Vem circulando nas redes
sociais texto que faz alusão à comparação de um ministro do Supremo Tribunal
Federal a um cachorro ferocíssimo, que tem o perigoso hábito de morder a todos,
se tornando verdadeiro terror em convívio com a sociedade, conforme mostra o
excerto a seguir.
“Se na sua rua tem um
cachorro que sai mordendo todo mundo, você vai falar com o cachorro ou com o
dono do cachorro? (...) Quero lembrar aqui que, com quase 100% de certeza, o
tal cachorro morde a mando dos outros da matilha. (...) Se ainda assim o cachorro
sair mordendo quem chegar perto, aí não restará outra alternativa a não ser
sacrificá-lo (...) Repito: Se ainda
assim o cachorro continuar mordendo, mesmo após a ordem do seu dono para ficar
quieto, aí seu dono vai concordar em sacrificá-lo. (...) RESUMÃO: Não adianta
causar um caos na rua por causa de um cachorro louco. Deixemos que o cachorro
se enforque na própria coleira em sua loucura, ou dê motivos para que o próprio
dono peça o seu sacrifício.”.
Confesso que li o texto inteiro e posso afirmar que, como
cristão e ser humano, fiquei estarrecido e com o coração muito triste, diante
do extremo da insensibilidade e da crueldade do autor dele, que aproveita caso
concreto para mostrar o seu verdadeiro sentimento de pura irracionalidade e
desumanidade, quando apela até para sacrificar o pobre animal, que foi
transformado em verdadeiro monstro, na sua descrição, quando não é nada disso,
à luz dos fatos da vida.
Por
mais que o ministro do Supremo possa ser considerado draconiano e severo nas
suas decisões, em forma de monstruosidade e perversidade como vem sendo
avaliado por seguidores do presidente do país, ele é ser humano e desse modo precisa
ser visto, considerado, tratado e respeitado, não como animal irracional bravio
ao máximo, ali apregoado, a ponto da insinuação no texto de possível sacrifício
do ministro, caso ele continue a morder, como assim é colocado como fera que
agride todo mundo, fato este que não é verdade e isso constitui forma mais vil
e injusta de desumanidade, com todo respeito a quem pensa diferentemente disso,
porque cada pessoa pensa segundo a sua capacidade cognitiva de visão dos fatos
da vida.
O
certo é que muita gente vem criticando, certamente de forma extremamente
injusta e desumana, a atuação do ministro, sem sequer ter o mínimo de
conhecimento sobre o conteúdo dos processos nos quais ele vem proferindo suas
sentenças, como forma de se avaliar se elas estão ou não em conformidade com o
ordenamento jurídico vigente, diante do fato de que, nem precisa ser jurista
para saber que "não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena
sem prévia cominação legal.", ex-vi do disposto no art. 5º, inciso
XXXIX, da Constituição.
Lembrando,
a propósito, que o magistrado que decide sem provas, nos autos, sobre a
materialidade concernente ao objeto da ação, inclusive penal, incorre em desídia
funcional, podendo, por conta de seu ato, a ser passível de punição, conforme a
gradação da gravidade da falha, nos termos da Lei da Magistratura Nacional.
Ou
seja, nenhum juiz pode ficar decidindo, ao seu bel-prazer, em nome da Justiça e
da sua mera autoridade, sem que não tenha fato enquadrável em lei como possível
delito, situação essa que pode demonstrar forma de perversidade praticada contra
profissional, cujos atos questionados podem e devem ser impugnados por meio dos
devidos recursos legais pertinentes, evidentemente por iniciativa das partes
envolvidas, à vista do direito constitucional da ampla defesa e do contraditório,
na forma civilizada como se procede nos países sérios e evoluídos, em termos de
respeito aos princípios democrático e humanitário.
Trata-se,
a meu juízo, de monstruosa injustiça em se afirmar que o ministro pune todo
mundo, quando se escreve peremptoriamente, no texto, que “tem um cachorro que sai mordendo todo mundo” e não é fato verdadeiro,
por falta de provas nesse sentido.
