Em
evidente demonstração de supremacia sobre os pobres mortais, com a vaidade e a celebração
incontidas da própria imagem, o maior político brasileiro destilou um pouco de
seu encanto com relação à indicação ao prêmio Nobel da Paz, versão de 2018, ao
insinuar como se quisesse resposta imediata que “Não sei se mereço.”.
Contando
com o apoio de membros do Parlamento do Mercosul, o nome do petista foi
indicado pelo ativista e escultor argentino laureado com o prêmio em 1980.
O
político, ao comentar a indicação de seu nome para tão expressivo prêmio, disse
à Rádio Cultura de
Foz de Iguaçu (PR), em misto tom de afirmação e incerteza, que “É sempre gratificante quando as pessoas
lembram de gestos de solidariedade. Mas deve ter gente mais importante que eu
no mundo para merecer isso”.
Na
verdade, o primeiro passo foi dado, com a indicação do nome dele ao festejado
prêmio de repercussão mundial, mas os indicados ainda precisam passar pelo
rigoroso crivo do comitê da premiação, que mantém os nomes sob sigilo dos já
arrolados 329 candidatos ao Nobel da Paz, cujo ganhador de tão cobiçada láurea será
conhecido em outubro vindouro.
Certamente
o comitê da premiação tem seus parâmetros de avaliação dos candidatos, que
devem centrar, em essência, no próprio nome do prêmio, qual seja, a paz, no
sentido estrito da palavra, que sugere, em princípio, a noção de disseminação,
entre outros significados, de harmonia e concórdia entre os seres humanos.
Nesse
aspecto, ao que se tem conhecimento, o político é famoso em incitar a guerra
fraticida entre pobres e ricos, pretos e brancos, minorias e maiorias, além de
outras disputas travadas entre classes sociais que objetivam a obtenção de
dividendos políticos, cujas consequências e os estragos pouca importância têm
senão para ele próprio, que teve ascensão política a começar das agitações por ele
promovidas com relação aos operários metalúrgicos de São Bernardos contra seus
patrões, em verdadeira guerra cujo histórico remonta
há décadas.
Por
outro franco, não pode se perder de memória que o político se encontra
completamente implicado na Justiça, envolvido em graves denúncias acerca da
prática de atos irregulares com recursos públicos, os quais têm a
caracterização de crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro, organização
criminosa, tráfico de influência e obstrução de Justiça, já tendo sido julgado
e condenado à prisão, por doze anos e um mês,
em um dos casos, pela prática dos crimes de corrupção e lavagem de
dinheiro, estando ainda respondendo na Justiça, como réu, a outros seis
processos.
Avaliação
preliminar e sumária sobre as condições éticas e morais do candidato ao Nobel
da Paz, com histórico alarmante de denúncias aceitas pela Justiça, mesmo que
venha a demonstrar a sua inculpabilidade quanto aos casos arrolados, não
aconselharia que seu nome fosse sequer lembrado, quanto mais indicado do comitê,
porque isso tem o condão de menosprezar a relevância do prêmio, haja vista que
os requisitos exigidos sobrelevam a mínima possibilidade que a pessoa indicada
tenha qualquer suspeita sobre a prática de atos ilícitos, na vida pública.
Tem
toda pertinência a dúvida suscitada pelo próprio político, de que “Não sei se mereço”, que certamente ele a
fez para colher o que ele esperava ouvir como resposta, de imediato: “Sim, você
merece”, para satisfazer o seu ego, que não tem limites, em termos de vaidade.
O
político precisa se conscientizar de que ele, no momento, diante do veredicto
da Justiça, notadamente no caso já julgado do tríplex, é um homem que tem a
obrigação de provar para a sociedade, na qualidade de pessoa pública, que os
fatos cuja autoria lhe é atribuída não correspondem à verdade, mas isso precisa
ser feito por meio de provas juridicamente válidas e não por meras falácias,
que ainda tem quem lhe dê créditos, evidentemente por óbvias motivações.
Os
brasileiros que anseiam por moralização da administração do país aguardam por
que os fatos denunciados à Justiça sejam devidamente contestados e impugnados
por ele, como forma capaz de, no futuro, o seu nome possa ser indicado, com os
devidos méritos, ao tão almejado prêmio Nobel da Paz, que não pode ser
conferido a quem não consegue sequer provar a licitude de seus atos na vida
pública.
Com
absoluta certeza, nos países com o mínimo de seriedade e evolução, em termos de
bom senso e racionalidade, jamais se levaria adiante indicação dessa ordem, nas
circunstâncias atuais, ante a incompatibilidade existente, no momento, entre as
dificuldades morais apresentadas com relação ao nome sugerido e as exigências
sobre os méritos que levam à concessão do prestigiado prêmio, à luz da
importância para a verdadeira busca da paz universal.
Não
se pode ignorar que, se fosse no passado, quando o político tropeçava em glórias
e reconhecimentos mundiais, até se justificava indicação nesse sentido,
evidentemente com ressalvas sobre sua inegável vocação de permanentes incentivo
e incitação à guerra entre classes sociais, que tem sido a sua marca de sangue,
como eterno líder sindicalista.
É
importante se imaginar que o comitê da premiação precisa proceder à avaliação
sobre os nomes indicados sob critério rigorosíssimo, sob pena de desmoralização
da instituição que precisa valorizar não somente o laureado, mas principalmente
o organismo responsável pela escolha da pessoa merecedora do Nobel da Paz, por
sua vida de exemplos dignos de idoneidade e conduta moral imune a quaisquer
suspeitas, além da comprovada luta pela paz, em todos os sentidos, que nunca
tenha sido patrocinador do ódio e muito menos da guerra entre classes sociais,
porque tal atitude é absolutamente incompatível com a precípua finalidade
institucional de prêmio que tem por objetivo maior o reconhecimento da
distinção, em nível mundial, e tem sido conferido a quem se sobressai por
determinados trabalhos ou méritos de cunho em amplo reconhecimento de benefício
para a humanidade.
Por
certo, o político brasileiro poderia ter demonstrado nobel gesto de grandeza e humildade,
como cidadão público, se tivesse reconhecido que, nas condições atuais, ele
realmente não faz jus ao relevante prêmio Nobel da Paz, porque precisa primeiro
se desvencilhar das pesadas, justas ou injustas, acusações sobre práticas de
atos incompatíveis com a dignidade das atividades públicas, que também não
condizem com os verdadeiros objetivos da expressiva e cobiçada premiação em
apreço. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 16 de março de 2018
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