sábado, 17 de março de 2018

Pela dignidade dos brasileiros?


A presidente do PT postou vídeo em redes sociais, manifestando-se, de forma veemente, em defesa do líder-mor de seu partido, tendo aproveitado a oportunidade para convocar a população a aderir à campanha "O povo quer Lula livre".
A petista argumentou que "Só aumenta a perseguição para impedir Lula de disputar as eleições para presidente. Condenado sem provas e sem crime, Lula está perto de ser preso. Será o maior atentado à nossa democracia se isso acontecer. A Constituição é clara: ninguém pode ser preso antes do trânsito em julgado de sentença condenatória. Precisamos todos, todas, partidos e movimentos de esquerda, progressistas e democratas deste país, se opor a isso! É por Lula, mas também pela democracia, por direitos, pela dignidade do Brasil e do povo brasileiro que estamos lutando".
A partir do momento que o Superior Tribunal de Justiça negou habeas corpus preventivo ao político, houve crescimento, no seio do partido, do receio de que ele seja realmente preso, após o julgamento do último recurso impetrado por sua defesa, no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), com enorme possibilidade de que isso ainda ocorra no fluente mês.
O ex-presidente foi condenado em primeira instância, tendo a pertinente sentença sido confirmada na segunda, pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, a doze anos e um mês de prisão, em regime fechado, pela prática dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
A presidente do PT afirmou que, “A partir dessa semana, o PT começa essa campanha. Não só por redes, pela internet, com material de esclarecimento, mas também com material impresso. Distribua no seu local de trabalho, onde você estuda, na rua, onde você mora. Fale com a população. Diga o que está acontecendo. Chame essa atenção”.
Para a petista, “é um absurdo quererem prender o maior líder popular que este país já teve. Nós não podemos assistir isso como se fosse normal em nosso país. Não é normal”.
Até o momento, o PT vem insistindo com o nome do ex-presidente como pré-candidato à Presidência da República, tendo evitado falar em plano B, no caso da prisão dele, porque, disse ela, "Nós vamos com Lula até o final. Nós vamos com Lula até as últimas consequências”.
A verdade é que o petista realmente já foi grande líder do povo, quando ainda não pesavam sobre seus ombros as inúmeras acusações de chefe de organização criminosa e outros graves crimes, segundo o Ministério Público Federal, mas, na atualidade, ele não passa de esforçado líder da militância do próprio partido e de simpatizantes remanescentes beneficiários dos programas de distribuição de renda do governo, que era feita com recursos dos contribuintes.
À todo evidência, a presidente do PT não tem credenciais para dizer que o político é líder do povo, porque certamente parcela expressiva dos brasileiros não gostaria que fosse liderada por pessoa condenada à prisão pela Justiça, pela prática de crimes contra a moralidade na administração do país, em afronta aos princípios republicano e democrático, em total incompatibilidade com os conceitos de idoneidade  e conduta moral, que precisam estar presentes na índole dos homens públicos, como forma inseparável de dignidade que precisa acompanhar a vida dos homens representantes do povo.
Não é verdade que o petista seja líder do povo, porque os brasileiros, principalmente aqueles esclarecidos e informados sobre os fatos da vida pública, estão tendo plena consciência sobre o que realmente se passa com o político que foi envolvido em graves denúncias de irregularidades com recursos públicos e não conseguiu convencer à Justiça de primeira e segunda instâncias de que ele não tem nada a ver com os fatos denunciados, ao contrário, os fatos levaram à convicção sobre a materialidade da autoria deles, à luz da sentença condenatória.
À vista da convergência das manifestações dos magistrados que condenaram o político, é muito provável que a autoria dos atos irregulares atribuída a ele se acha devidamente comprovada e materializada por meio dos elementos coligidos nas investigações que ele e seus asseclas não querem aceitar como sendo juridicamente válidos, preferindo ignorá-los e desprezar as autoridades e as instituições legalmente constituídas e responsáveis pela condenação dele.
