sexta-feira, 17 de setembro de 2021

Constrangimento para o mundo!

 

O governo brasileiro negocia, pasmem, com a cúpula da Organização das Nações Unidas (ONU) e com a prefeitura de Nova York acordo que permita ao presidente da República puder participar da 76ª Assembleia-Geral da ONU, na próxima semana, sem estar vacinado contra a Covid-19.

O fato é que, apesar de a ONU não ter poder para obrigar a vacinação de chefes de Estado, a administração da cidade de Nova York pretende exigir comprovante de vacinação contra o novo coronavírus para liberar a entrada no plenário onde ocorrerá o evento.

Por incrível que possa parecer, o presidente brasileiro já afirmou que será o “último” brasileiro a se vacinar, em clara demonstração de resistência às vacinas.

Em conversa com apoiadores, em frente ao Palácio da Alvorada, nesta semana, o presidente da nação voltou a repetir que não havia tomado imunizante contra a doença, em que pese o alarmante e deprimente rastro de mais de 580 mil brasileiros mortos, por causa da Covid-19.

Diante da exigência em tela, o governo brasileiro tenta convencer que o presidente possa apenas apresentar teste RT-PCR feito dias antes da Assembleia-Geral, para comprovar que ele não está infectado pela Covid-19.

A administração municipal de Nova York já anunciou que chefes de Estado e de governo e suas comitivas deverão apresentar comprovante de vacinação para entrar na ONU.

Aquela cidade também só permite que pessoas vacinadas entrem em hotéis e restaurantes de Nova York e que portarem o devido certificado de vacinação.

Assessor do presidente brasileiro disse para uma importante jornalista do Metrópoles que o mandatário pretende assegurar os acordos pertinentes antes da viagem, para evitar passar por “constrangimentos” nos Estados Unidos, para onde deve embarcar no próximo dia 19.  

Parece muito a propósito que não seja o caso de “constrangimentos”, mas sim de injustificável vergonha e insensatez que o mandatário de nação com o gigantesco histórico de quase 600 mil mortes de pessoas, vítimas da Covid-19, tenha a insensibilidade de deixar para ser a última pessoa a se vacinar, quando, diante da sua relevante autoridade pública, a principal do país, deveria ter sido o primeiro da fila, logo no início da imunização, justamente para mostrar o seu interesse que todos os brasileiros precisam se proteger contra o perigoso e letal vírus.  

É extremamente deplorável que o chefe do Executivo brasileiro protagonize esse triste e humilhante desprezo aos princípios humanitários, ao se recusar a tomar a vacina contra a Covid-19, por puro preconceito, sob a sua interpretação de que o imunizante causa efeitos colaterais graves, a ponto de transformar humanos em jacarés, conforme ele teria afirmado em algum momento.

A bem da verdade, nas nações sérias e evoluídas, em termos de conscientização de cidadania, os mandatários são sempre os primeiros a se imunizarem, como forma de modelo para ser seguido pelo resto da população, cujo ato serve de incentivo para que todos sejam imunizados e isso se caracteriza como nobre e valioso gesto humanitário, dando verdadeira prova de amor ao povo e à vida.

Ao contrário disso, a atitude do presidente brasileiro não merece a mínima complacência da administração do município de Nova York, que precisa ter a mesma inflexibilidade para o caso, em respeito à insensibilidade do mandatário tupiniquim, com a reafirmação da necessidade da vacinação, tendo em vista que a exigência da certificação sobre o uso da vacina é exclusivamente para a proteção das demais pessoas, o que se justifica não haver exceção alguma, em benefício da insensibilidade e do retrocesso de mentalidade, servindo como lição de civilidade e humanismo, em se tratando que os bons exemplos precisam vir da parte que está bastante avançada, em termos de administração pública.

Enfim, não há a menor dúvida de que assiste total razão ao presidente brasileiro, no sentido de não querer tomar vacina, mas ele se torna absolutamente incoerente ao tentar burlar as regras de civilidade e humanismo impostas por país evoluído, que precisa as manter incólumes, ficando muito clara a forma humilhante por parte de quem tenta ignorá-las, por mera interpretação contrária às orientações científicas.

Convém que o presidente brasileiro, entendendo que é normal o seu direito de não tomar vacina, compreenda, de igual modo, a licitude da exigência de país evoluído para a comprovação do certificado sobre a imunização pessoal, evitando que a regra seja ignorada, para satisfazer o interesse dele, porque isso evidencia vergonhoso constrangimento para o mundo.  

Brasília, em 17 de setembro de 2021

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