terça-feira, 17 de novembro de 2015

Lamentável indignidade


O presidente da Câmara dos Deputados reagiu com extrema indignação acerca da decisão da bancada do PSDB sobre o rompimento com ele, que imediatamente descarregou sua fúria sobre o vice-líder da bancada tucana.
Segundo testemunhas, o presidente da Câmara teria chamado o PSDB de "ingrato" e disse que a oposição jogou fora a oportunidade de ver aberto o processo de impeachment contra a presidente da República.
A par de ter "metralhado" os tucanos com rajada de adjetivos negativos, conforme relato de testemunhas, a avaliação do peemedebista é de que os tucanos foram ingratos, porque a oposição nunca ganhou tanto protagonismo numa legislatura como agora.
Ele disse que a oposição foi contemplada com espaço na Mesa Diretora, com funções de destaques nas CPIs e votações de interesse das bancadas oposicionistas e amplo palanque no plenário para atacar e derrotar o governo.
Aliados do presidente da Câmara disseram que ele ficou "enfurecido" e "revoltado" com a postura do PSDB. Um deputado disse que "O Eduardo Cunha reagiu com indignação. Achou um absurdo". Esse mesmo parlamentar disse que, no último encontro com o peemedebista, o PSDB teve postura diferente da anunciada agora. Ele acha que é incerto o anúncio sobre o novo rito para o processo de impeachment, como havia prometido: "Acho que foi mal (a ruptura) porque, no meu ponto de vista, abriram mão do impeachment. Jogaram o Cunha no colo do PT".
Outro congressista próximo do presidente da Câmara criticou o afastamento dos tucanos, dizendo que "O Cunha estava escolhendo o melhor caminho para se salvar. Chega na hora do Cunha decidir e o PSDB pula do barco? Entrega ele ao PT?".
Os oposicionistas estavam insatisfeitos com a postura ambígua do peemedebista sobre a abertura do processo contra a petista. Segundo líderes de oposição, toda semana o presidente da Câmara dava sinais de que poderia deferir o pedido de afastamento da presidente do país, mas ficava apenas nisso, sem convicção e firmeza quanto à decisão nesse sentido. Um oposicionista reclamou da “enrolação” do peemedebista, alegando que "Ele sempre acena com a possibilidade" e fica assim.
Causa extrema perplexidade o cidadão criminoso confesso, por manter dinheiro em banco estrangeiro de forma absolutamente irregular, fruto de propina, e ainda por sequer o ter declarado às autoridades fiscal e bancária do país, ficar possesso e furioso contra o partido que se declarou independência dele, em demonstração de ética e moralidade, depois de ter ficado insustentável a situação dele, exatamente por não ter clímax para a manutenção da aliança, que era verdadeira excrescência, ferindo de morte os princípios da ética, da moral, da dignidade e do decoro.
Trata-se de situação bastante degradante para o país se perceber que homem público, ocupante de cargo público eletivo de altíssima relevância da República, achar-se no direito de merecer sequer o mínimo de respeito, por ter afrontado gravemente os princípios parlamentares do decoro e da dignidade, ao se envolver em casos de corrupção, consistente no recebimento de dinheiro fruto de fraude em contratações de entidades públicas.
Há especificamente a caracterização de ato infamante com a continuidade desse cidadão no comando da Câmara dos Deputados, evidenciando a sua completa desmoralização e ainda apequenando em muito a representatividade parlamentar, que exige a maior dignidade do homem público, por se tratar da Casa que tem a competência privativa para a aprovação das normas constitucional e legal, de suma importância para o desenvolvimento republicano e democrático.
Não faz o menor sentido, por não haver a mínima justificativa, que um cidadão que tenha cometido crime grave contra a pátria mereça qualquer forma de apoio, em troca da possível disposição dele de abrir processo de impeachment da presidente do país, porque uma coisa não tem nada a ver com a outra, porque isso funcionaria como verdadeira chantagem que não condiz com os princípios da dignidade e da honestidade.
Compete ao presidente da Câmara decidir sobre a abertura do processo de impeachment da presidente do país, independentemente da situação que ele seja honesto ou não, porque são casos distintos, principalmente o dele, que diz respeito à pessoa física, que não pode se confundir com o interesse público, em que pese ter sido indevidamente tratado dessa forma.
Urge que os brasileiros se conscientizem sobre a necessidade de recriminar e repudiar, com a maior veemência, as manobras protagonizadas pelos inescrupulosos homens públicos, que, a par de não terem o menor escrúpulo e zelo com a coisa pública, conforme os fatos evidenciados no cotidiano, confundem sistematicamente os interesses privados com os públicos, sempre na tentativa de tirar proveito pessoal ou partidário, como no caso em comento. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 17 de novembro de 2015

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