quinta-feira, 23 de setembro de 2021

É preciso moralizar?

 

Conforme pesquisa do Ipec, que acaba de ser divulgada, o ex-presidente da República petista lidera as intenções de voto na disputa eleitoral para a Presidência da República, no pleito de 2022, ficando claro que essa afirmação tem por base as pessoas consultados, o que é bem diferente da opinião da grande maioria dos eleitores brasileiros.

O aludido levantamento, que teria analisado dois possíveis cenários, o petista aparece com mais de 20 pontos percentuais, entre as pessoas consultadas, à frente do atual presidente do país.

Na primeira simulação, o petista teve a preferência de  48% dos pesquisados, enquanto o presidente atual ficou com 23%.

No segundo cenário analisado pelo mencionado instituto, com outros concorrentes, Lula teria 45% das intenções de voto e atual presidente aparece com 22%.

O levantamento foi feito entre 2.002 eleitores, nos dias 16 e 20 do fluente mês, em 141 municípios, não tendo sido informadas as regiões nem as quantidades de pessoas ouvidas em cada uma delas, porque isso tem significativa importância, à vista de peculiaridades próprias da pesquisa de opinião pública.

Continuo acreditando na pouquíssima consistência dos elementos capazes de sustentar credibilidade aos resultados de todas as pesquisas divulgadas até o momento, diante da sua gigantesca insignificância perante a realidade que precisa ser levada em consideração para se afiançar o mínimo de seriedade e ainda justificá-la por meio de dados reais e absolutamente precisos, conforme se verifica a seguir.

A base dos eleitores brasileiros habilitados, conforme registros do Tribunal Superior Eleitoral, é constituída de aproximadamente 150 milhões, sim: 150 milhões de eleitores, dois quais somente 2.002 eleitores foram consultados, o equivalente à insignificância da insignificância milesimal, em termos de elementos de consistência estatística, em casos que tais, com capacidade suficiente para a divulgação de que algum candidato lidera a disputa eleitoral para a Presidência da República.

Isso, aos olhos dos princípios da seriedade e da moralidade, chega a constituir verdadeiro acinte à consciência das pessoas com o mínimo de honestidade e dignidade, diante de procedimento de pesquisa com possibilidade de haver tendência de interesses e manipulação, por que elaborado sem a devida relevância para a real finalidade de se mostrar a verdadeira situação eleitoral, com o envolvimento de tão poucos eleitores.

Ainda nessa linha de gritante inconsistência estatística, é verificado que a pesquisa foi realizada em apenas 141 municípios, quando existem no Brasil 5.568 municípios, conforme registros oficiais, e isso equivale a tão somente 2,60% do total, ou seja, quase nada do universo e ainda, para piorar o resultado, não houve informação sobre onde ficam tais municípios e qual a quantidade pesquisada em cada um deles, diante da possível região e localidade que têm ou pode ter mais preferência para determinado candidato do que para outro, como é o caso do Nordeste, que, sabidamente, tem sido muito simpático a um dos concorrentes ao ambicionado cargo da República.

É evidente que a preferência por candidato tem como explicação, normalmente a simpatia ou também a antipatia pelo homem político, a qual, em princípio, deveria recair na escolha daquele que oferecesse os melhores atributos inerentes aos princípios da dignidade, da moralidade, da competência, da eficiência, entre outros que são exigidos para a gestão dos recursos públicos, além de preencher os requisitos referentes à conduta ilibada, diante da imperiosa necessidade da comprovação da probidade com a coisa pública, à vista do dever de se cuidar diretamente da execução de orçamentos públicos, em termos de arrecadação e gastos públicos, tudo na esteira dos princípios da moralidade e da legalidade.

À toda evidência, em um país com o mínimo de seriedade político-administrativa, quanto à necessidade da valorização dos princípios republicanos da moralidade, honestidade, legalidade, transparência, entre outros da maior relevância para a indispensável existência da lisura no trato da coisa pública, o povo jamais poderia sequer pensar em cogitar nem quanto mais em apoiar a candidatura de político decadente, que se encontra respondendo a processos nas barras da Justiça, com a indicação concreta de denúncias graves sobre a prática de irregularidades com recursos públicos, tendo ficado patente a sua incapacidade de provar a sua inculpabilidade nesses casos, à vistas das sentenças já prolatadas em dois casos, que foram anuladas, não por força do exame de mérito, mas sim por incompetência jurisdicional da Justiça.

Na prática, isso é a prova maior da desmoralização, da esculhambação não somente do suposto candidato que não preenche as mínimas condições legais de dignidade para representar o povo, mas sim também do próprio povo, que se permite, de forma vergonhosa, ser desonrado e inferiorizado ao extremo, quanto à sua honradez, de moto próprio, em dizer que teria a descompostura moral, com base nos dados da pesquisa em tela, para apoiar político, que tem sido incapaz de provar a sua inocência nos processos penais em tramitação na Justiça, tanto naqueles casos já julgados, com resultados de prisão, e vergonhosamente anuladas as sentenças condenatórias, tão somente por questões de conveniências e interesses pessoais de tribunal e não por exame de mérito das causas propriamente ditas.

Nesse caso, verifica-se verdadeira situação de desmoralização de político sem a mínima dignidade para participar das atividades públicas, que devem merecer o devido respeito, diante da grandeza das suas finalidades, à luz dos princípios mais sagrados da administração pública, onde não pode existir sequer suspeita sobre possíveis irregularidades, quanto mais já havendo a constatação de muitos processos de natureza penal em plena vigência de investigação, na Justiça, fato este que se caracteriza como absolutamente incompatível com os princípios republicano e democrático, em combinação com a evolução da humanidade.

Não há a menor dúvida de que, pelo menos nos termos da pesquisa em referência, ante a revelação de preferência por político envolvido na Justiça, com investigação sobre suspeitas da prática de irregularidades, conviria que os brasileiros honrados e que realmente amam o Brasil se mobilizassem, com urgência, no sentido de que ficasse bastante claro o entendimento segundo o qual é agressão deliberada ao Brasil e aos eleitores dignos quem se apresentar como candidato a cargo público eletivo não estando devidamente habilitado ao preenchimento dos requisitos de conduta ilibada e de licitude quanto às atividades da vida pública, para tanto ele deve apresentar atestados de nada consta expedidos pelo Poder Judiciário.   

Salvo o deplorável e deprimente entendimento segundo o qual o povo tem o governo que merece, na verdade, brasileiros somente têm o direito de exigir que os candidatos sejam os mais imaculados da política, porque isso tem como corolário a dignidade do próprio Brasil, que não pode ser desmoralizado, de maneira deliberada, pelos próprios filhos, quando alguns permitem que homens públicos investigados na Justiça possam se habilitar para comandar a nação e isso representa não somente afronta aos princípios republicano e democrático, mas, em especial, forma de banalização da desmoralização e da indignidade do ser humano, tanto por parte de quem apoia como de quem recebe o apoio.

Ante o exposto, nutre-se a esperança de que os brasileiros que primam pela moralidade na administração do país se esforcem em não permitir que candidatos em plena decadência moral, pelo fato de se encontrar respondendo a processos na Justiça, por meio de ações na esfera penal, sob o entendimento de que isso não condiz com as atividades políticas o homem público, evidentemente enquanto não tiver o seu nome limpo e imune a qualquer suspeita sobre a prática de irregularidades.

Brasília, em 23 de setembro de 2021

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