As falhas
no fornecimento de energia dos últimos dias foram consideradas pelo governo
como “mera coincidência” e por episódios que lamentavelmente acontecem. O
ministro das Minas e Energia aproveitou o ensejo para negar aumento na
frequência das quedas ocorridas ultimamente, em todo país, apesar dos apagões em
áreas das regiões Sul, Centro-Oeste e Sudeste – inclusive o Rio de Janeiro –,
além dos estados de Rondônia e Acre. A justificativa do Operador Nacional do
Sistema Elétrico foi de que o apagão teve origem no incêndio de um transformador
da subestação de Furnas, em Foz do Iguaçu. Inobstante, o apagão atinge diversas
regiões do Distrito Federal, causando o maior alvoroço para a sua população. Segundo
as autoridades, a falha no DF decorreu de um incêndio que atingiu a rede da
CEB, distribuidora de energia na região, enquanto o drástico apagão no Nordeste
foi provocado por falha numa subestação de Imperatriz (MA). Na ocasião, o
governo garantiu que o sistema elétrico brasileiro embora seja bom, firme, forte
e um dos melhores do mundo, ele não está imune às falhas, não sendo possível se
garantir com absoluta segurança que nunca vai acontecer falhas, como ocorre no
mundo afora. Em que pese a incidência de apagões, o governo anuncia que criou
grupo de trabalho para avaliar o sistema de transmissão e distribuição do país,
como forma de buscar a garantia de que o sistema elétrico brasileiro seja “cada vez mais confiável”. Na avaliação
do governo, os episódios dos últimos dias, que não podem ser classificados de apagão
ou blackouts, são falhas
descontroladas e que atingem grandes regiões, provocadas de forma seletivas e
controladas para “evitar mal maior”.
Não há a menor dúvida de que coincidência soa bem melhor com incompetência e desleixo
por parte dos operadores, principalmente pela visível falta de investimentos no
sistema elétrico, que tem inigualável eficiência na cobrança de tarifas
exorbitantes, a ponto de esse fato contribuir para o fechamento de fábricas,
empresas e indústrias, que geravam empregos e contribuíam para a formação do
Produto Interno Bruto, por não suportarem os altos valores de um dos
componentes do Custo Brasil, um dos mais elevados do mundo a inviabilizar a
competitividade da produção nacional. Apesar disso, o governo vinha até poucos
dias atrás acusando a administração tucana pelos constantes apagões, como se a
gestão atual estivesse isenta dessas falhas maléficas à sociedade. Na verdade, os
apagões não surgem por acaso, porquanto
eles normalmente são fruto da incompetência gerencial, compreendendo a falta de
manutenção do Sistema Elétrico ou a ausência de investimentos no setor
energético ou, ainda, a combinação de ambas. O certo é que, de uma forma ou de
outra, o povo termina sendo prejudicado e obrigado a arcar com as consequências
de um governo afiado e bem preparado para criticar e acusar a administração de
seu adversário de negligente, quando deveria ter a dignidade de assumir suas
deficiências e também seus horrorosos e inevitáveis apagões. Urge que a
sociedade exija que os governantes se dignem a gerenciar os serviços públicos
com capacidade, eficiência e o devido respeito aos direitos dos cidadãos, que
pagam tarifas públicas tão absurdas e ainda são obrigados a ouvir
justificativas infundadas e desconectadas da realidade sobre os apagões, que
poderiam ser evitáveis, caso houve competência na gestão do Sistema Elétrico
Nacional. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 06 de outubro de 2012
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