domingo, 7 de outubro de 2012

Surpreendentes apagões?

As falhas no fornecimento de energia dos últimos dias foram consideradas pelo governo como “mera coincidência” e por episódios que lamentavelmente acontecem. O ministro das Minas e Energia aproveitou o ensejo para negar aumento na frequência das quedas ocorridas ultimamente, em todo país, apesar dos apagões em áreas das regiões Sul, Centro-Oeste e Sudeste – inclusive o Rio de Janeiro –, além dos estados de Rondônia e Acre. A justificativa do Operador Nacional do Sistema Elétrico foi de que o apagão teve origem no incêndio de um transformador da subestação de Furnas, em Foz do Iguaçu. Inobstante, o apagão atinge diversas regiões do Distrito Federal, causando o maior alvoroço para a sua população. Segundo as autoridades, a falha no DF decorreu de um incêndio que atingiu a rede da CEB, distribuidora de energia na região, enquanto o drástico apagão no Nordeste foi provocado por falha numa subestação de Imperatriz (MA). Na ocasião, o governo garantiu que o sistema elétrico brasileiro embora seja bom, firme, forte e um dos melhores do mundo, ele não está imune às falhas, não sendo possível se garantir com absoluta segurança que nunca vai acontecer falhas, como ocorre no mundo afora. Em que pese a incidência de apagões, o governo anuncia que criou grupo de trabalho para avaliar o sistema de transmissão e distribuição do país, como forma de buscar a garantia de que o sistema elétrico brasileiro seja “cada vez mais confiável”. Na avaliação do governo, os episódios dos últimos dias, que não podem ser classificados de apagão ou blackouts, são falhas descontroladas e que atingem grandes regiões, provocadas de forma seletivas e controladas para “evitar mal maior”. Não há a menor dúvida de que coincidência soa bem melhor com incompetência e desleixo por parte dos operadores, principalmente pela visível falta de investimentos no sistema elétrico, que tem inigualável eficiência na cobrança de tarifas exorbitantes, a ponto de esse fato contribuir para o fechamento de fábricas, empresas e indústrias, que geravam empregos e contribuíam para a formação do Produto Interno Bruto, por não suportarem os altos valores de um dos componentes do Custo Brasil, um dos mais elevados do mundo a inviabilizar a competitividade da produção nacional. Apesar disso, o governo vinha até poucos dias atrás acusando a administração tucana pelos constantes apagões, como se a gestão atual estivesse isenta dessas falhas maléficas à sociedade. Na verdade, os apagões não surgem por acaso, porquanto eles normalmente são fruto da incompetência gerencial, compreendendo a falta de manutenção do Sistema Elétrico ou a ausência de investimentos no setor energético ou, ainda, a combinação de ambas. O certo é que, de uma forma ou de outra, o povo termina sendo prejudicado e obrigado a arcar com as consequências de um governo afiado e bem preparado para criticar e acusar a administração de seu adversário de negligente, quando deveria ter a dignidade de assumir suas deficiências e também seus horrorosos e inevitáveis apagões. Urge que a sociedade exija que os governantes se dignem a gerenciar os serviços públicos com capacidade, eficiência e o devido respeito aos direitos dos cidadãos, que pagam tarifas públicas tão absurdas e ainda são obrigados a ouvir justificativas infundadas e desconectadas da realidade sobre os apagões, que poderiam ser evitáveis, caso houve competência na gestão do Sistema Elétrico Nacional. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 06 de outubro de 2012

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