Nestas eleições para
prefeito, houve debandada generalizada de Brasília das autoridades componentes
dos Poderes Executivo e Legislativo. Os ministérios e Congresso Nacional
ficaram entregues às moscas, com o afastamento para as suas bases políticas dos
ministros, senadores e deputados federais, todos preocupados em apoiar seus
candidatos. Trata-se de vergonhoso procedimento, revestido de plena ilegalidade,
máxime pelo descarado afastamento das suas funções por motivos absolutamente
sem justificativa ou fundamento plausível, uma vez que a eleição de prefeito
não condiz com as atividades legais e constitucionais dos servidores públicos,
quanto mais para os titulares dos ministérios e igualmente os membros do
Parlamento. O mais grave é que esses inescrupulosos servidores, sem nada
produzirem em prol do Estado, continuam percebendo seus vencimentos a distância
das suas funções e ainda, em muitos casos, fazendo uso da máquina pública,
utilizando transportes públicos e exigindo o reembolso de despesas realizadas
em benefício particular, com amparo nas famosas verbas indenizatórias. O que
mais impressiona é que, no período da campanha eleitoral, frise-se, para
prefeito, o governo federal se envolve por completo e se mobiliza de forma
ardorosa como se o pleito dissesse respeito aos seus interesses diretos. Nesse
período, o prejuízo para o país é imensurável, tendo em vista que as
repartições públicas são paralisadas, o Congresso não legisla e a população,
que paga pesados impostos para custear a máquina pública ineficiente e caríssima,
fica desprovida de produtividade nesse período eleitoral. Na verdade, o povo é
o culpado por tamanho desrespeito e indignidade aos princípios da honestidade e
da seriedade com a gestão dos recursos públicos, ante a conivência com essas
atitudes malévolas aos interesses públicos. Caso a sociedade repudiasse com
rigor e veemência e também se os órgãos incumbidos de fiscalizar o bom e
regular emprego do dinheiro público, esses péssimos servidores seriam proibidos
de afastamento das suas funções, para cuidar de interesses particulares. Como
não há a cobrança com vistas à moralização desses desonestos procedimentos
contrários ao interesse público, o mínimo que se poderia exigir é que os
servidores públicos que quisessem se afastar das suas funções, para cuidar de
campanha eleitoral, deveriam ter a nobreza de abdicar dos seus vencimentos, no
período do afastamento. Mas o que esperar desse governo, cuja titular é a
primeira a declarar envolvimento com a campanha de seus correligionários? As
perspectivas de moralização do país são as piores possíveis, quando se verifica
que o partido que protagonizou o pior romba nos cofres públicos, conforme
evidencia o julgamento do esquema do mensalão, apenas debocha sobre a
existência dos seus atos criminosos, fazendo acreditar que não constitui
maldade fraudar a gestão de recursos públicos em benefício próprio. A sociedade
precisa urgentemente exigir a moralização do serviço público, fazendo com que os
servidores cumpram rigorosamente seus deveres funcionais e, no caso de afastamento
das suas funções, por qualquer motivo, seus vencimentos sejam suspensos
automaticamente. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 26 de outubro de 2012
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