segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Basta de ideias medíocres

Na sua costumeira e peculiar forma de proceder, o ex-presidente da República petista voltou a ironizar o candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, ao lembrar o episódio da bola de papel atirada contra o tucano durante a campanha presidencial de 2010, quando ele foi atingido na cabeça por um rolo de fita adesiva e uma bola de papel durante caminhada no Rio de Janeiro. O ex-presidente fez questão de relembrar o triste fato com a finalidade de pedir cautela aos militantes do partido, dizendo, de forma sarcástica: "A gente não pode nesses últimos dias (da eleição) aceitar nenhuma provocação, porque nós sabemos que tem muito candidato aí que até uma bolinha de papel que alguém jogou na cabeça dele ele diz que foi uma agressão e culpou o PT. Então, por favor, nada de brincar com bolinha de papel, nada de brincar de bolinha de isopor, nada. A partir de agora, nem bolinha de sabão vocês podem fazer". Ainda em tom de deboche e desdenho, ele disse que o tucano é "frágil" e que "qualquer coisa o machuca". A maneira agressiva com que o ex-presidente petista procura atingir seus adversários, de forma gratuita e relembrando fatos ocorridos há tempos passados, demonstra a pobreza de espírito e a deselegância cultural de quem não tem argumentos de nível razoável para defender com equilíbrio e inteligência as ideias programáticas, em sintonia com os princípios democráticos, que devem imperar as disputas nas campanhas eleitorais. Essas críticas depreciativas, que não são novidades, partindo de onde se originou, são extemporâneas, totalmente fora do atual contexto político e ainda têm o condão de revelar a nítida vontade apelativa de menosprezo ao ser humano, de desqualificá-lo na sua honra e integridade moral, a completa falta de argumentos produtivos e construtivos ao aperfeiçoamento dos princípios da democracia e a decadência dos discursos políticos, contribuindo para que a oratória nas campanhas eleitorais decaia a nível deplorável de intelectualidade. A participação na política de pessoas com mentalidade retrógrada e pouco desenvolvida constitui verdadeiro desserviço à civilidade e ao respeito à dignidade humana. Com certeza, o povo não concorda com procedimentos deprimentes de desdenho nem gostaria que os discursos dos políticos descessem ao nível da baixaria e da falta de racionalidade, não somente porque não seria inteligente respaldar imbecilidade, se nivelando ao seu protagonista, mas, sobretudo, por entender que o momento da campanha deve servir para a apresentação de programas de governo, de metas para o benefício da sociedade. Urge que o povo se conscientize sobre a necessidade de sopesar a contribuição negativa e nefasta dos políticos que menosprezam deliberadamente seus adversários com o propósito de diminuir a sua dignidade, tendo em conta que o exercício da política não comporta mediocridade nem muito menos ideias vazias e destituídas de conteúdos saudáveis à desconstrução da democracia de qualidade. Acorda, Brasil!   
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 07 de outubro de 2012

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