sexta-feira, 30 de março de 2018

Os tiros na democracia

Conforme reportagem publicada pela revista IstoÉ, autoridades federais e especialistas em balística passaram a ter dúvida e pôr desconfiança na versão de dirigentes petistas sobre os quatro tiros que teriam atingido dois dos três ônibus da caravana da ex-presidente da República petista, na estrada entre Quedas do Iguaçu e Laranjeiras do Sul, no Paraná.
À vista das marcas deixadas pelas perfurações, os disparos foram feitos à curta distância e com o veículo parado, embora a versão dos petistas é de que os ônibus estavam em movimento, a 55 quilômetros por hora.
Peritos ressaltam que se os veículos estivessem em movimento, os furos das balas deixariam aspecto de rasgo na lataria, enquanto que nos ônibus da caravana petista os supostos tiros deixaram marcas no exato diâmetro de uma bala, redondinhas, permitindo se concluir que os disparos foram feitos quando os veículos estavam parados e quase que à “queima roupa”.
Tecnicamente, quando os tiros são disparados de longe, o buraco no alvo fica mais largo, mas uma perita criminal do Instituto de Criminalística de São Paulo explica que somente a conclusão da perícia poderá dizer se os buracos foram feitos com arma de fogo ou não.
A veracidade sobre as informações é questionada tanto por peritos como por opositores dos petistas, como no caso do deputado federal carioca, o pré-candidato ultradireitista à Presidência da República, que esteve no Paraná logo após o incidente e foi um dos primeiros a levantar a hipótese de que os tiros foram dados pelos próprios integrantes da equipe petista, tendo dito que “É tudo mentira. Está na cara que alguém deles deu os tiros. A perícia deverá apontar a verdade”.
Um perito com formação em gestão em segurança pública foi o primeiro a lançar desconfiança sobre a veracidade da denúncia, tendo por base comparação feita por ele nas fotos dos tiros no ônibus com imagens na internet semelhantes ao suposto atentado sofrido pela caravana petista.
O mencionado perito observou que, em imagens de carros em movimento, a lataria foi rasgada pelas balas, tendo chegado à seguinte ilação: “Se me fosse apresentada uma lataria com perfuração semelhante à dos ônibus da caravana de Lula, eu diria que o atirador estaria perto do veículo e com os ônibus parados”.
Em razão das dúvidas lançadas sobre o episódio em causa, a Polícia Civil do Paraná investiga o caso e deverá esclarecer as suspeitas suscitadas, para o bem da democracia, que abomina e reprova tanto os tiros como a possível tentativa de se criar ambiente propício para se tirar proveito político-eleitoral indevido e injustificável.  
Os especialistas mais precavidos preferem aguardar o resultado das investigações pertinentes, a despeito de que, alguns alegam, quase tudo o que envolve o partido do político e seus aliados é preferível desconfiar da primeira impressão, porque muitos fatos deixaram de corresponder à realidade, depois de apurado.
Ao que tudo indica, quem arquitetou os tiros nos ônibus, na tentativa de se atingir o coração da democracia pode ter sido verdadeiro amador, ante a possibilidade de os disparos terem resvalados e tomados a direção da falta de dignidade de quem pretendia contar com os dividendos dessa maliciosa, maligna e perversa engenharia maquiavelicamente protagonizada para causar estrago política contra os adversários.
É evidente que ainda é cedo para se tirar conclusões, mas os fatos mostram a perfeição dos furos somente atingidos por projéteis à curta distância e os veículos parados, porque do contrário, estando os atiradores parados e os ônibus em movimento, os furos demonstrariam impactos próprios da velocidade, em dimensões disformes e diferentes daqueles mostrados à imprensa.
Os brasileiros precisam repudiar, com o máximo de veemência, não somente os tiros contra a democracia, caso eles tenham sido causados por adversários políticos, como a indignidade de se forjar situação para tentar proveito político, em demonstração de atitude que também não condiz com os salutares princípios republicano e democrático, embora a verdade dos fatos é sempre a senhora da razão e isso será mostrado pelos peritos. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 30 de março de 2018

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