Segundo reportagem da revista Época, o ex-presidente da República afastado do cargo por impeachment e atual senador alagoana
utiliza nos serviços de jardinagem e de secretaria, na Casa da Dinda, três
servidores contratados pelo Senado Federal, local onde eles deveriam trabalhar.
No caso do jardineiro, que traja macacão próprio da profissão, ele é assistente
parlamentar com lotação no gabinete do senador, designado pela sigla
burocrática AP08, com salário mensal de R$ 2,2 mil, que é pago pelos idiotas
dos contribuintes para cuidar de um dos jardins mais famosos da capital da República.
A nomeação desse servidor foi feita em fevereiro de 2007, mediante ato secreto
do Senado, que sequer foi publicado, justamente para acobertar a falcatrua da
sua finalidade, a exemplo da criação de centenas de cargos de direção, com o
objetivo de camuflar os altos salários pagos aos apaniguados e afilhados dos
inescrupulosos senadores. Fazendo companhia ao jardineiro, há duas colegas de
gabinete também remuneradas para trabalhar no Senado, mas prestam serviços
particulares ao senador alagoano. Elas são servidoras ocupantes do cargo de
Arquivista, percebendo vencimentos de assistente parlamentar da categoria AP04,
no valor mensal de R$ 6,4 mil cada uma. O seu local de trabalho é o Centro de
Memória do ex-presidente – uma ampla casa branca em frente à Casa da Dinda. Os
três servidores são muito especiais, por prestarem serviços particulares ao
senador e receberem vencimentos religiosamente dos cofres abastecidos pelos bonzinhos
dos brasileiros e ainda sem nenhuma obrigação de assinar ponto. Não há a menor
dúvida de que o senador, mais uma vez, comete grave crime, por desviar servidores
públicos das suas funções para a prestação de serviços de seu interesse
particular, tendo em vista que a lei veda peremptoriamente o desvio de função
no serviço público. É incrível como o cidadão que
foi defenestrado do mais importante cargo da República, depois de rumoroso
processo de impeachment, justamente
pela comprovação de irregularidades na aplicação de recursos públicos, ou seja,
corrupção, seja novamente flagrado, agora na qualidade de ocupante de
importante cargo de senador da República, cometendo delito clamoroso semelhante,
com o desvio de servidores contratados pelo Senado Federal para trabalhar em
serviços particulares seus, quando, se necessária a sua contratação, deveriam
exercer suas funções exclusivamente no seu gabinete, conforme disciplinamento próprio.
É mais uma clara demonstração da falta de sensibilidade ínsita dos políticos brasileiros,
que estão sempre ávidos em satisfazer interesses pessoais fazendo uso do
dinheiro público, sem nenhum escrúpulo com os princípios da ética, da moral e
do decoro que se exigem também dos parlamentares. Caso o Brasil tivesse legislação
com o mínimo de seriedade, certamente esse cidadão deveria, além de ressarcir
os valores correspondentes às remunerações pagas aos aludidos servidores, ser
penalizado com a perda do cargo de senador, por ser reincidente no abuso dos
recursos públicos, como forma de lição e exemplo aos demais malditos
parlamentares que tratam o patrimônio dos brasileiros como se fosse sua
propriedade. Urge que a sociedade seja absolutamente criteriosa na escolha do
seu representante, de modo que somente seja eleito quem se comprometa a
defender unicamente as causas da sociedade e o interesse público. Acorda,
Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 16 de outubro de 2012
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