quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Inescrupuloso uso do dinheiro público

Segundo reportagem da revista Época, o ex-presidente da República afastado do cargo por impeachment e atual senador alagoana utiliza nos serviços de jardinagem e de secretaria, na Casa da Dinda, três servidores contratados pelo Senado Federal, local onde eles deveriam trabalhar. No caso do jardineiro, que traja macacão próprio da profissão, ele é assistente parlamentar com lotação no gabinete do senador, designado pela sigla burocrática AP08, com salário mensal de R$ 2,2 mil, que é pago pelos idiotas dos contribuintes para cuidar de um dos jardins mais famosos da capital da República. A nomeação desse servidor foi feita em fevereiro de 2007, mediante ato secreto do Senado, que sequer foi publicado, justamente para acobertar a falcatrua da sua finalidade, a exemplo da criação de centenas de cargos de direção, com o objetivo de camuflar os altos salários pagos aos apaniguados e afilhados dos inescrupulosos senadores. Fazendo companhia ao jardineiro, há duas colegas de gabinete também remuneradas para trabalhar no Senado, mas prestam serviços particulares ao senador alagoano. Elas são servidoras ocupantes do cargo de Arquivista, percebendo vencimentos de assistente parlamentar da categoria AP04, no valor mensal de R$ 6,4 mil cada uma. O seu local de trabalho é o Centro de Memória do ex-presidente – uma ampla casa branca em frente à Casa da Dinda. Os três servidores são muito especiais, por prestarem serviços particulares ao senador e receberem vencimentos religiosamente dos cofres abastecidos pelos bonzinhos dos brasileiros e ainda sem nenhuma obrigação de assinar ponto. Não há a menor dúvida de que o senador, mais uma vez, comete grave crime, por desviar servidores públicos das suas funções para a prestação de serviços de seu interesse particular, tendo em vista que a lei veda peremptoriamente o desvio de função no serviço público. É incrível como o cidadão que foi defenestrado do mais importante cargo da República, depois de rumoroso processo de impeachment, justamente pela comprovação de irregularidades na aplicação de recursos públicos, ou seja, corrupção, seja novamente flagrado, agora na qualidade de ocupante de importante cargo de senador da República, cometendo delito clamoroso semelhante, com o desvio de servidores contratados pelo Senado Federal para trabalhar em serviços particulares seus, quando, se necessária a sua contratação, deveriam exercer suas funções exclusivamente no seu gabinete, conforme disciplinamento próprio. É mais uma clara demonstração da falta de sensibilidade ínsita dos políticos brasileiros, que estão sempre ávidos em satisfazer interesses pessoais fazendo uso do dinheiro público, sem nenhum escrúpulo com os princípios da ética, da moral e do decoro que se exigem também dos parlamentares. Caso o Brasil tivesse legislação com o mínimo de seriedade, certamente esse cidadão deveria, além de ressarcir os valores correspondentes às remunerações pagas aos aludidos servidores, ser penalizado com a perda do cargo de senador, por ser reincidente no abuso dos recursos públicos, como forma de lição e exemplo aos demais malditos parlamentares que tratam o patrimônio dos brasileiros como se fosse sua propriedade. Urge que a sociedade seja absolutamente criteriosa na escolha do seu representante, de modo que somente seja eleito quem se comprometa a defender unicamente as causas da sociedade e o interesse público. Acorda, Brasil!         
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 16 de outubro de 2012

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