terça-feira, 24 de novembro de 2015

A República dos antiéticos e da incompetência


Diante das circunstâncias, depois que a situação se tornou incontrolável, os deputados do círculo da proximidade do presidente da Câmara dos Deputados vêm conversando e se articulando sobre a melhor maneira de convencer o peemedebista a arranjar, para o bem de todos, “saída alternativa” e até honrosa, para evitar a cassação do seu mandato no Conselho de Ética.
Os aliados do peemedebista se manifestaram favoráveis que ele renuncie à presidência da Casa, como tentativa para preservar seu mandato e se defender no citado conselho “apenas como mais um deputado”, à vista da existência de dezenas de outros também investigados no esquema de corrupção da Petrobras e que ainda nem foram denunciados.
A insistência dos amigos coincide com o momento delicado em que o peemedebista perdeu o benefício da dúvida, depois de ele ter apresentado defesa capenga e sem a menor consistência, ensejando a alternativa de afastamento como a maior força, principalmente porque também cresceu, de forma assustadora, o incômodo entre os que se acham desgastados e intimidados com o apoio a quem não conseguiu, mesmo que minimamente, refutar as acusações de ter se beneficiado de esquema de corrupção, que é completamente incompatível com a relevância do cargo da Presidência da Câmara.
Alguns deputados entendem que, se o pemedebista se afastar da direção da Câmara, ele irá para a “vala comum” e se junta a outros parlamentares que estão na mesma situação, fato que poderá facilitar acordo de preservação do mandato, que seria importante para ele, para assegurar a manutenção do foro privilegiado, que, se perdido, tanto ele como a sua mulher e a sua filha correm o risco de ser julgados pela Justiça Federal, em Curitiba, cujo juiz tem mostrado implacável contra os atos de corrupção.
Em uma análise fria, pode-se concluir facilmente que situação do peemedebista é delicada e se complica cada dia, havendo os menos otimistas que entendem que a renúncia à Presidência da Câmara não é garantia de que haverá a segura salvação dele no Conselho de Ética.
O certo é que o desgaste que o presidente da Câmara vem contabilizando, principalmente diante da opinião pública, que não perdoa corrupção com dinheiro público, ganhou enorme dimensão e, por via de consequência, o apoio dos amigos vem ficando cada vez mais rarefeito e escasso, mas parece que ele prefere insistir em se manter na briga e continuar à frente daquela Casa, como se ele realmente estivesse ainda em condições de conduzir manobras perigosas, como tem sido o seu feitio, de quem já foi muito forte e poderoso.
Também é certo que o processo para se apurar a quebra do decoro parlamentar deverá seguir normalmente e as pressões e cobranças da sociedade estão contribuindo para que os amigos do peemedebista se conscientizem sobre a adoção de medidas que sejam melhores para o interesse do país.
Com certeza, se o Brasil fosse um país mesmo com pouca seriedade, qualquer caso considerado irregular, envolvendo corrupção com dinheiro público, seria imediatamente enquadrado na forma da lei e o envolvido tratado como criminoso, até se provar em contrário.
Em se tratando de ocupante de cargo público eletivo, ele já teria sido afastado do cargo imediata e automaticamente à revelação do fato delituoso, a exemplo do que acontece com o presidente da Câmara dos Deputados, que já deveria ter sido afastado, há muito temo desse cargo, cujas provas o incriminam, por não deixarem a menor dúvida de que os crimes por ele praticados já seriam mais do que suficientes para que ele já não tivesse sido somente afastado do relevante cargo, como também julgado e condenado por tantos malefícios causados à sociedade.
É lamentável que ele ainda esteja sendo acobertado e protegido por parlamentares considerados "representantes" logo do povo, que termina sendo indiretamente cúmplice com as graves irregularidades praticadas pelo peemedebista, que fica usando o cargo para driblar as leis e as autoridades do país, em indevido uso da máquina pública, por se beneficiar do tráfico de influência.
O país constituído por estrutura podre como o Congresso Nacional, conforme mostram os fatos em comento, em que integrante de importante poder da República insiste em permanecer no cargo para se livrar da perda do mandato, da prisão e da reparação pelos crimes praticados, realmente não merece a mínima credibilidade, que ainda tem a presidente da República suspeita de ter cometido crime de responsabilidade fiscal, à vista das práticas de pedaladas fiscais, que consistem na maquiagem dos resultados das contas públicas, ou seja, gastança muito além do dinheiro em caixa, com infringência das normas de administração orçamentária e financeira, em contrariedade, em consequência, aos limites previstos nas Leis de Responsabilidade Fiscal e de Diretrizes Orçamentárias, tudo isso mostrando o verdadeiro caos na administração do país.
Os brasileiros precisam se conscientizar sobre a premência de reflexão acerca dos rumos desastrosos para os quais o país está sendo conduzido e exigir que os homens públicos tenham o máximo de sensibilidade quanto à necessidade da governabilidade da nação com extrema responsabilidade, competência e eficiência, sobretudo, em estrita observância dos salutares princípios da ética, moral, legalidade, transparência e dignidade, que devem imperar na administração pública séria e voltada exclusivamente para a satisfação das necessidades públicas e do bem comum, com embargo dos conchavos e das maracutaias que se sucedem às claras, normalmente visando ao atendimento de intesses pessoais e partidários, em evidente detrimento das causas nacionais. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 24 de novembro de 2015

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