sábado, 27 de outubro de 2012

Basta de farra eleitoral

Nestas eleições para prefeito, houve debandada generalizada de Brasília das autoridades componentes dos Poderes Executivo e Legislativo. Os ministérios e Congresso Nacional ficaram entregues às moscas, com o afastamento para as suas bases políticas dos ministros, senadores e deputados federais, todos preocupados em apoiar seus candidatos. Trata-se de vergonhoso procedimento, revestido de plena ilegalidade, máxime pelo descarado afastamento das suas funções por motivos absolutamente sem justificativa ou fundamento plausível, uma vez que a eleição de prefeito não condiz com as atividades legais e constitucionais dos servidores públicos, quanto mais para os titulares dos ministérios e igualmente os membros do Parlamento. O mais grave é que esses inescrupulosos servidores, sem nada produzirem em prol do Estado, continuam percebendo seus vencimentos a distância das suas funções e ainda, em muitos casos, fazendo uso da máquina pública, utilizando transportes públicos e exigindo o reembolso de despesas realizadas em benefício particular, com amparo nas famosas verbas indenizatórias. O que mais impressiona é que, no período da campanha eleitoral, frise-se, para prefeito, o governo federal se envolve por completo e se mobiliza de forma ardorosa como se o pleito dissesse respeito aos seus interesses diretos. Nesse período, o prejuízo para o país é imensurável, tendo em vista que as repartições públicas são paralisadas, o Congresso não legisla e a população, que paga pesados impostos para custear a máquina pública ineficiente e caríssima, fica desprovida de produtividade nesse período eleitoral. Na verdade, o povo é o culpado por tamanho desrespeito e indignidade aos princípios da honestidade e da seriedade com a gestão dos recursos públicos, ante a conivência com essas atitudes malévolas aos interesses públicos. Caso a sociedade repudiasse com rigor e veemência e também se os órgãos incumbidos de fiscalizar o bom e regular emprego do dinheiro público, esses péssimos servidores seriam proibidos de afastamento das suas funções, para cuidar de interesses particulares. Como não há a cobrança com vistas à moralização desses desonestos procedimentos contrários ao interesse público, o mínimo que se poderia exigir é que os servidores públicos que quisessem se afastar das suas funções, para cuidar de campanha eleitoral, deveriam ter a nobreza de abdicar dos seus vencimentos, no período do afastamento. Mas o que esperar desse governo, cuja titular é a primeira a declarar envolvimento com a campanha de seus correligionários? As perspectivas de moralização do país são as piores possíveis, quando se verifica que o partido que protagonizou o pior romba nos cofres públicos, conforme evidencia o julgamento do esquema do mensalão, apenas debocha sobre a existência dos seus atos criminosos, fazendo acreditar que não constitui maldade fraudar a gestão de recursos públicos em benefício próprio. A sociedade precisa urgentemente exigir a moralização do serviço público, fazendo com que os servidores cumpram rigorosamente seus deveres funcionais e, no caso de afastamento das suas funções, por qualquer motivo, seus vencimentos sejam suspensos automaticamente. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 26 de outubro de 2012

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