segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Vergonhosa oficialização da gazeta

A Câmara dos Deputados aprovou, numa sessão esvaziada e em votação simbólica, projeto de resolução que oficializa a imoralidade da "gazeta" dos parlamentares às segundas e sextas-feiras, ao fixar que as sessões ordinárias serão realizadas apenas entre terça e quinta-feira. A medida alterou o regimento interno da Câmara, que estabelecia a realização de sessões ordinárias durante os cinco dias da semana. A aprovação desse projeto também enterra de vez o pingo de credibilidade que ainda restava dos parlamentares, que não têm o mínimo pudor em restringir seu já reduzido horário de trabalho diante da pauta entupida e abarrotada de medidas provisórias e projetos importantes de interesse do país e da sociedade, principalmente no que tange à segurança pública, e tantas outras matérias urgentes, mas encalhadas à espera de votação, que não se viabilizam em decorrência do afastamento dos parlamentares para cuidarem das campanhas eleitorais nos seus redutos, deixando o Congresso às moscas, em prejuízo das causas da nação. O péssimo exemplo da Câmara significa verdadeiro paradoxo, quando se sabe que ela é dirigida pelo Partido dos Trabalhares, fato que ressalta a índole dessa agremiação que não somente tem fama de não gostar de trabalhar como faz questão de deixar patente a sua vocação nesse sentido. Não há dúvida de que a Câmara acaba de sentenciar a completa desmoralização dos parlamentares, que, se antes disso, nada faziam, agora eles passam a não fazer nada menos ainda, porque o tempo encurtou de vez e somente será possível o parlamentar chegar a Brasília, tomar um cafezinho e retornar às suas bases, em vergonhoso e indecente faz de conta turístico às custas dos bestas dos contribuintes, que são sacrificados com os escorchantes tributos para a manutenção de quase 600 parlamentares mais bem pagos do mundo. A propósito, comparada a remuneração dos parlamentares com seus pares dos países mais desenvolvidos, a média de cada um no Brasil custa R$ 10,2 milhões por ano, enquanto na Itália custa o equivalente a R$ 3,9 milhões; na França, R$ 2,8 milhões; na Espanha, R$ 850 mil. Na Argentina, custa R$ 1,35 milhão. É evidente que os absurdos e inexplicáveis custos do Congresso se espraiam pelas Assembleias Legislativas, em verdadeira farra com o dinheiro público. No caso de Brasília, cada deputado custa, pasmem, aproximadamente R$ 10 milhões por ano. O vereador do Rio de Janeiro e de São Paulo custa por ano, em cada caso, cerca de R$ 5 milhões. Seguindo a mesma linha dos elevadíssimos vencimentos dos parlamentares, os servidores do Congresso são certamente os mais bem pagos da República. Além do exagero verificado nos vencimentos dos parlamentares, somente no Senado Federal trabalham 6.453 servidores, elevando sobretudo o custo do Parlamento, que não tem preocupação com a eficiência dos seus trabalhos e muito menos com a racionalização da sua burocracia. A sociedade tem que reagir contra essa espantosa e acintosa forma de debochar e de desrespeitar da dignidade do povo honrado e trabalhador, diante de ato tão espúrio e indecoroso que atenta contra os mais comezinhos princípios éticos e morais, devendo se posicionar a favor da completa renovação dos legítimos sanguessugas dos recursos públicos. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 21 de outubro de 2012

Nenhum comentário:

Postar um comentário