Após tantas condenações aplicadas ao operador do
mensalão, por nada mais menos do que cinco crimes no julgamento do maior escândalo
republicano, a sua defesa tenta demonstrar e convencer os ministros do Supremo
Tribunal Federal de que os principais interessados na compra de apoio político
no Congresso Nacional eram os ex-presidente da República e Partido dos
Trabalhadores, conforme memorial de oito páginas enfatizando que o núcleo
político da denúncia de corrupção “deslocou o foco” das investigações dos protagonistas
do esquema, entre o ex-presidente, seus ministros e dirigentes do PT, para o
empresário mineiro. Nas três ocasiões em que cita o ex-presidente no documento,
o criminalista escreve o nome do petista em letras maiúsculas, dessa forma: “...
relevantes seriam as condutas dos
interessados no suporte político 'comprado' (Presidente LULA, seus Ministros e
seu partido) e dos beneficiários financeiros (Partidos Políticos da base
aliada), sendo o PT, Partido dos Trabalhadores, o verdadeiro intermediário do
‘mensalão’”. Para o advogado do operador do mensalão, o seu cliente foi
transformado em peça principal do enredo político e jornalístico, cunhando-se
na mídia a expressão ‘valerioduto’, com o objetivo de ser o único responsável
por tudo de ruim que representa o mensalão e, dessa forma, ser condenado, por
antecipação, em franco desrespeito ao princípio constitucional fundamental da
dignidade da pessoa humana. O memorial tentava atenuar a severa punição ao
operador do mensalão, pelo fato de ele ter colaborado com as investigações que
descortinaram o indecente esquema da compra de votos, com o fornecimento da
lista e dos documentos que permitiram ao Ministério Público oferecer denúncia
contra 40 pessoas, em que pese a Corte Suprema ter sido bastante dura ao
condená-lo por quatro dos cincos crimes dos quais ele havia sido denunciado. O
homem agora acusado de ter sido o principal interessado na operação do
famigerado mensalão é tão poderoso a ponto de se por em dúvida que nem Papai
Noel acreditaria que o ex-presidente da República seria capaz de cometer atos
tão desprezíveis e abjetos como os que foram denunciados no processo do mensalão,
máxime pela identificação dos crimes de formação e operabilidade de quadrilha
dentro do palácio presidencial, compra de votos de parlamentares, lavagem de
dinheiro, corrupção ativa, corrupção passiva e outros delitos capazes de
manchar de forma indelével a dignidade do povo brasileiro. Imagina se o
ex-presidente seria capaz de protagonizar atos de sujeira as mais rasteiras
possíveis somente para se perenizar no poder e assim continuar praticando as
cafajestices na política mais repugnáveis e depreciativas em menosprezo aos
princípios da dignidade humana. Em que pese o esforço sobre-humano do Poder
Judiciário não viabilizar punição ao maior culpado pelo esquema arquitetado da
criminalidade nunca vista na história deste país, agora compete à sociedade, em
última instância, sopesar o tamanho da maldade praticada contra a nação e
aplicar a merecida pena aos políticos inescrupulosos e indiferentes aos interesses
do povo, afastando-os da vida pública, como forma de se assegurar que a gestão
dos recursos públicos seja promovida em estrita observância aos princípios da
honestidade e da probidade. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 24 de outubro de 2012
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