Causa enorme espanto o fato de a petista afirmar que os juízes estão errados, por terem julgado sem provas e sem crimes, em total desprezo aos fatos robustos e plausíveis constantes dos autos, conforme relato do desembargador-relator da segunda instância, que ficou horas a fio lendo fatos conexos com os crimes aduzidos nos autos.
Não faz o menor sentido a petista afirmar que a prisão do político equivale também ao aprisionamento da esperança do povo, quando os brasileiros dignos e defensores dos princípios éticos e morais primam exatamente por que a corrupção e a impunidade sejam severamente combatidas e varridas da administração do país, não importando se os envolvidos nas irregularidades com recursos públicos tenham sido ocupantes de importantes cargos da República, porque há premência na assepsia da ladroagem na administração pública e que os bons exemplos possam prosperar o mais urgentemente possível.
É preciso que seja desmascarada essa hipócrita mística de defensor do povo, dos pobres, quando se sabe que os programas de distribuição de renda não passavam de engodo de cunho populista e eleitoreiro, conforme as constatações nos pleitos eleitorais, onde os currais eleitorais eram pródigos em votação maciça por parte dos beneficiários dos programas disfarçados de governamentais, quando eles tinham o timbre e sinete dos governantes, que manipulavam com maestria o marketing voltado para o resultado das urnas, exatamente nas localidades dos bolsões de pobreza, maciçamente assistidos pelos programas de distribuição de renda.
À luz do descalabro visto na última gestão, onde os indicadores econômicos simplesmente explodiram, com a inflação próxima de dois dígitos, as taxas de juros mais do que o dobro das atuais, a prevalência da recessão econômica, a forte eclosão do desemprego, os rombos nas contas públicas, a queda vertiginosa da arrecadação, a falta de recursos para investimentos, a péssima prestação de serviços públicos, enfim, a falência das estruturas do Estado, que funcionavam precariamente, ainda a petista tem a insensibilidade  de falar em esperança do povo, em dignidade do Brasil e da população, dando a entender que os brasileiros não tivessem condições de avaliar esse terrível quadro que foi o massacre do povo, com o país sendo esmagado pelas políticas errôneas de governo que não conseguiu estancar o mar da mais altiva corrupção que asfixiou até a quase morte a empresa do porte da Petrobras, que chegou a ser a 12ª do mundo, mas o duro golpe no seu patrimônio fê-la subir em forma de foguete a 410ª empresa do ranking mundial, que, ainda de forma dramática, passou a ser a empresa com maior dívida do planeta, graças aos aparelhamentos promovidos pelo governo, para atendimento de seus escusos objetivos políticos.
Diante da modernidade alcançada pelo homem, não tem o menor cabimento que ainda seja possível se admitir que, na pior das hipóteses, alguém acusado da prática de atos irregulares seja içado ao monte dos mártires tão somente por meio de falácia sobre a sua inocência, sem que tenha sido capaz de produzir qualquer prova em sua defesa, por meio da apresentação de elementos suficientes e plausíveis quanto à sua inculpabilidade. 
Convém que os brasileiros, com dignidade e consciência cívica, sejam realmente capazes de avaliar o verdadeiro líder político, que tenha caráter e personalidade suficientes para assumir a responsabilidade por seus erros e também seja capaz de se empenhar pessoalmente em se defender com os meios juridicamente disponibilizados na ampla defesa e no contraditório, no usufruto dos direitos assegurados na Carta Magna, não se submetendo ao ridículo de se julgar inocente sem apresentar o mínimo que seja de contestação sobre os fatos denunciados à Justiça, de modo que o sentimento da verdade possa prevalecer em benefício dos princípios da ética, moralidade, honestidade, dignidade, transparência, entre outros que são os pilares dos conceitos modernos de República e democracia. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 17 de março de 2018

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