A
presidenta da República, enfim, participou do comício do candidato do PT à
Prefeitura de São Paulo, na tentativa da conquista de vaga para o petista no
segundo turno na reta final da campanha. É a primeira vez que ela sobe em
palanque eleitoral, para defender seu correligionário. O evento teve a presença
de várias lideranças petistas, inclusive do ex-presidente petista, dos
ministros da Cultura e da Educação e diversas autoridades políticas. Em seu
discurso, a presidente se referiu às críticas do candidato tucano, dizendo que "Quem vai governar essa (cic) cidade é muito
importante para a presidenta do Brasil. Eu estou aqui hoje metendo o bico nesta
eleição porque para o Brasil São Paulo é um fato, um acontecimento. Não tem
como dirigir o Brasil sem meter o bico em São Paulo". O candidato do
PSDB não concorda que ela possa “meter o
bico” na eleição paulistana. Segundo a presidente, São Paulo é uma cidade
importante para qualquer presidente da República, o que justificaria sua
presença no palanque do seu candidato, uma vez que São Paulo é a cidade que ela
deve respeito e gratidão, por ter-lhe protegida e acolhida. A presença da
presidente da República em comício de candidato a prefeito não encontra respaldo
legal, quanto mais que o seu afastamento e o dos ministros, assessores,
segurança etc. de Brasília onerou em muito os cofres públicos, com o pagamento
de diárias para eles e a tripulação do avião presidencial, confirmando o já
consolidado legado do seu partido sobre o uso indiscriminado do dinheiro dos
bestas dos cidadãos, em proveito das causas partidárias. A presidente da
República, não somente tem a obrigação de dar bons exemplos, mas, como forma de
dignificar o cargo que ocupa, deveria manter a decência de não se imiscuir em
campanha eleitoral senão tão somente na sua, tendo em conta que o ritual do seu
importante cargo significa necessariamente poder tomar partido unicamente em
nome dos brasileiros em geral, enquanto estiver no cargo, não tendo o direito
de se posicionar a favor de quem quer que seja, por mais privilegiado que lhe
possa parecer. O chefe de Estado que se comporta como mero cabo eleitoral de alguém
perde o respeito, a dignidade, pela demonstração da pequenez do seu ato e da
insignificância quanto à universalidade de país, além de mostrar o desespero, o
despreparo e a insegurança do candidato, que não tem condição de sustentar, sem
a ajuda de meio mundo político, a sua capacidade para o exercício do cargo
pretendido. Não tem como considerar legítima a participação da presidente da
República em comício de candidato de seu partido, à custa dos cofres públicos,
por não ter como classificar o ato como missão oficial. Essa atitude evidencia
verdadeiro ato de desmoralização e desrespeito à liturgia do dignificante cargo
de presidente da República. Compete à sociedade repudiar mais essa estupidez
com recursos públicos e ao Ministério Público Eleitoral apurar o abuso em
comento, para as devidas sanções, sob pena de se permitir a banalização dos
desmandos do país, em menosprezo às prioridades e às relevantes políticas
governamentais, além do claro ferimento aos princípios éticos, morais e legais,
que não podem jamais ser relegados por agentes públicos, por mais elevados que
sejam seus cargos. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 04 de outubro de 2012
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