Ainda como líder
sindicalista, potencial candidato ao cargo de presidente da República, pobre,
“purificado” da decência e honorabilidade ínsitos dos homens ainda não
ocupantes de cargos públicos e sem conhecer a força mágica e sedutora do
poder nem possuir vários títulos eméritos de doutor “honoris causa”, honraria atribuída às
personalidades que tenham se distinguido pelo saber ou pela atuação em prol
das artes, das ciências, da filosofia, das letras ou do melhor entendimento
entre os povos, o último ex-presidente da República defendia a retidão de
caráter e moralidade na vida pública, a exemplo da sensata resposta à
indagação de um repórter, nos idos de 1993, que gostaria de saber se
ele tinha pena do ex-presidente da República alagoano, que acabara de ser destituído
do cargo pelo Congresso Nacional, por prevaricação. Na ocasião, ele, muito
contrito, disse, ipsis litteris:
“Tenho, eu... não é que eu tenho pena, como ser humano, eu acho que uma pessoa
que teve a oportunidade que aquele cidadão teve de fazer alguma coisa de bem
para o Brasil, um homem que tinha respaldo da grande maioria do povo
brasileiro, ou seja, e...e...e ao invés de construir um governo, construiu
uma quadrilha como ele construiu, me dá pena porque deve haver qualquer
sintoma de debilidade no funcionamento do cérebro do Collor... Efetivamente
eu fico com pena porque eu acho que o povo brasileiro esperava que essa
pessoa pudesse pelo menos conduzir o país, senão a uma solução definitiva,
pelo menos a indícios de soluções para os graves problemas que nós vivemos.
Lamentavelmente, a ganância, a vontade de roubar, a vontade de praticar corrupção fez (cic) com que o Collor jogasse o
sonho de milhões e milhões de brasileiros por terra. Mas, de qualquer forma,
eu acho que foi uma grande lição que o povo brasileiro aprendeu e eu espero
que o povo brasileiro em outras eleições escolha pessoas que pelo menos eles
conheçam o passado político.” . Embora tivesse sido objeto de alerta pelo
“sábio” líder petista de então, realmente o povo mais uma vez não aprendeu a
lição quanto à necessidade da escolha de pessoas honestas, ao se atentar para
o fato de que o motivo do aludido impeachment
foi fichinha em relação à quadrilha do mensalão, que pôs por terra a
exasperada contestação de quem viria a ser exemplo da falta de caráter e de transigência
com a desonestidade, a corrupção e tudo o mais que contraria os princípios da
ética e da moralidade. Não passa de pura hipocrisia o sentimento de pena a respeito
de alguém que foi punido com o afastamento do poder, justamente por parte de
quem foi capaz de cometer improbidades e irregularidades muito mais graves na
gestão dos recursos públicos, bem mais prejudiciais aos interesses da nação, que
certamente ensejariam, no mínimo, o seu impeachment.
É pena que a sociedade não tenha entendido o exato sentido do alerta tão
precioso sobre o expurgo dos maus políticos da vida pública, porque, se o
tivesse acatado, o país teria ficado imune ao mar de lama para o qual foi
conduzido com a assunção do governo petista, alheio à verdade, competência,
legalidade e moralidade. Compete à sociedade resgatar os princípios salutares
da democracia e rechaçar da vida pública as pessoas indignas de representá-la,
tendo em conta a suma importância dos interesses do país. Acorda, Brasil!
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ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 03 de outubro de 2012
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