Sempre com ironias
e cinismos, o ex-presidente da República petista, depois de ter reconhecido
em rede nacional de televisão que os companheiros aloprados tinham traído a
sua confiança pela prática do mensalão, até chegando a prometer apresentar pedido
de desculpas à nação pelo infausto acontecimento – intenção não concretizada
-, arrependeu-se completamente de forma
fragorosa, passando a partir de então a jurar de mãos juntas que nada tinha
acontecido senão um conjunto orquestrado de denúncias infundadas patrocinadas
pela maldosa oposição, com o objetivo de desestabilizar o seu governo, por
não aceitar a derrota nas urnas por “humildes” trabalhadores. Agora que o
Supremo Tribunal Federal, de forma convincente e incontestável, por ter se fundamentado
em provas materiais e testemunhais substanciais e robustamente coligidas em volumosos
processos, decide atestar a indecente e aviltante compra de votos de
parlamentares igualmente corruptos, talvez ajude a facilitar sobremodo que as
lideranças do partido menos ético e mais imoral do país repense seu
posicionamento de recalcitrância quanto à deselegante mania de negar a
existência do maior escândalo da história política brasileira, protagonizado
por um bando de irresponsáveis, insensatos e indignos cidadãos, que resolveu
desviar recursos públicos, mediante esquemas “inteligentemente” organizados,
para a compra de apoio político no Congresso Nacional. Na verdade, essa forma
desonesta de desdenhar da existência dos fatos reais e comprovados somente
contribui para agregar descrédito e desconfiança por parte da sociedade aos
seus protagonistas, pela evidente agressão com a deliberada falta de caráter
na tentativa de acobertar irregularidades gravíssimas no seu governo, que, de
maneira negligente, não teve coragem nem dignidade para determinar a apuração
dos fatos inquinados de irregulares e a revelação da verdade, como se exigem
nos regimes republicanos, onde prevalece, sobre qualquer pretexto político, a
salutar e natural transparência dos atos e fatos administrativos, em
reafirmação e consolidação dos princípios éticos, morais e democráticos.
Diante da comprovação do verdadeiro mar de lama infecta, espargida por quem
demonstrou ignorar os princípios da honradez e da probidade na gestão dos
negócios do Estado, não há a menor dúvida de que, com base nos resultados do
julgamento justo e imparcial do mensalão pela Excelsa Corte de Justiça, são
absolutamente condenáveis os atos sujos e maldosos da corrupção lesiva aos
interesses nacionais e aos ideários partidários. Agora, a sociedade, em
estrito cumprimento ao inalienável resgate dos princípios democráticos, deve
ter a dignidade e a inteligência de promover a nobre, justa e poderosa competência
da sua alçada, decorrente da força do seu voto, no sentido de avaliar o
mérito, o merecimento da existência ou não do partido que deu guarida à
quadrilha de aproveitadores de recursos públicos, para satisfação de fins
estranhos ao interesse público, contrariando a honrosa confiança depositada
nas urnas. Acorda, Brasil!
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ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 06 de outubro de 2012
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