quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Melancolia da Estrela Solitária

Quem teve a infeliz e desastrosa oportunidade de assistir o jogo programado pela 27ª rodada do Campeonato Brasileiro deve ter se conscientizado da triste realidade pela qual passa o Botafogo, como soe acontecer no final das competições congêneres, quando sempre apresenta futebol de quinta categoria, comparável aos times que brigam bravamente para sair da zona de rebaixamento, objetivo, aliás, não descartado no caso dele, a partir deste momento do certame, depois que ele pretendia, embora sem a mínima condição para tanto, se classificar para a Libertadores. Quem tem um elenco razoável, com pouquíssimos jogadores de qualidade e os demais apenas esforçados, não pode almejar senão se manter entre a elite do futebol brasileiro. É verdade que já faz bastante tempo que o Glorioso não vem jogando absolutamente nada, mas se pode dizer com convicção que hoje houve espetáculo da pior qualidade. Um verdadeiro vexame jogando em caso, quando ninguém se entendia em campo, os passem errados sobressaíram em profusão e os atletas que vinham se destacando em jogos anteriores se nivelaram aos demais e até conseguiram contribuir para os dois gols do adversário e a empurrar as esperanças de melhores resultados para o espaço sideral. O diagnóstico que se pode fazer, no momento, é de que o time não reage nem encontra saída para as armadilhas preparadas pelos adversários, tornando-se presa fácil, ainda que atuando nos seus domínios, quando até há pouco tempo era seu forte jogar com a sua torcida, que já percebeu a ruindade do time e simplesmente não comparece mais ao Engenhão, para não ter o dissabor de sofrer de corpo presente, em pleno estádio. Será se há necessidade de técnico para dirigir time que somente empata ou perde? Não seria melhor se experimentar, nesta fase cruel, que os jogadores se escalem entre si, como fazem nas várzeas? Com certeza, a união de todos seria capaz de arrancar vitórias surpreendentes. Como a crise abateu de forma generalizada, atingindo tanto o elenco como a torcida, conviria que o Botafogo tivesse o privilégio de ser rebaixado para a 2ª Divisão do Campeonato Brasileiro, para que seus dirigentes se conscientizassem de que time medíocre não pode permanecer na elite do futebol e algo especial precisaria ser feito com urgência. É de se lamentar que essa hipótese seja quase impossível, porque há vários times brigando para não permanecer na 1ª Divisão, de tão ruins, porém piores do que o Glorioso, que está a cinco pontos para sair desse pesadelo. A propósito, quando houve a contratação do jogador holandês, não tive qualquer dificuldade em afirmar, em artigo, que nada adiantaria tamanha euforia, em virtude de vários fatores, entre os quais o de que pouco adiantaria a contratação de excelente profissional se o resto do time é precário e impotente para respaldar o talento, que não tem condição de sobressair, por falta da fertilidade própria do futebol, tão abundante em passado longínquo e até servia de essencial sustância para manter a Estrela Solitária sempre altaneira e cintilante. Como é duro viver do passado, abençoado pela fertilidade de bons e felizes momentos...
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 10 de outubro de 2012

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