Ou
seja, por dever de justiça, conviria que as decisões sancionárias prolatadas
pelo ministro comparável, ao meu sentir, indevidamente a um animal, na forma do
texto acima, sejam devidas e melhormente
conhecidas e avaliadas, uma a uma, por parte dos acusadores, porque é aconselhável
que as pessoas somente assim tenham condições de condená-lo, com base apenas no
conhecimento de todos os fatos pertinentes às decisões proferidas por ele.
Ao
contrário disso, há generalizada condenação do ministro somente porque o
presidente do país também vem sendo investigado por ele e não se cansava de
criticá-lo, pelo menos até o dia 7 último, quando ele teve o prazer de espinafrá-lo
ao máximo, para o delírio da plateia enfurecida, tendo chegado à maior
intensidade possível, de modo a tentar denegrir ao máximo a honra e a dignidade
dele, como se ele fosse não um ser humano, mas sim um animal canino referido no
texto, a somente viver a morder incontrolável e indistintamente as pessoas,
mesmo que elas não tenham cometido nenhuma infração penal, fato que é bastante
deplorável para o ser que se diz humano, quando se acusa severamente sem as
devidas provas, que parece ser o caso.
Sim,
lamento profundamente que eu tenha ficado estarrecido, exatamente por perceber
que pessoa com inteligência literária poderia aproveitar a sua rica e brilhante
capacidade para escrever texto memorável, digno do seu dom da escrita, mas em
benefício da humanidade, em valorização do seu semelhante, procurando mostrar a
importância da realidade dos fatos de maneira realista e responsável, fazendo
avaliação nele sobre os fatos reais, sem sensacionalismo tendencioso, como
nesse caso, em que se compara, em clima bastante desagradável e deprimente, o
homem a um cachorro bravio, que é capaz de atacar e morder a todos, de maneira incontrolável
e generalizada, na maior loucura imaginável, foto que se resume em estupenda
injustiça ao ser humano, por não ter o menor cabimento, à luz dos fatos reais.
Na
verdade, na vida real, acontece que o ministro somente vem punindo as pessoas
que o atacam e o agridem com grosserias duras e desumanas, tendo por finalidade
denegrir a sua honra e a sua imagem, não se tendo notícia de que ele tenha
punido uma única pessoa que respeita os princípios de cidadania, em especial no
que diz respeito à liberdade de expressão e vem se comportando em estrita
consonância com os parâmetros de cidadania e de respeito às normas de
convivência pacífica e apropriada do ser humano normal e digno.
Tenho
certeza de que este texto não tem o condão de ensinamento comportamental algum,
mas fico ainda mais convicto de que o homem poderia ser muito mais cauteloso e
até mais humano se ele se dignasse a somente julgar os fatos depois de
conhecê-los em profundidade, que o capacite afirmar com segurança sobre os
fatos da vida, de modo a se evitar a prática de injustiça contra o seu
semelhante, que, em muitas situações, ele é punido injustamente pela sociedade,
por seu trabalho digno e responsável, à vista do que existe nos autos, que certamente
são desconhecidos pelos “doutos” julgadores dele.
Por
fim, deixo bastante claro que não faço defesa de ninguém e muito menos tenho
condições de fazer julgamento também de ninguém nem sobre fatos, precisamente
porque não conheço, como devo, na condição de cidadão cônscio das minhas
responsabilidades patrióticas, os detalhes sobre todos os casos da vida real e
em especial quantos aos fatos pertinentes ao caso em comento.
É evidente que a liberdade
de expressão compreende também a maravilhosa possibilidade de se escrever os
textos que surgem no imaginário do pensamento e que a sua beleza se materializa
quando ele representa a alma e o sentimento de quem escreve, que tem como essencial
o dever à fidelidade e à grandeza da dignidade humana.
É exatamente por essa razão que entendo que o primor do texto não
são as suas riquezas vernacular e gramatical, mas sim o seu honesto e justo
conteúdo, em termos da verdade e da responsabilidade sobre a representação dos
acontecimentos nele narrados, que precisam ser, sobretudo, a transparência
sobre os fatos da vida, abstraídos os sofismas, porque isso pode levar à
conclusão irreal, injusta e desumana.
Brasília, em 13 de setembro de 2021
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