A Câmara dos Deputados aprovou, numa sessão
esvaziada e em votação simbólica, projeto de resolução que oficializa a
imoralidade da "gazeta" dos parlamentares às segundas e sextas-feiras,
ao fixar que as sessões ordinárias serão realizadas apenas entre terça e
quinta-feira. A medida alterou o regimento interno da Câmara, que estabelecia a
realização de sessões ordinárias durante os cinco dias da semana. A aprovação
desse projeto também enterra de vez o pingo de credibilidade que ainda restava
dos parlamentares, que não têm o mínimo pudor em restringir seu já reduzido
horário de trabalho diante da pauta entupida e abarrotada de medidas
provisórias e projetos importantes de interesse do país e da sociedade,
principalmente no que tange à segurança pública, e tantas outras matérias urgentes,
mas encalhadas à espera de votação, que não se viabilizam em decorrência do
afastamento dos parlamentares para cuidarem das campanhas eleitorais nos seus
redutos, deixando o Congresso às moscas, em prejuízo das causas da nação. O péssimo exemplo da
Câmara significa verdadeiro paradoxo, quando se sabe que ela é dirigida pelo
Partido dos Trabalhares, fato que ressalta a índole dessa agremiação que não
somente tem fama de não gostar de trabalhar como faz questão de deixar patente
a sua vocação nesse sentido. Não há dúvida de que a Câmara acaba de sentenciar a completa
desmoralização dos parlamentares, que, se antes disso, nada faziam, agora eles
passam a não fazer nada menos ainda, porque o tempo encurtou de vez e somente
será possível o parlamentar chegar a Brasília, tomar um cafezinho e retornar às
suas bases, em vergonhoso e indecente faz de conta turístico às custas dos
bestas dos contribuintes, que são sacrificados com os escorchantes tributos
para a manutenção de quase 600 parlamentares mais bem pagos do mundo. A
propósito, comparada a remuneração dos parlamentares com seus pares dos países
mais desenvolvidos, a média de cada um no Brasil custa R$ 10,2 milhões por ano,
enquanto na Itália custa o equivalente a R$ 3,9 milhões; na França, R$ 2,8
milhões; na Espanha, R$ 850 mil. Na Argentina, custa R$ 1,35 milhão. É evidente
que os absurdos e inexplicáveis custos do Congresso se espraiam pelas
Assembleias Legislativas, em verdadeira farra com o dinheiro público. No caso
de Brasília, cada deputado custa, pasmem, aproximadamente R$ 10 milhões por ano.
O vereador do Rio de Janeiro e de São Paulo custa por ano, em cada caso, cerca
de R$ 5 milhões. Seguindo a mesma linha dos elevadíssimos vencimentos dos
parlamentares, os servidores do Congresso são certamente os mais bem pagos da
República. Além do exagero verificado nos vencimentos dos parlamentares,
somente no Senado Federal trabalham 6.453 servidores, elevando sobretudo o
custo do Parlamento, que não tem preocupação com a eficiência dos seus
trabalhos e muito menos com a racionalização da sua burocracia. A sociedade tem
que reagir contra essa espantosa e acintosa forma de debochar e de desrespeitar
da dignidade do povo honrado e trabalhador, diante de ato tão espúrio e
indecoroso que atenta contra os mais comezinhos princípios éticos e morais,
devendo se posicionar a favor da completa renovação dos legítimos sanguessugas
dos recursos públicos. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 21 de outubro de 2012
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