Até parece brincadeira, mas é pura verdade que,
depois de estável há 33 meses, houve redução da taxa de juros média para
pessoas físicas neste ano, mostrando pela primeira vez queda nos custos de uso
do cartão de crédito. Esse fato evidencia o esforço dos bancos públicos para
atacar a única linha destinada aos consumidores, com o anúncio da diminuição de
até 40% para o rotativo do cartão de crédito. O destaque verificado agora diz
respeito à sensível redução da taxa média para o cartão de 10,69% para, pasmem,
10,41% ao mês, que é o menor nível desde junho de 2008 (10,4% ao mês). Essa
diminuição vem na esteira do recuo de outras linhas apuradas no mesmo levantamento,
cuja taxa média foi derrubada na média geral para pessoas físicas ao menor nível
histórico da pesquisa, em 5,81%, ou 96,93% ao ano, indo pela primeira vez para
abaixo de 100% ao ano em toda a série. Em suma, a redução da taxa média para o
cartão caiu 0,28% (variação de -2,69%), o que não deixa de ser uma imoralidade,
considerando que o consumidor brasileiro paga a maior taxa de juros do cartão
de crédito. Para melhor ideia sobre essa matéria, nos EUA e na Europa, a taxa
média anual de juros de cartão de crédito varia de 6 a 8%, bastante inferior ao
que os bancos cobram no país tupiniquim, no mês. Veja-se o absurdo extraído de
uma fatura de cartão de crédito: “Taxa praticada nesta fatura: Juros de
financiamento – 15,95% a.m.; Encargos para o próximo período – 17,51% a.m. –
612,16% a.a.; Custo total – 18,01% a.m. – 650,15% a.a.”. Em que pese o tremendo
esforço do governo para os bancos diminuírem as taxas de juros em geral, o
poder insensível das instituições financeiras impede que haja avanço no sentido
da redução racional dos juros ao consumidor, que se submete à extorsão dos
banqueiros. Quando ainda nem era governo, o PT baixava o malho nos juros
escorchantes da época, porém, agora, está mais do que provado de que, no
governo petista, os banqueiros estão tendo os maiores enriquecimentos e
crescimentos nos seus negócios, conforme comprovação da passividade, da
ausência de reclamação dos tubarões do mercado financeiro, satisfeitos com os
expressivos resultados trimestrais e anuais de seus negócios. Não deixa de ser
verdadeira aberração a cobrança das altas taxas de juros no Brasil, comparáveis
aos demais países, onde há compatibilidade entre os juros cobrados e os
rendimentos pagos pelos bancos, situando no nível da razoabilidade. Essa
situação contrasta, de forma vergonhosa, com o que os bancos pagam a título de
rendimentos da aplicação do capital investido pelo poupador, que, em média, não
ultrapassa a 8% ao ano. O certo é que a distorção é gritante, mas a favor dos
banqueiros, que não fazem nenhuma questão que os juros caiam para nível
civilizado, ante a comodidade por parte do governo, que permite que o
consumidor fique à mercê da ganância dos donos do dinheiro. O consumidor tem
que se conscientizar de que o cartão de crédito, sendo linha de fácil acesso, a
modalidade do seu uso pode constituir verdadeira vilã do seu bolso, ante a prática
de juros totalmente irracionais e abusivos. Compete ao consumidor ficar atento e mais esperto quanto
à melhor forma de utilização do cartão de crédito, de modo que não seja
obrigado a pagar juros tão fora da realidade e da decência do mercado
financeiro. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 20 de outubro de 2012
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