quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Injustificável uso de recursos públicos

A presidenta da República, enfim, participou do comício do candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, na tentativa da conquista de vaga para o petista no segundo turno na reta final da campanha. É a primeira vez que ela sobe em palanque eleitoral, para defender seu correligionário. O evento teve a presença de várias lideranças petistas, inclusive do ex-presidente petista, dos ministros da Cultura e da Educação e diversas autoridades políticas. Em seu discurso, a presidente se referiu às críticas do candidato tucano, dizendo que "Quem vai governar essa (cic) cidade é muito importante para a presidenta do Brasil. Eu estou aqui hoje metendo o bico nesta eleição porque para o Brasil São Paulo é um fato, um acontecimento. Não tem como dirigir o Brasil sem meter o bico em São Paulo". O candidato do PSDB não concorda que ela possa “meter o bico” na eleição paulistana. Segundo a presidente, São Paulo é uma cidade importante para qualquer presidente da República, o que justificaria sua presença no palanque do seu candidato, uma vez que São Paulo é a cidade que ela deve respeito e gratidão, por ter-lhe protegida e acolhida. A presença da presidente da República em comício de candidato a prefeito não encontra respaldo legal, quanto mais que o seu afastamento e o dos ministros, assessores, segurança etc. de Brasília onerou em muito os cofres públicos, com o pagamento de diárias para eles e a tripulação do avião presidencial, confirmando o já consolidado legado do seu partido sobre o uso indiscriminado do dinheiro dos bestas dos cidadãos, em proveito das causas partidárias. A presidente da República, não somente tem a obrigação de dar bons exemplos, mas, como forma de dignificar o cargo que ocupa, deveria manter a decência de não se imiscuir em campanha eleitoral senão tão somente na sua, tendo em conta que o ritual do seu importante cargo significa necessariamente poder tomar partido unicamente em nome dos brasileiros em geral, enquanto estiver no cargo, não tendo o direito de se posicionar a favor de quem quer que seja, por mais privilegiado que lhe possa parecer. O chefe de Estado que se comporta como mero cabo eleitoral de alguém perde o respeito, a dignidade, pela demonstração da pequenez do seu ato e da insignificância quanto à universalidade de país, além de mostrar o desespero, o despreparo e a insegurança do candidato, que não tem condição de sustentar, sem a ajuda de meio mundo político, a sua capacidade para o exercício do cargo pretendido. Não tem como considerar legítima a participação da presidente da República em comício de candidato de seu partido, à custa dos cofres públicos, por não ter como classificar o ato como missão oficial. Essa atitude evidencia verdadeiro ato de desmoralização e desrespeito à liturgia do dignificante cargo de presidente da República. Compete à sociedade repudiar mais essa estupidez com recursos públicos e ao Ministério Público Eleitoral apurar o abuso em comento, para as devidas sanções, sob pena de se permitir a banalização dos desmandos do país, em menosprezo às prioridades e às relevantes políticas governamentais, além do claro ferimento aos princípios éticos, morais e legais, que não podem jamais ser relegados por agentes públicos, por mais elevados que sejam seus cargos. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 04 de outubro de 2012

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