Em
entrevista veiculada pela Globo News, o ex-presidente da República petista, entre outros fatos inverossímeis, negou que tivesse pressionando a sua pupila a trocar o comando do
Ministério da Fazenda, para pôr no lugar do titular pessoa da sua confiança.
Ele
disse que "Somente a Dilma é que
sabe (sobre eventual troca na pasta). Eu
estou vendo muito boato, muita bobagem. Eu não gostaria (que Levy saísse). Eu, às vezes, vejo coisa escrita que eu fico
pasmo. 'O Lula quer tirar o Levy'. Eu não quero tirar o Levy nem quero
colocá-lo. O Levy e o ministro da
Fazenda é (sic) um problema da
presidenta Dilma. Você sabe por que eu fiquei cinco anos sem dar entrevista? É
porque um ex-presidente precisa tomar muito cuidado para não dar palpite. É
como se um ex-marido fosse aconselhar o atual marido a como cuidar da mulher. O
ex-presidente não pode agir assim".
O
petista voltou a dizer que a presidente do país cometeu erros. Entre eles, está
o fato de ela ter dito, durante a campanha eleitoral, que não tomaria
determinadas medidas, mas, após detectar a crise econômica, fez exatamente
aquilo que teria dito que não seria capaz de fazer.
Ele
disse que "Nós cometemos erros. (...)
Ela (a presidente) percebeu que estava saindo mais água da
caixa do que entrando. Daí a contradição do discurso da campanha com o que ela
está fazendo. Mas ela teve o compromisso de manter (o ajuste)".
O
ex-presidente insistiu que não opina nas decisões tomadas pela presidente,
tendo afirmado que não quer "ficar
dizendo o que ela tem que fazer".
Vejam o que ele foi
capaz de dizer: "Eu não converso
(para opinar) por respeito. A Dilma foi eleita, ela tem responsabilidade
de mudar o seu governo, ela tem responsabilidade de governar".
O certo é que as vindas constantes do ex-presidente
a Brasília, sempre para se encontrar, às pressas e com emergência, com a
mandatária da nação, desmentem de forma cabal as negativas dele de que não tem
ingerência na governança do país. A título de exemplo dessa assertiva tem-se a
recente reforma ministerial, quando ele contribuiu com a célebre frase, mais ou
menos assim: “é preferível perder cargos que a República”, em clara alusão de
que o governo deveria abrir mão de cargos importantes para o PMDB, para
assegurar o seu apoio no Congresso Nacional, principalmente com vistas à
blindagem contra a abertura do processo de impeachment dela.
Também não se pode olvidar a substituição do
ministro da Casa Civil, por pessoa de sua ligação pessoal, tudo reafirmando a sua
poderosa influência dentro do Palácio do Planalto, onde seus laços de mando
ainda se encontram apertados e fincados de forma indissolúvel nas estruturas do
poder.
Quando
o petista afirma que não tratou da substituição do titular da Fazenda com a
presidente, ele mostra desconhecer a recente declaração da própria presidente,
que disse que respeita a opinião dele, mas que o ministro da Fazenda fica onde
está? Ou seja, ela foi enfática, ao dizer: "Eu não só gosto do presidente Lula como o respeito, e isso é público e
notório. Mas nós não concordamos e não temos de concordar em tudo. A minha
avaliação do ministro Levy, eu repito mais uma vez. Eu considero o ministro
sobretudo um grande servidor. Ele tem compromisso com o país, com a estabilidade
do país".
Se
for verdade o que a presidente do país disse, em recente entrevista, confessando
que tem muito respeito ao seu padrinho político, mas o ministro da Fazenda vai
permanecer onde se encontra, dando a entender que não atenderia ao pedido de
substituição do titular daquela pasta, então o ex-presidente mente agora na
entrevista, ao afirmar que não pediu a cabeça do mencionado ministro.
O
certo é que não fica bem para homem público deixar de assumir seus atos ou
distorcê-los por pura conveniência política, porque, no caso, a negativa do
petista implica dizer que a presidente do país também estaria mentindo, inventando
história, ao dizer que respeita e gosta do ex-presidente, mas não iria atender
o seu pleito.
Por
seu turno, o ex-presidente perdeu excelente oportunidade para dizer, na
entrevista, toda verdade sobre os fatos, à vista de somente ter dito que a sua
pupila mentiu delirantemente para os brasileiros, ao afirmar que não faria nada
que somente seus adversários seriam capazes de fazer.
O
pior é que as mentiras da presidente ajudaram a reelegê-la e isso configura
crime da maior gravidade, porque a falta de verdade, confirmada logo em seguida
ao pleito, contribuiu para tornar ilegítima a conquista dela, por força de
ardis não condizentes com os princípios da dignidade, da honestidade, do decoro
e da liturgia de tão relevante cargo de mandatário do país, o que vale dizer
que houve estelionato eleitoral, uma vez que os eleitores foram enganados e
iludidos na sua ingenuidade, sendo ludibriados com falsas promessas de campanha,
que são imperdoáveis, à vista de haver beneficiamento e vantagem indevidos,
quando muitos acreditaram em mentiras, em prejuízo dos interesses dos demais
candidatos, que foram acusados injustamente por quem tem o dever constitucional
e legal de somente dizer a verdade.
Diante
dos fatos perturbadores contrários aos interesses e às conveniências do ex-presidente,
por envolverem diretamente a sua pessoa e alguns familiares seus, no caso específico
da investigação sobre possível tráfico de influência internacional, até parece
que a entrevista veio a calhar, na tentativa de mostrar uma pessoa do petista bem
diferente do que vem sendo mostrada na mídia, totalmente comprometida com a
situação desastrosa que se encontra a nação.
Veja-se
que, da sua cota de responsabilidade, a presidente do país encontra-se cada vez mais sem credibilidade
diante da opinião pública e dos investidores, comprometendo ruidosamente a
estabilidade das estruturas da administração pública e do país, à vista da
demonstração de incapacidade gerencial para contornar as crises política,
econômica e administrativa, que são gravíssimas e insuperáveis, em curto prazo,
conforme mostram os fatos, principalmente quanto ao rombo das contas públicas,
fruto da irresponsável gastança do governo, que não teve o mínimo cuidado de
observar os limites prudenciais previstos nas salutares Leis de
Responsabilidade Fiscal e de Diretrizes Orçamentárias, que mandam gastar
somente o dinheiro existente nos cofres públicos.
Convém
que os brasileiros se conscientizem, com a devida urgência, sobre a verdadeira índole
dos homens públicos que estão comandando os destinos da nação, cada vez mais em
dissonância com os princípios da ética, moralidade, dignidade e honestidade, que
jamais deveriam oscilar ao sabor das conveniências e dos interesses pessoais
e partidários, em contrariedade às causas nacionais. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 22 de novembro de 2015
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