quarta-feira, 3 de outubro de 2012

"Lição" do doutor "honoris causa"

Ainda como líder sindicalista, potencial candidato ao cargo de presidente da República, pobre, “purificado” da decência e honorabilidade ínsitos dos homens ainda não ocupantes de cargos públicos e sem conhecer a força mágica e sedutora do poder nem possuir vários títulos eméritos de doutor “honoris causa”, honraria atribuída às personalidades que tenham se distinguido pelo saber ou pela atuação em prol das artes, das ciências, da filosofia, das letras ou do melhor entendimento entre os povos, o último ex-presidente da República defendia a retidão de caráter e moralidade na vida pública, a exemplo da sensata resposta à indagação de um repórter, nos idos de 1993, que gostaria de saber se ele tinha pena do ex-presidente da República alagoano, que acabara de ser destituído do cargo pelo Congresso Nacional, por prevaricação. Na ocasião, ele, muito contrito, disse, ipsis litteris: “Tenho, eu... não é que eu tenho pena, como ser humano, eu acho que uma pessoa que teve a oportunidade que aquele cidadão teve de fazer alguma coisa de bem para o Brasil, um homem que tinha respaldo da grande maioria do povo brasileiro, ou seja, e...e...e ao invés de construir um governo, construiu uma quadrilha como ele construiu, me dá pena porque deve haver qualquer sintoma de debilidade no funcionamento do cérebro do Collor... Efetivamente eu fico com pena porque eu acho que o povo brasileiro esperava que essa pessoa pudesse pelo menos conduzir o país, senão a uma solução definitiva, pelo menos a indícios de soluções para os graves problemas que nós vivemos. Lamentavelmente, a ganância, a vontade de roubar, a vontade de praticar corrupção fez (cic) com que o Collor jogasse o sonho de milhões e milhões de brasileiros por terra. Mas, de qualquer forma, eu acho que foi uma grande lição que o povo brasileiro aprendeu e eu espero que o povo brasileiro em outras eleições escolha pessoas que pelo menos eles conheçam o passado político.” . Embora tivesse sido objeto de alerta pelo “sábio” líder petista de então, realmente o povo mais uma vez não aprendeu a lição quanto à necessidade da escolha de pessoas honestas, ao se atentar para o fato de que o motivo do aludido impeachment foi fichinha em relação à quadrilha do mensalão, que pôs por terra a exasperada contestação de quem viria a ser exemplo da falta de caráter e de transigência com a desonestidade, a corrupção e tudo o mais que contraria os princípios da ética e da moralidade. Não passa de pura hipocrisia o sentimento de pena a respeito de alguém que foi punido com o afastamento do poder, justamente por parte de quem foi capaz de cometer improbidades e irregularidades muito mais graves na gestão dos recursos públicos, bem mais prejudiciais aos interesses da nação, que certamente ensejariam, no mínimo, o seu impeachment. É pena que a sociedade não tenha entendido o exato sentido do alerta tão precioso sobre o expurgo dos maus políticos da vida pública, porque, se o tivesse acatado, o país teria ficado imune ao mar de lama para o qual foi conduzido com a assunção do governo petista, alheio à verdade, competência, legalidade e moralidade. Compete à sociedade resgatar os princípios salutares da democracia e rechaçar da vida pública as pessoas indignas de representá-la, tendo em conta a suma importância dos interesses do país. Acorda, Brasil!          
 
 
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 03 de outubro de 2012

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