sábado, 13 de outubro de 2012

Princípio ético para quê?

Segundo o Palácio do Planalto, a presidente da República recusou pedido de exoneração formulado pelo ex-presidente do PT do cargo de assessor especial do Ministério da Defesa, depois da sua condenação pelo Supremo Tribunal Federa, por crime de corrupção ativa, no julgamento do processo do mensalão. A presidente, ao lamentar a situação dele, ante a sua estatura, respondeu ao titular da Defesa que não havia, àquela altura, nenhum motivo para a exoneração em apreço. Tão logo saiu a sua condenação, o ex-presidente disse que “Estou indignado. Uma injustiça monumental foi cometida! A Corte errou. A Corte foi, sobretudo, injusta, condenou um inocente" e "Retiro-me do governo com a consciência dos inocentes. Não me envergonho de nada. Continuarei a lutar com todas as minhas forças por um Brasil melhor, mais justo e soberano, como sempre fiz". Pelo menos ele teve o bom senso e equilíbrio racional de reconhecer que a sua presença no governo era totalmente incompatível com a dignidade e a honradez que se exigem dos servidores públicos, cujos cargos somente podem ser ocupados por pessoas reconhecidamente possuidoras de conduta ilibada e portadoras de Ficha Limpa, requisitos essenciais estes que ele certamente não preenchia, conforme revelam as robustas provas materiais e testamentais de corrupção constantes do processo do mensalão. De acordo com os elementos apurados e inseridos nesses autos, não parece que ele tenha agido com correção ao chamar os profissionais da imprensa de "urubus", como se ele fosse imaculado e tivesse noutro mundo quando o escândalo do mensalão implodiu, mas os fatos mostram que a sua participação nos acontecimentos era fundamental para que houvesse os empréstimos fraudulentos e ainda os repasses ilícitos de recursos aos companheiros parlamentares corrompidos, não parecendo ser possível que ele pose de "bom moço", quando o seu passado o condena com a pena razoável que acaba de ser materializada pela Suprema Corte de Justiça. O certo é que contra fatos não há argumentos em contrário, pois a falta de ética, as mentiras, a compra da consciência de parlamentares e, em suma, a corrupção não permitem a mínima ilação de que, sendo esse cidadão dirigente máximo do partido, não tenha participado das falcatruas e dado seu aval a tantas outras ou até mesmo que não tinha conhecimento do que estava acontecendo em nome do partido que dirigia. Somente um banana poderia permitir que a bandalheira tivesse lugar nas suas barbas e nenhuma medida teria sido esboçada para impedi-la. A intenção da presidente de mantê-lo no governo, até mesmo nas circunstâncias, além de demonstrar extrema bondade da companheira dos tempos das guerrilhas, deixa evidente o arraigado espírito de cooperativismo que existe entre os petistas, sindicalistas e aliados políticos assemelhados atuantes do governo, que foram incrustados nos órgãos e nas empresas estatais, como se eles fossem patrimônio do Partido dos Trabalhadores. A presidente da República deveria ter a dignidade de aproveitar a saída desse ilustre corrupto do seu governo e, numa só penada, enxugar a máquina pública, mandando para casa o restante dos servidores públicos que estão tão somente se aproveitando das benesses do Estado, às custas do povo brasileiro. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em12 de outubro de 2012

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