O presidente da Câmara dos Deputados reagiu com
extrema indignação acerca da decisão da bancada do PSDB sobre o rompimento com
ele, que imediatamente descarregou sua fúria sobre o vice-líder da bancada
tucana.
Segundo testemunhas, o presidente da Câmara teria chamado
o PSDB de "ingrato" e disse
que a oposição jogou fora a oportunidade de ver aberto o processo de
impeachment contra a presidente da República.
A par de ter "metralhado" os tucanos com rajada
de adjetivos negativos, conforme relato de testemunhas, a avaliação do
peemedebista é de que os tucanos foram ingratos, porque a oposição nunca ganhou
tanto protagonismo numa legislatura como agora.
Ele disse que a oposição foi contemplada com espaço na
Mesa Diretora, com funções de destaques nas CPIs e votações de interesse das
bancadas oposicionistas e amplo palanque no plenário para atacar e derrotar o
governo.
Aliados do presidente da Câmara disseram que ele ficou
"enfurecido" e "revoltado" com a postura do PSDB. Um
deputado disse que "O Eduardo Cunha
reagiu com indignação. Achou um absurdo". Esse mesmo parlamentar disse
que, no último encontro com o peemedebista, o PSDB teve postura diferente da
anunciada agora. Ele acha que é incerto o anúncio sobre o novo rito para o
processo de impeachment, como havia prometido: "Acho que foi mal (a ruptura)
porque, no meu ponto de vista, abriram mão do impeachment. Jogaram o Cunha no
colo do PT".
Outro congressista próximo do presidente da Câmara
criticou o afastamento dos tucanos, dizendo que "O Cunha estava escolhendo o melhor caminho para se salvar. Chega na
hora do Cunha decidir e o PSDB pula do barco? Entrega ele ao PT?".
Os oposicionistas estavam insatisfeitos com a postura
ambígua do peemedebista sobre a abertura do processo contra a petista. Segundo
líderes de oposição, toda semana o presidente da Câmara dava sinais de que
poderia deferir o pedido de afastamento da presidente do país, mas ficava
apenas nisso, sem convicção e firmeza quanto à decisão nesse sentido. Um
oposicionista reclamou da “enrolação”
do peemedebista, alegando que "Ele
sempre acena com a possibilidade" e fica assim.
Causa extrema perplexidade o cidadão criminoso
confesso, por manter dinheiro em banco estrangeiro de forma absolutamente
irregular, fruto de propina, e ainda por sequer o ter declarado às autoridades
fiscal e bancária do país, ficar possesso e furioso contra o partido que se
declarou independência dele, em demonstração de ética e moralidade, depois de
ter ficado insustentável a situação dele, exatamente por não ter clímax para a
manutenção da aliança, que era verdadeira excrescência, ferindo de morte os
princípios da ética, da moral, da dignidade e do decoro.
Trata-se de situação bastante degradante para o país
se perceber que homem público, ocupante de cargo público eletivo de altíssima
relevância da República, achar-se no direito de merecer sequer o mínimo de
respeito, por ter afrontado gravemente os princípios parlamentares do decoro e da
dignidade, ao se envolver em casos de corrupção, consistente no recebimento de
dinheiro fruto de fraude em contratações de entidades públicas.
Há especificamente a caracterização de ato infamante
com a continuidade desse cidadão no comando da Câmara dos Deputados,
evidenciando a sua completa desmoralização e ainda apequenando em muito a
representatividade parlamentar, que exige a maior dignidade do homem público,
por se tratar da Casa que tem a competência privativa para a aprovação das
normas constitucional e legal, de suma importância para o desenvolvimento
republicano e democrático.
Não faz o menor sentido, por não haver a mínima
justificativa, que um cidadão que tenha cometido crime grave contra a pátria
mereça qualquer forma de apoio, em troca da possível disposição dele de abrir
processo de impeachment da presidente do país, porque uma coisa não tem nada a
ver com a outra, porque isso funcionaria como verdadeira chantagem que não
condiz com os princípios da dignidade e da honestidade.
Compete ao presidente da Câmara decidir sobre a
abertura do processo de impeachment da presidente do país, independentemente da
situação que ele seja honesto ou não, porque são casos distintos,
principalmente o dele, que diz respeito à pessoa física, que não pode se
confundir com o interesse público, em que pese ter sido indevidamente tratado
dessa forma.
Urge que os brasileiros se conscientizem sobre a
necessidade de recriminar e repudiar, com a maior veemência, as manobras
protagonizadas pelos inescrupulosos homens públicos, que, a par de não terem o
menor escrúpulo e zelo com a coisa pública, conforme os fatos evidenciados no
cotidiano, confundem sistematicamente os interesses privados com os públicos, sempre
na tentativa de tirar proveito pessoal ou partidário, como no caso em comento.
Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 17 de
novembro de 2015
Nenhum comentário:
Postar um comentário