Dando
continuidade à denominada flexibilização da política migratória, a diplomacia
cubana anunciou que o país irá permitir que seus cidadãos possam sair livremente,
sem necessidade de autorização do Conselho Revolucionário, para qualquer
localidade do exterior, acabando com a restrição imposta há mais de cinquenta
anos. Entretanto, os médicos, atletas e dissidentes ao regime castrista
continuam submetidos às duras regras de controle do direito de livre
circulação. O Departamento de Estado dos EUA se manifestou elogiando a medida,
por entender que "Isso é consistente
com a Declaração Universal de Direitos Humanos, que estabelece que todos devem
ter o direito de sair de qualquer país, inclusivo do próprio, ou regressar ao
seu próprio país, a entrar e sair", tendo afirmado que "Nós saudamos toda reforma que permita os
cubanos a deixar seu país e voltar livremente". O governo cubano
continua mantendo em vigor as medidas fundamentais, criadas pela Revolução,
para preservar o que ele classifica de “capital humano”, permitindo impedir a
saída do país das pessoas que interessam ao governo. Nesse mesma linha de
raciocínio, Cuba sempre se reservou o direito de impedir a saída da ilha dos
cidadãos considerados "de importância nacional". Ainda há quem
critique as acertadas e merecidas medidas de embargos econômico e comercial
impostas à Cuba pelos Estados Unidos da América, que se fundamentam justamente
na tentativa de mostrar ao governo cubano a irracionalidade dos regimes impostos
por ditaduras cruéis e sanguinárias, cuja ideologia impõe seu poder autoritário
e maléfico sobre a sociedade, principalmente com o rigoroso controle da
economia, da mídia, da liberdade de expressão,
pensamento e circulação, enfim dos direitos humanos, tão essenciais na
modernidade onde se encontra o ser humano, que não pode mais conviver com os
regimes semelhantes àqueles da pré-história, em que o homem não tinha o direito
de conhecer os meios indispensáveis ao seu progresso. Trata-se de reforma
migratória adotada com ano-luz de atraso e que não vai beneficiar de forma
irrestrita a sociedade, porque continua existindo proibição para determinados
segmentos sociais, possivelmente com a finalidade de impedir maciça debandada
da ilha. Na realidade, a medida de abertura anunciada
constitui fato bastante triste, por se perceber que, em pleno avanço do
conhecimento humano e das conquistas nas diversos campos científicos e
tecnológicos, ainda existe governo ditatorial com a mentalidade tão retrógrada
e desfocada da atualidade mundial, a ponto de impedir que seus cidadãos ainda
sejam submetidos ao regime da ignorância, do atraso e do subdesenvolvimento
socioeconômico. Se realmente for liberada a saída das pessoas da ilha, é bem provável
que somente os beneficiários das mordomias do sistema ditatorial e aqueles que
ainda dependem da caderneta alimentos permaneçam morando em Cuba, ante a
tremenda defasagem existente entre o atraso da ilha e o avanço do resto do
mundo. Ao invés de a notícia ser considerada alvissareira, seu anúncio constitui
verdadeira vergonha para a huminidade, por evidenciar o quanto ainda tem país
tão fora da realidade. Urge que o poder racional do Homo sapiens consiga se
conscientizar sobre a necessidade do reconhecimento de que os direitos humanos
devem ser respeitados de forma ampla e universal.
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 18 de outubro de 2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário