Logo em seguida à sua condenação pelo Supremo
Tribunal Federal, no julgamento do mensalão, o ex-presidente do PT anunciou o seu
pedido de exoneração do cargo de assessor especial do Ministério da Defesa,
dizendo que "Retiro-me do governo
com a consciência dos inocentes”, "Não
me envergonho de nada. Continuarei a lutar com todas as minhas forças por um
Brasil melhor, mais justo e soberano, como sempre fiz" e “Estou indignado. Uma injustiça monumental
foi cometida! A Corte errou. A Corte foi, sobretudo, injusta, condenou um
inocente.".
Não deixa de ser lamentável que o petista tente minimizar a profundidade dos
malefícios causados pelo famigerado mensalão, do qual teve efetiva participação.
O esquema criminoso consistia no desvio de recursos de empresas públicas para
pagamento de propina a parlamentares, de forma orquestrada jamais acontecida na
história do país. As provas constantes dos autos pertinentes não deixam dúvida
quanto à participação do ex-presidente do PT no affaire, o que põe por terra qualquer tentativa de modificar o pacificado
entendimento sobre o caso pelo Supremo Tribunal Federal, que não encontrou a
menor dificuldade em concluir pela culpabilidade do referido cidadão. Por
motivo de respeito ao povo brasileiro, ele deveria se dignar apresentar explicação
sobre a sua atuação no caso, evitando oferecer discurso vazio totalmente inverossímil,
recheado de elementos voltados à tentativa de mistificação do mensalão, como se
ele fosse pura peça fantasiosa e ofensiva aos seus protagonistas, que seriam
vítima de perseguição ou de campanha difamatória, com a finalidade de
indispô-los contra a opinião pública. Na realidade, o desabafo em causa soa
muito mais como instrumento de diminuição da capacidade de avaliação da
sociedade e de falta de caráter de quem não tem argumento para justificar com
provas probantes os fatos irregulares, cuja autoria lhe é atribuída com
bastante convicção e certeza, tendo por base os elementos carreados aos autos
do mensalão, que demonstram que o petista respaldou os procedimentos de
arrecadação fraudulenta e a distribuição ilícita dos recursos aos parlamentares
corrompidos, para atuar em prol dos objetivos do governo, contrariando os
princípios da administração pública e da dignidade ínsita de quem é incumbido
de gerenciar o patrimônio dos brasileiros. O ex-presidente do PT se diz
indignado com a situação, mas, em verdade, no caso em tela, somente a sociedade
tem o legítimo direito de se indignar diante do monstruoso desfalque causado
aos cofres públicos e aos programas sociais, perversamente engendrado com a
finalidade da compra de votos de parlamentares, por quadrilha insensível que
encara agora, com a maior naturalidade, os acontecimentos criminosos, apenas
externando seu lamento que as penalidades têm o condão de censurar importante
projeto político do PT, ou seja, o esquema do mensalão insere-se no projeto
político exitoso do governo, para mudar a situação do povo brasileiro. Enquanto
a sociedade não se conscientizar de que realmente existem políticos hipócritas,
demagogos, desonestos, mentirosos, enganadores, antiéticos e indignos de
representá-la e defendê-la, jamais a inescrupulosa corrupção que grassa na
administração pública será eliminada. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 12 de
outubro de 2012
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