segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Serenidade e caldo de galinha...

Alguns ministros do Supremo Tribunal Federal estão demonstrando desgaste natural com o prolongado e estafante julgamento do famigerado mensalão. No caso do relator, a sua posição tem sido incisiva, convicta, de destaque e brilhantismo quanto às explicações esmiuçadas e destrinçadas dos meandros do intrincado e volumoso processo, demonstrando sapiência, completo domínio e conhecimento de cada momento dos delitos causados pelos envolvidos, tecendo os mínimos detalhes sobre os fatos, para que seus pares tenham condições plenas de julgar com absoluta segurança. A sua posição tem sido de doutrinador consciente e capaz de analisar os fatos com perspicácia e profundidade, sem hipocrisia e sem medo de revelar a verdade na extensão dos acontecimentos, como forma de escancarar a sujeira que o PT insistia em negá-la e jogá-la sob o tapete da imundície política, em demonstração de fraqueza da desonestidade de quem fez uso descarado dos dinheiros púbicos para fins indecorosos, como a compra de votos de parlamentares. O julgamento do mensalão, não importando se os réus sejam presos ou não, já constitui marco importante na história política brasileira, pelo fato de mostrar com toda robusteza e substância incontestáveis que realmente houve desvio de recursos dos cofres públicos por parte do governo, para respaldo da compra da consciência de cidadãos inescrupulosos como os próprios mentores e operadores do censurável esquema delituoso, para aprovação dos seus projetos políticos. No desenrolar desse julgamento, é natural que ocorram opiniões divergentes entre os pares, diante de situações que poderiam se limitar às questões processuais, como meio eficaz de esclarecimento ou aperfeiçoamento da condução dos trabalhos inerentes ao julgamento dos autos, mas algumas situações de desentendimentos entre ministros extrapolaram à simples compreensão e discussão da matéria. Todavia, isso felizmente não teve reflexo nem interferência no julgamento propriamente, porque os ministros têm consciência do quanto o seu resultado é importante para os destinos do país. Embora alguns ministros possam parecer obstáculo para seus pares ou até mesmo para o presidente do Supremo, como há insinuação nesse sentido, os empecilhos inevitáveis não podem nem devem prejudicar o justo, imparcial e correto julgamento dos feitos da competência da Excelsa Corte de Justiça, a quem o povo brasileiro deposita total esperança quanto à aplicação das medidas punitivas cabíveis aos crimes submetidos ao seu elevado descortino. Tratando-se da mais alta Corte de Justiça do país, conviria que seus componentes fossem comedidos nas agressões verbais mútuas, mas, em casos inevitáveis, que as discussões se processem em nível de civilidade que sirva de exemplo de como as pessoas inteligentes devem expor suas posições e defender suas opiniões. As querelas menores são incompatíveis com a importância do cargo de ministro do Supremo, à vista do atendimento aos requisitos de notáveis conhecimentos e saberes jurídicos, reputação ilibada, idoneidade moral etc., demandando deles exemplo e espelho para os brasileiros. A sociedade confia que os ministros do Supremo Tribunal Federal tenham serenidade e sabedoria para julgar com absoluta justiça o mensalão, de modo que os culpados sejam sancionados pelos crimes cometidos. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 30 de setembro de 2012

Nenhum comentário:

Postar um comentário