O ex-presidente da República petista, em discurso cheio
de empolgação, há dois anos, aproveitou a ação da Polícia Federal, que resultou
na prisão do prefeito de Macapá/AP, como exemplo de combate do seu governo à
corrupção. Ele, a par de elogiar o trabalho da PF, vociferou dizendo que, no
seu governo, bandidos não ficariam impunes. Agora, em troca do apoio do PDT
nacional ao candidato à Prefeitura de São Paulo, o ex-presidente não teve o
mínimo escrúpulo de declarar, em gravação, apoio ao citado prefeito, candidato
à reeleição, o qual foi preso, em 2010, na Operação Mãos Limpas, tendo passado
dois meses na Penitenciária da Papuda em Brasília. O cidadão para quem o
ex-presidente agora pede voto responde, com base em acusação da PF, pelo desvio
de R$ 1 bilhão em recursos federais, cujo inquérito ainda se encontra em
tramitação no Superior Tribunal de Justiça e no Tribunal Regional Federal da 1ª
Região. No momento da prisão, o ex-presidente disse: “Quando tem roubo a gente pega, vocês viram o que aconteceu agora no
Amapá. Só tem um jeito de um bandido não ser preso neste país, é ele não ser
bandido”. No seu habitual jeitinho de se adaptar às circunstâncias, próprias
das indignas negociatas, o ex-presidente diz agora que o criminoso de outrora –
que faz campanha sob restrição judicial – é depositário da confiança e da
esperança dos cidadãos de Macapá e, por isso, é preciso votar nele, para ajudar
a construir “um Brasil forte, cheio de
vida, onde as pessoas caminham com confiança cada vez maior na realização de
seus sonhos”. Esse episódio revela, mais uma vez, as multifaces de um
político que faz questão de não observar os princípios éticos e morais, de
atropelar os elevados sentimentos de honestidade e de transformar, em tão pouco
tempo, mesmo que o caso ainda não tenha sido julgado pela Justiça, um criminoso,
um corrupto, um bandido, em realizador de sonhos do povo, como se ele fosse
cidadão de bem, que tivesse caráter e procedesse com probidade. É pena que o
povo ainda dê ouvidos a falsas pregações e atenda os apelos de gente sem
promiscuidade com a gestão pública. As participações do ex-presidente nesta
campanha política têm mostrado que pouco importa a apresentação de programas e
metas eficientes de gestão, que objetivem satisfazer e solucionar os problemas
sociais, porque nada disso se compara à loucura desenfreada de alcançar o poder
ou se manter nele, como é o caso em comento, em que um candidato bandido – assim
reconhecido há pouco tempo pelo ex-presidente - merece a sua atenção especial,
em troca de apoio para candidato do seu partido. Essa falta de lisura e de
decência com a coisa pública apenas confirma as tramoias e as coalizões espúrias
firmadas nesse governo petista, em que os órgãos públicos são loteados e
comandados por pessoas incompetentes e inescrupulosas, em troca de apoio
político, sem o menor pudor nem preocupação com os princípios da administração pública.
Urge que a sociedade rechace com veemência a prática de política irresponsável,
não permitindo que a imoralidade da politicagem continue prejudicando os
interesses públicos e o crescimento do país. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 19 de outubro de 2012
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