sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Decisão injusta?

Logo em seguida à sua condenação pelo Supremo Tribunal Federal, no julgamento do mensalão, o ex-presidente do PT anunciou o seu pedido de exoneração do cargo de assessor especial do Ministério da Defesa, dizendo que "Retiro-me do governo com a consciência dos inocentes”, "Não me envergonho de nada. Continuarei a lutar com todas as minhas forças por um Brasil melhor, mais justo e soberano, como sempre fiz" e “Estou indignado. Uma injustiça monumental foi cometida! A Corte errou. A Corte foi, sobretudo, injusta, condenou um inocente.". Não deixa de ser lamentável que o petista tente minimizar a profundidade dos malefícios causados pelo famigerado mensalão, do qual teve efetiva participação. O esquema criminoso consistia no desvio de recursos de empresas públicas para pagamento de propina a parlamentares, de forma orquestrada jamais acontecida na história do país. As provas constantes dos autos pertinentes não deixam dúvida quanto à participação do ex-presidente do PT no affaire, o que põe por terra qualquer tentativa de modificar o pacificado entendimento sobre o caso pelo Supremo Tribunal Federal, que não encontrou a menor dificuldade em concluir pela culpabilidade do referido cidadão. Por motivo de respeito ao povo brasileiro, ele deveria se dignar apresentar explicação sobre a sua atuação no caso, evitando oferecer discurso vazio totalmente inverossímil, recheado de elementos voltados à tentativa de mistificação do mensalão, como se ele fosse pura peça fantasiosa e ofensiva aos seus protagonistas, que seriam vítima de perseguição ou de campanha difamatória, com a finalidade de indispô-los contra a opinião pública. Na realidade, o desabafo em causa soa muito mais como instrumento de diminuição da capacidade de avaliação da sociedade e de falta de caráter de quem não tem argumento para justificar com provas probantes os fatos irregulares, cuja autoria lhe é atribuída com bastante convicção e certeza, tendo por base os elementos carreados aos autos do mensalão, que demonstram que o petista respaldou os procedimentos de arrecadação fraudulenta e a distribuição ilícita dos recursos aos parlamentares corrompidos, para atuar em prol dos objetivos do governo, contrariando os princípios da administração pública e da dignidade ínsita de quem é incumbido de gerenciar o patrimônio dos brasileiros. O ex-presidente do PT se diz indignado com a situação, mas, em verdade, no caso em tela, somente a sociedade tem o legítimo direito de se indignar diante do monstruoso desfalque causado aos cofres públicos e aos programas sociais, perversamente engendrado com a finalidade da compra de votos de parlamentares, por quadrilha insensível que encara agora, com a maior naturalidade, os acontecimentos criminosos, apenas externando seu lamento que as penalidades têm o condão de censurar importante projeto político do PT, ou seja, o esquema do mensalão insere-se no projeto político exitoso do governo, para mudar a situação do povo brasileiro. Enquanto a sociedade não se conscientizar de que realmente existem políticos hipócritas, demagogos, desonestos, mentirosos, enganadores, antiéticos e indignos de representá-la e defendê-la, jamais a inescrupulosa corrupção que grassa na administração pública será eliminada. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 12 de outubro de 2012

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