terça-feira, 9 de outubro de 2012

Por compreensão na escola

Diante das críticas oriundas dos pais de outros alunos da mesma escola onde tudo teve origem, a mãe da menina criadora da página “Diário de Classe” decidiu desabafar sobre os acontecimentos, se referindo a eles como covardes e afirmando que sua filha não é “cordeirinho”. Após a ida da filha à Delegacia de Polícia se explicar, em razão dos seus comentários na rede social, ela disse que estava surpresa com as represálias de pais e alunos da escola quanto às postagens das denúncias. Ela afirmou que "A escola está mudando por causa da Isadora, por causa de sua ousadia, e todos são beneficiados com isso, pois as mudanças continuam ocorrendo, mas algumas crianças nem querem se sentar do lado dela, como se ela tivesse agredido os professores". A sua preocupação é quanto à falta de apoio dos pais dos demais alunos, que preferem se passar por cordeirinhos, não reclamando das precariedades na escola, para não ficarem de mal com a direção e com os professores, deixando de se envolver com as causas do bem do ensino dos seus filhos, cuja acomodação tende a prejudicar a conscientização sobre as melhorias pretendidas por todos. Por fim, ela deixa claro que sua filha não é criminosa, pelo fato de ter mostrado ao mundo as falhas na escola onde estuda e ter conseguido por isso melhorias nas suas instalações, não merecendo, por questão de justiça, haver desprezo pelos seus atos. A ideia do “Diário de Classe” suscitou maravilhosa oportunidade para que a sociedade pudesse discutir, de forma democrática, os problemas no âmbito das escolas, como instrumento para convocar os envolvidos à participação do entendimento quanto à necessidade da melhoria do ensino como um todo, consistindo na valorização dos professores, na qualificação do ensino, no estímulo dos alunos e no saneamento das deficiências das dependências e instalações escolares. Em se tratando da melhoria do ensino, seria conveniente que houvesse a espontânea disponibilização de todos, tendo em vista que não há, nessa luta justa, vencido em hipótese alguma, mas sim beneficiários das melhorias proporcionadas com correção ao ensino. É pena que a lição dessa inteligente garota não tenha servido para mostrar o quanto o brasileiro tem o cérebro reduzido, quando demonstra preferência pela continuação de aplausos à incompetência e à falta de gerenciamento do serviço público, em todos os níveis de governo. Este singular momento do "Diário de Classe" pode ser aproveitado como instrumento capaz para a reafirmação da sociedade, no sentido de não mais permitir que as mazelas continuem acontecendo no país, que, com raras exceções, vêm acorrendo devido ao costumeiro desmazelo na prestação dos serviços de qualidade, a exemplo da precariedade das escolas e suas instalações. Urge que a sociedade tenha sensibilidade para compreender que a união de todos tem o poder de contribuir para a consecução dos objetivos de reafirmação dos princípios democráticos, independentemente de quem teve a iniciativa da ideia, haja vista que a maior importância desse processo é o resultado das medidas adotadas, certamente em benefício de todos. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 09 de outubro de 2012

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