O governo federal garantiu que os ministros tinham
sido orientados no sentido de que a sua participação na campanha eleitoral
somente deveria ocorrer após o expediente do serviço público. Nenhuma
orientação foi dada quanto à proibição do uso da máquina pública a favor do
interesse partidário, considerando que, normalmente, a própria presidente da República,
além dos ministros, assessores, seguranças, pessoal de apoio e demais membros da
comitiva viajam em transportes oficiais, com tripulação remunerada pelos cofres
públicos, por se tratar de deslocamento a serviço do Estado. No caso, o custo
da farra governamental é debitado na conta dos bestas dos contribuintes, que
assistem pacificamente o abuso com o dinheiro público. Contrariando a
orientação governamental, no primeiro turno das eleições, a presidente da
República participou, acompanhada da sua comitiva constituída de vários
ministros, assessores etc., de comícios de candidatos amigos, em pleno horário
de expediente, contrariando os princípios da administração pública. Curioso é
que o secretário-geral da Presidência afirmou: ”Tirando a presidenta, que é uma outra questão, nós, os ministros temos
tido muito rigor. No primeiro turno, todos nós fomos muito cuidadosos e vamos
continuar. Esse é um dever básico da gente: de não misturar uma coisa com a
outra”. E acrescentou: “A presidenta
foi muito clara com a gente, como sempre, liberando naturalmente os ministros
para que resguardadas as obrigações funcionais e com o cuidado de nunca usar
nada de recursos públicos, os ministros possam apoiar os candidatos que julgarem
merecedores de seu apoio agora nesse segundo turno”. Tudo que esse governo
antiético diz é pura falácia, porque os fatos falam por si sós, contrariando suas
enfáticas afirmações, como no caso em que a presidente já entra de cabeça na
campanha do segundo turno, se deslocando, na última quarta-feira, em pleno
expediente, para São Paulo, para tratar de nomes do governo federal no 2º turno.
Com ela, estavam a bordo do avião presidencial os ministros da Educação, da
Secretaria Geral da Presidência e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio,
além de assessores especiais. Desta feita, o governo esclarece que “A presidenta viajou a São Paulo para reunir-se
com o ex-presidente da República, a quem considera ‘um grande conselheiro’,
como tem feito regularmente”. Fica claro que o governo utiliza recursos públicos
para fins partidários, em gastos estranhos às finalidades de Estado, como se
ele fosse propriedade do seu partido. O governo não pode ignorar que a lei determina
que a aplicação do dinheiro público é permitida tão somente em atendimento às causas
públicas. Compete aos órgãos de controle e fiscalização porem limites aos
inadmissíveis abusos com os gastos públicos, fazendo com que os danos causados
ao erário sejam reparados e os abusos similares sejam evitados. A sociedade não
pode respaldar a prática abusiva de gastos sem o devido amparo legal, nem
permitir que sejam inobservados, de forma descarada, os salutares princípios da
administração pública. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 16 de outubro de 2012
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