domingo, 21 de outubro de 2012

Os indecentes juros dos cartões

Até parece brincadeira, mas é pura verdade que, depois de estável há 33 meses, houve redução da taxa de juros média para pessoas físicas neste ano, mostrando pela primeira vez queda nos custos de uso do cartão de crédito. Esse fato evidencia o esforço dos bancos públicos para atacar a única linha destinada aos consumidores, com o anúncio da diminuição de até 40% para o rotativo do cartão de crédito. O destaque verificado agora diz respeito à sensível redução da taxa média para o cartão de 10,69% para, pasmem, 10,41% ao mês, que é o menor nível desde junho de 2008 (10,4% ao mês). Essa diminuição vem na esteira do recuo de outras linhas apuradas no mesmo levantamento, cuja taxa média foi derrubada na média geral para pessoas físicas ao menor nível histórico da pesquisa, em 5,81%, ou 96,93% ao ano, indo pela primeira vez para abaixo de 100% ao ano em toda a série. Em suma, a redução da taxa média para o cartão caiu 0,28% (variação de -2,69%), o que não deixa de ser uma imoralidade, considerando que o consumidor brasileiro paga a maior taxa de juros do cartão de crédito. Para melhor ideia sobre essa matéria, nos EUA e na Europa, a taxa média anual de juros de cartão de crédito varia de 6 a 8%, bastante inferior ao que os bancos cobram no país tupiniquim, no mês. Veja-se o absurdo extraído de uma fatura de cartão de crédito: “Taxa praticada nesta fatura: Juros de financiamento – 15,95% a.m.; Encargos para o próximo período – 17,51% a.m. – 612,16% a.a.; Custo total – 18,01% a.m. – 650,15% a.a.”. Em que pese o tremendo esforço do governo para os bancos diminuírem as taxas de juros em geral, o poder insensível das instituições financeiras impede que haja avanço no sentido da redução racional dos juros ao consumidor, que se submete à extorsão dos banqueiros. Quando ainda nem era governo, o PT baixava o malho nos juros escorchantes da época, porém, agora, está mais do que provado de que, no governo petista, os banqueiros estão tendo os maiores enriquecimentos e crescimentos nos seus negócios, conforme comprovação da passividade, da ausência de reclamação dos tubarões do mercado financeiro, satisfeitos com os expressivos resultados trimestrais e anuais de seus negócios. Não deixa de ser verdadeira aberração a cobrança das altas taxas de juros no Brasil, comparáveis aos demais países, onde há compatibilidade entre os juros cobrados e os rendimentos pagos pelos bancos, situando no nível da razoabilidade. Essa situação contrasta, de forma vergonhosa, com o que os bancos pagam a título de rendimentos da aplicação do capital investido pelo poupador, que, em média, não ultrapassa a 8% ao ano. O certo é que a distorção é gritante, mas a favor dos banqueiros, que não fazem nenhuma questão que os juros caiam para nível civilizado, ante a comodidade por parte do governo, que permite que o consumidor fique à mercê da ganância dos donos do dinheiro. O consumidor tem que se conscientizar de que o cartão de crédito, sendo linha de fácil acesso, a modalidade do seu uso pode constituir verdadeira vilã do seu bolso, ante a prática de juros totalmente irracionais e abusivos. Compete ao consumidor ficar atento e mais esperto quanto à melhor forma de utilização do cartão de crédito, de modo que não seja obrigado a pagar juros tão fora da realidade e da decência do mercado financeiro. Acorda, Brasil!  
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 20 de outubro de 2012

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