sábado, 6 de outubro de 2012

Ruidosas lições de ironias

Sempre com ironias e cinismos, o ex-presidente da República petista, depois de ter reconhecido em rede nacional de televisão que os companheiros aloprados tinham traído a sua confiança pela prática do mensalão, até chegando a prometer apresentar pedido de desculpas à nação pelo infausto acontecimento – intenção não concretizada -, arrependeu-se completamente  de forma fragorosa, passando a partir de então a jurar de mãos juntas que nada tinha acontecido senão um conjunto orquestrado de denúncias infundadas patrocinadas pela maldosa oposição, com o objetivo de desestabilizar o seu governo, por não aceitar a derrota nas urnas por “humildes” trabalhadores. Agora que o Supremo Tribunal Federal, de forma convincente e incontestável, por ter se fundamentado em provas materiais e testemunhais substanciais e  robustamente coligidas em volumosos processos, decide atestar a indecente e aviltante compra de votos de parlamentares igualmente corruptos, talvez ajude a facilitar sobremodo que as lideranças do partido menos ético e mais imoral do país repense seu posicionamento de recalcitrância quanto à deselegante mania de negar a existência do maior escândalo da história política brasileira, protagonizado por um bando de irresponsáveis, insensatos e indignos cidadãos, que resolveu desviar recursos públicos, mediante esquemas “inteligentemente” organizados, para a compra de apoio político no Congresso Nacional. Na verdade, essa forma desonesta de desdenhar da existência dos fatos reais e comprovados somente contribui para agregar descrédito e desconfiança por parte da sociedade aos seus protagonistas, pela evidente agressão com a deliberada falta de caráter na tentativa de acobertar irregularidades gravíssimas no seu governo, que, de maneira negligente, não teve coragem nem dignidade para determinar a apuração dos fatos inquinados de irregulares e a revelação da verdade, como se exigem nos regimes republicanos, onde prevalece, sobre qualquer pretexto político, a salutar e natural transparência dos atos e fatos administrativos, em reafirmação e consolidação dos princípios éticos, morais e democráticos. Diante da comprovação do verdadeiro mar de lama infecta, espargida por quem demonstrou ignorar os princípios da honradez e da probidade na gestão dos negócios do Estado, não há a menor dúvida de que, com base nos resultados do julgamento justo e imparcial do mensalão pela Excelsa Corte de Justiça, são absolutamente condenáveis os atos sujos e maldosos da corrupção lesiva aos interesses nacionais e aos ideários partidários. Agora, a sociedade, em estrito cumprimento ao inalienável resgate dos princípios democráticos, deve ter a dignidade e a inteligência de promover a nobre, justa e poderosa competência da sua alçada, decorrente da força do seu voto, no sentido de avaliar o mérito, o merecimento da existência ou não do partido que deu guarida à quadrilha de aproveitadores de recursos públicos, para satisfação de fins estranhos ao interesse público, contrariando a honrosa confiança depositada nas urnas. Acorda, Brasil!
 
 
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 06 de outubro de 2012

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