensagem, ficando
estabelecido que as pessoas que escreverem mensagens ficam obrigadas a
contribuir com importância necessária à conservação e à manutenção do
monumento, enquanto elas viverem.
A
obra em tela será, por certo, marco revolucionário da arte não somente
uiraunense, mas de expressão nacional, diante da sua magnitude artística, a
ensejar, de logo, o melhor sentimento de alegria que invade nossos corações,
diante de algo que, se não proporciona orgulho, projeta em nossas almas a
oportunidade de contemplação sobre obra de arte concebida, acalentada, nutrida
e consolidada por artista considerado ícone do seu ofício, a qual se tornará,
muito em breve, majestosa atração turística de Uiraúna, ante a importância das
assinaturas de seus construtores, de fama indiscutivelmente extraordinária.
Em conclusão, posso afirmar que meu coração saltita de
alegria no dia especial da inauguração da “Catedral dos Pássaros”, obra de arte
que contribui certamente para escancarar as portas por onde Uiraúna há de
entrar triunfante para a história do primeiro mundo da cultura artística, por
se tratar de monumento com o peso da assinatura do seu filho notável no ofício
da xilogravura, por ter se tornado o cardeal de maior expressão nacional, graça
ao conjunto da sua esplendorosa obra.
Tenho
o maior prazer de cumprimentar e parabenizar cada um dos construtores dessa
magnífica estrutura com a simbologia dos pássaros pretos da minha infância,
desde o mais humilde operário que preparou a massa para feitura dos pássaros,
passando pelos célebres e notáveis artistas e chegando aos seus abnegados
colaboradores e patrocinadores, porque seus esforços serão sempre lembrados em
nossos corações, por esse marcante presente que jamais será esquecido pelos
filhos de Uiraúna.
Meus
parabéns!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 10 de março de 2018
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