O ex-presidente da
República petista decidiu orientar os candidatos do PT nas eleições municipais sobre
a necessidade de se "Discutir os
problemas das cidades. Mas, se formos chamados de mensaleiros, não podemos
deixar sem resposta. Vamos debater de cabeça erguida", ou seja, o uso
eleitoral do julgamento do mensalão tem que merecer resposta, tendo aproveitado
o ensejo para exaltar a atuação de seu governo no combate à corrupção e pediu
que os petistas, em campanha, confrontassem seu trabalho com o do seu antecessor.
O espírito do discurso do petista, pasmem, é o de "Ninguém vai negar que tem processo. Temos que responder às provocações".
A posição agora adotada pelo líder petista demonstra com letras garrafais o
poço profundo da insinceridade de quem, desde a descoberta do esquema do
mensalão, sempre negou a sua existência, jurou nada saber sobre ele e ainda
desdenhava daqueles que criticava a roubalheira no seu governo e a leniência
com a impunidade dos companheiros corruptos, daqueles que se envolveram na
sujeira infecta, para beneficiar o próprio ex-presidente, no seu projeto de
perpetuação no poder, comprando a consciência de parlamentares, para
fortalecimento da sua base de sustentação política. Não deixa de ser muito
estranho que ele mande responder sobre algo que não existia, porque não se
responde ao que não há para quem nunca teve a dignidade de reconhecer a
robusteza das irregularidades no seu governo, que somente a nobreza e a
decência da maioria dos ministros da Excelsa Corte de Justiça foram capazes de
mostrar o fragoroso rombo causado pela quadrilha do mensalão aos cofres
públicos, com a vergonhosa utilização de dinheiros de empresas estatais para a
manutenção dessa lastimável rapinagem. Na verdade, a surpreendente atitude do
ex-presidente apenas confirma a sua coerência quanto às constantes mudanças de
posição, que são feitas em consonância com seus interesses, conforme as forças
das circunstâncias e de acordo com o momento mais proveitoso para seus projetos
políticos. Por sua vez, a ideia de confrontar seu governo com o do seu antecessor,
quanto ao combate à corrupção, logo se chega à conclusão de que somente o
estrago do mensalão, por si só, já evidencia que a sua gestão merece a coroa de
rei de mais corrupto da história republicana, principalmente pelo fato de que, apesar
de a gigantesca pilhagem, ninguém foi punido no seu governo, somente o seu
chefe da Casa Civil resolveu se afastar do cargo por livre e espontânea vontade,
por ter sido incluído no rolo compressor do mensalão. No seu governo, farto de
ministros corruptos, nenhum foi punido e todos permaneceram nos seus cargos até
se exonerarem, alguns, no atual governo. Em suma, seria mais digno e honroso
para o ex-presidente dar a mão à palmatória, confessar as suas fraquezas, as
suas deficiências gerenciais e assumir seus graves erros administrativos,
pedindo desculpas à nação por ter sido despreparado para governar o país à
altura da sua magnitude, incompetente na indicação de pessoas desonestas e
corruptas para o exercício de cargos de relevância da República e conivente com
a impunidade dos desonestos e aproveitadores das verbas públicas. A sociedade
tem a obrigação cívica de somente acreditar em políticos honestos, cultores da
verdade, respeitadores dos princípios éticos e morais e da pureza da
consciência do povo brasileiro. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 22 de outubro de 2012
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